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Curiosidades Amazônicas

As maravilhas do Amazonas e os encantos do idioma amazonês

Confira artigo sobre as maravilhas do Amazonas, escrito pelo desembargador Edmilson Antônio Lima, do TRT da 9ª Região (Paraná).

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As maravilhas do Amazonas e os encantos do idioma amazonês

Texto por *Des. Edmilson Lima em 7 de outubro, sexta-feira, de 2016 

Sexta-feira!
Só pra variar…

Quase fim de expediente; fim de semana chegando.

Por esses lados do Brasil, estamos em plena primavera, mas com frio e chuva (teve até granizo!) que faz parecer que o inverno se recusa a ir embora.

De qualquer forma, já dá para pensar no verão e nas férias de fim de ano. E aí não tem como eu deixar de sonhar com o meu querido estado do Amazonas, onde o verão domina o ano inteiro, com sol inclemente revezando-se com chuvas torrenciais. Além dos grandes rios que rasgam a Amazônia na horizontal (Rios Negro e Solimões, que juntos formam o Rio Amazonas e o espetáculo do Encontro das Águas), temos o grande rio que corre verticalmente, de cima para baixo, de forma intermitente, o ano inteiro: as chuvas amazônicas, que muitas vezes se parecem com cachoeiras que se espalham pela grande e bela Manaus, aliviando um pouco o calor, mas que logo volta a reinar por aquelas bandas.

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Se é verdade que Deus é brasileiro, então provavelmente Ele nasceu e morou muito tempo na Amazônia, certamente no estado do Amazonas, e especialmente em Manaus, pois toda essa vasta região nortista, estado (São Gabriel da Cachoeira, Barcelos, Manacapuru, Itacoatiara, Parintins, Presidente Figueiredo etc) e a capital amazonense são abençoados por Deus e bonitos por natureza. Flora e fauna incríveis, rios, floresta, frutas exóticas e saborosas, comidas deliciosas, e Ele ainda teve o cuidado de povoar esse paraíso terrestre com uma gente hospitaleira, alegre e trabalhadora!

Lembrando de tudo isso, chego a ter saudade de coisas que são simples e cotidianas aos manauaras, como tambaqui assado na brasa, baião de dois, caldeirada de tucunaré, pirarucu de casaca, jaraqui frito, tucunaré a escabeche, guisado de tracajá, mixira, pirão, pato no tucupi, suco de cupuaçu ou de graviola, sorvete de tapioca, tapioca recheada de queijo e presunto, abacaba, abiu, sorva, açaí, pupunha, tucumã, taperebá, guaraná Baré, e de tantas outras delícias amazonenses. Vou deixar de fora dessa lista o tacacá e a pimenta murupi, pois já sofri com eles…

Dá saudade também da forte toada dos Bois Bumbás Garantido e Caprichoso. Não tenho preferência especial por nenhum dos dois, pois ambos são ótimos, oferecendo-nos lindos espetáculos de música, dança, imagens, cores, coreografia, ritmos, fortes emoções que vêm da bela ilha de Parintins e ecoam por toda a Amazônia. Acho que sou “Capritido” ou “Garanchoso”, sei lá. Mas também gosto das músicas do grupo Raízes Caboclas e de David Assayag, e aqui do estado do Paraná de vez em quando eu ouço as suas músicas, já que eu tenho muitos CD’s desses e outros grandes artistas amazonenses.

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Saudade de gente querida, bonita, alegre e inteligente, como os meus queridos amigos e amigas Graça Marinho, Francisca Rita, David Mello Jr., Maria de Fátima Neves, Eleonora, Lairto, Ormy, Jorge Álvaro, Ruth Sampaio, Solange, Dr. Marinho, Dr. Armando, Dr. Braga, Dra. Vera (assim eu os chamo, apesar de que todos os outros também são doutores), todos eles Magistrados de primeira grandeza, só para citar alguns deles com os quais tive a honra de trabalhar e o prazer de conviver e aprender muita coisa boa que carrego comigo para a vida inteira. Também não posso deixar de citar outros amigos queridos, como Dr. Álvaro e D. Adalgiza (meus pais amazonenses), Dr. Márcio Sordi, Dr. Higino, Dra. Luciana Souza, Dr. Láedio, Péricles, Marinei, Raimundo Feitosa, Janete, Frank, D. Alberta, e tantas outras figuras queridas e maravilhosas daquele paraíso brasileiro.

Mas para quem conhece o grande estado do Amazonas, a bela e quente Manaus, os seus filhos hospitaleiros e alegres, além daquelas maravilhas da natureza, uma coisa chama a atenção e fascina de forma especial: o linguajar amazonense, o “amazonês”! O saudoso escrito Saramago dizia que há muitos idiomas dentro da Língua Portuguesa. E é verdade! Temos o “gauchês” (Tchê!, Bah!, trilegal, guri, …), o “paulistanês” (Orra, meu!, Oh, louco!, mano, …), o “carioquês”, o “cearês”, e até mesmo o “curitibanês” (vina – salsicha; penal – estojo; mala – mochila, bolsa de escola; cozido – bêbado, embriagado; piá – garoto, guri, curumim; piá de prédio – menino que só vive em edifícios residenciais; gasosa – refrigerante barato; mimosa – tangerina; Capaz! – interjeição de surpesa, equivalente a “É sério?” ou a “Será verdade?”; jacú – caipira, cafona, …).

A riqueza do linguajar, das expressões e das palavras que são mencionadas naturalmente pelos amazonenses, no dia a dia, são admiráveis e também curiosas para os irmãos brasileiros de outros rincões.

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De acordo com Sérgio Freire, doutor em linguística, a linguagem amazonense tem três influências: a nordestina, a indígena e a portuguesa. Esta última é herança dos colonizadores europeus que chegaram ao Amazonas na primeira metade do século 16. Por conta dos portugueses, os amazonenses também puxam o “S” e o “R”, como os irmãos cariocas: “porrrque” e “mixxxto quente” são os seus exemplos clássicos.

Maninha, ralhar, leso (léso), bodozal, triscar e ralhava estão entre as expressões regionais.

“Comeu jaraqui, não sai mais daqui”. Quem nunca ouviu ou falou essa frase em Manaus? Já faz parte do patrimônio cultural manauara.

As maravilhas do Amazonas e os encantos do idioma amazonês

Centro de Manaus / Foto : Divulgação

Em 2012, Freire lançou a segunda edição de livro “Amazonês”, com expressões regionais. Confira alguns termos usados na obra literária e também outras que menciono de memória:

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Aperrear: aporrinhar, chatear;
Acochar: agarrar alguém com intenções sexuais;
Agoniado: nervoso, agitado;
Amuado: emburrado, mal-humorado;
Baitola: homem que gosta de namorar homem;
Banzeiro: pequena onda que se forma nos rios amazônicos por causa do movimento dos barcos semelhante à onda do mar;
Carapanã: pernilongo;
Cortar: falar mal de alguém;
Curuba: ferida que demora a sarar;
Cruzeta: cabide;
Caba: marimbondo;
Canjica: doce conhecido por aqui como curau de milho;
Eita pau!/ Eita porra!: expressão de espanto, admiração;
Jerimum (é com J mesmo): abóbora;
Kikão: cachorro-quente;
Lavar urubu: estar desempregado;
Leso: bobo, tonto, idiota;
Macaxeira (é com X mesmo): mandioca; aipim;
Mangarataia: gengibre;
Mungunzá: doce conhecido por aqui como canjica de milho:
Osga: lagartixa;
Pipo: chupeta;
Pitiú: cheiro desagradável, geralmente ligado a peixe;
Porreta!: expressão de satisfação, de alegria;
Puta Teba!: expressão ligada à insatisfação, descontentamento;
Quenga: prostituta;
Se mancar: se tocar;
Taberna: vendinha;
Tacacá: mingau quase líquido de goma de tapioca temperado com tucupi, jambu, camarão e pimenta;
Uarini: farinha amarela de grãos grandes;
Vexado: envergonhado, apressado, tímido.

De bubuia
Quando se está descansando, sem fazer nada, diz-se “estou só de bubuia”.

Até o Tucupi
Expressão utilizada para dizer que alguém ou algum lugar está cheio de algo. Frase: “Esse bar está até o tucupi de gente”.

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Pai D’égua
A expressão significa algo muito bom.

Que só
Muito usada no Amazonas, a expressão “que só” é uma locução adverbial de intensidade. Quando questionado “esse lugar está legal?”, por exemplo, a resposta pode ser “está legal que só”, em vez de “está muito legal”.

Chibata no balde
Expressão usada para dizer que algo é muito bom. “A Copa em Manaus está chibata no balde”, por exemplo.

Leseira baré
Quando o amazonense faz uma besteira, nada é mais comum do que classificar como “leseira baré”. A expressão pode indicar ainda lerdeza, dizer que a pessoa é “lesa” ou “abestalhada”.

Maceta
“Pô, o Rio Amazonas é maceta” nada mais é do que falar sobre a imensidão do maior rio de água doce do mundo. Maceta é uma das expressões mais usadas no estado, significando “muito grande”. O oposto, algo pequeno, também tem um nome no amazonês: “gitinho”.

Maninha
Quem vem a Manaus logo diz que se sente acolhido pelos moradores locais, como se fossem todos uma grande família. Na verdade, o amazonense tende mesmo a tratar todos como irmãos ao usar a expressão “mana” com qualquer pessoa, até mesmo com quem não conhece. E a maneira mais carinhosa também é popular: há “maninhos” e “maninhas” por todo canto.

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Requengelo
Uma pessoa ou lugar desarrumada é logo chamada de “requengelo”.

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Vô mermo (“vô merrrmo”)
Uma maneira mais animada de dizer “vou mesmo”, geralmente usada com a entonação indicando algo óbvio. Por exemplo, é como perguntar ao amazonense “você vai ao Bar do Armando hoje?” e receber a resposta “vô meeermo!”.

Pomba lesa
Não basta dizer que alguém fez uma “leseira baré”: se a pessoa costuma cometer muitas besteiras, ela é “pomba lesa”. Pode ser usada também para indicar alguém imaturo, que não pensa no que faz.

Empachado
Sabe quando você come muito e sente que está bem cheio? No Amazonas, esta sensação ganha o nome de “empachado”.

Tu é leso, é?
Sim, “leso” é uma das palavras mais usadas pelos amazonenses. E quando alguém faz uma besteira, na hora de indagar, a expressão ganha uma sonoridade diferente: “tu é leso, é?”. No interior a expressão é ainda mais forte: “tá será leso, maninho?”.

Galeroso
Em diversos lugares do Brasil, ter uma “galera” é algo bom. Indica ter amigos, pertencer a uma tribo. No entanto, no Amazonas, “galeras” são grupos rivais geralmente ligados a crimes. Ser “galeroso” é como ser um “mau elemento”, ou até mesmo alguém brigão.

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Fuleiro
Sabe aquele cara que perde o amigo mas não perde a piada? Pois é, esse pode ser considerado um cara “fuleiro”. Pessoa que costuma sacanear com o outro sem medir as consequências.

Presepada
Quando alguém costuma fazer coisas malucas, “palhaçadas”, isto é chamado de “presepada”. É como chegar na casa da avó com o cabelo verde e a senhora perguntar “mas menino, que presepada é essa que você fez no cabelo?”.

Curumim
Do tupi, “curumim” é o menino indígena. Em Manaus, qualquer criança é chamada de “curumim” ou “cunhantã”, o feminino da expressão.

E por aí vai…
Bom fim de semana a todos!
Abraços aos queridos irmãos e amigos amazonenses!

*Des. Edmilson Lima – Paranazonense – TRT PR – da nublada e chuvosa Curitiba-PR, em 07.10.2016

O magistrado foi juiz do trabalho no TRT da 11ª Região, em 1987, depois de aprovado em primeiro lugar no concurso. Após atuar em Manaus por três anos, prestou novo concurso e passou a integrar o quadro de juízes do trabalho do Paraná, em maio de 1990. O artigo é do dia 7 de outubro, sexta-feira.

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Des. Edmilson Lima em visita de cortesia à presidente do TRT11, Des. Maria das Graças Alecrim Marinho, em set 2016 / Foto : Divulgação

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Sou o idealizador do No Amazonas é Assim e um apaixonado pela nossa terra. Gravo vídeos sobre cultura, comunicação digital, turismo e empreendedorismo além de políticas públicas.

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