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Os bois Caprichoso e Garantido protagonistas do Festival de Parintins, promovido pelo Governo do Amazonas, o qual, este ano, acontece nos dias 28, 29 e 30 de junho, desde o século 20 escrevem uma história repleta de misticismo e religiosidade. Com a criação de cada boi, em 1913, seus respectivos criadores decidiram que os bumbás precisavam de uma casa para servir de palco para as apresentações e brincadeiras com o público. Antigamente, os bumbás se revezavam nas residências de brincantes da Ilha Tupinambarana, mas no final da década de 90 ganharam uma casa oficial, nomeada de “curral”.
O Curral do Boi Caprichoso, nomeado de ‘Zeca Xibelão’, foi fundado no ano de 1992, na gestão do presidente Ray Viana. O terreno, que pertencia ao Zeca Brasil foi doado pelo prefeito de Parintins, Gláucio Gonçalves.
O nome Zeca Xibelão foi sugerido pelo ex-presidente do Boi Caprichoso, João Andrade, em homenagem ao primeiro tuxaua da história do boi azul e branco. No contexto do Festival de Parintins, os ‘tuxauas’ são brincantes que representam os chefes dos povos indígenas por meio de indumentárias que simbolizam o cocar alegórico.
No ano de 1999, iniciaram-se as obras de modernização que marcaram importantes mudanças no espaço físico do curral, uma conquista realizada pelo então presidente Joilto Azedo. A modernização incluiu camarins, banheiros, palcos e outros espaços. No decorrer das últimas décadas, várias reformas foram feitas, incluindo novos espaços e acessibilidade a este importante templo de lutas, resistência e revolução.
“O Curral do Caprichoso funciona para brincantes, simpatizantes e itens. É onde acontecem os ensaios das tribos, marujada e os ensaios gerais. O nome dele já carrega um significado muito grande, porque é nome do primeiro tuxaua. Sem a rivalidade não tem como seguir algumas regras. Por exemplo, no Contrário não entramos com a cor azul e aqui não entram de vermelho. Isso aqui simboliza uma coisa muito forte, principalmente para mim, que sou torcedora e já moro aqui, praticamente”, falou a diretora do Curral Zeca Xibelão, Dora Pereira.
Na entrada do Curral Zeca Xibelão está posicionada uma grande escultura do ‘Touro Negro da América’, recepcionando sua galera azul e branca. O curral conta, ainda, com um palco no centro do espaço, onde acontecem as apresentações, ensaios, festas e outras tradições do bumbá ao longo do ano.
O local, que está aberto para visitação todos os dias, das 8h até o fim dos ensaios noturnos, também tem o ‘Museu do Caprichoso’, espaço que reúne um pouco da história do boi azul e branco por meio de fotos e indumentárias usadas por itens em apresentações.
À noite, os visitantes podem aproveitar a lojinha de artesanato, situada na parte esquerda do curral, onde podem adquirir lembranças e produtos oficiais do Boi Caprichoso. Esta lojinha funciona das 20h30 às 23h, durante a semana, e das 21h às 00h, nos fins de semana.
O Curral Lindolfo Monteverde, casa do Boi Garantido, está localizado dentro de um complexo arquitetônico chamado ‘Cidade Garantido’, no reduto vermelho e branco de Parintins, no lado oeste da cidade. O bumbá tem dois currais de referência, um histórico, conhecido como Curralzinho do Garantido, e o outro mais atual.
“O Curral se consolida como um local de concentração, de ensaio e de união das tribos e brincantes. Ele assume uma importância, porque ele agrega muitas pessoas. Você chegar a Parintins e ouvir falar do Curral do Garantido, já sabe que é um local muito além de ensaios, mas que oferece uma infraestrutura. Ele foi construído na década de 90 e se formou esse ambiente sociocultural de muito prestígio”, destacou o membro da Comissão de Artes do Garantido, Dé Monteverde.
O Curralzinho do Garantido fica situado no bairro de São José, mais precisamente na Baixa da Xanda, apelido dado à dona Alexandrina, mãe de Lindolfo Monteverde, fundador do Boi do Povão. Alguns eventos são realizados até hoje no Curralzinho: a Ladainha, dedicada a Santo Antônio e a reza para São João que, respectivamente, nos dias 13 e 24 de junho, reúnem uma multidão de pessoas que participam de uma celebração religiosa, tendo a maioria dos mais antigos moradores da baixa e torcedores do boi.
A sede atual do Garantido, em Parintins, fica na mesma rua do Curralzinho, e se trata de um complexo de prédios que abriga os galpões onde são construídas as alegorias utilizadas no Festival de Parintins. É também onde ficam as salas administrativas, depósitos de materiais, ateliês de fantasias, a lojinha e a diretoria social.
No local, onde nos anos de 1940 funcionou a Fabriljuta, beneficiadora de juta e malva, até então principais produtos da economia parintinense, foi batizado, no início dos anos 1990, de ‘Cidade ‘Garantido, e fica localizada no km 1 da estrada Odovaldo Novo, que segue em direção ao aeroporto do município.
A Cidade Garantido, revitalizada e inaugurada no fim de dezembro de 2023, recebeu uma praça de alimentação, onde boxes de comida atendem a partir das 18h, sendo mais um ponto para o visitante conhecer. Situada na margem do rio Amazonas, é também um ótimo local para se apreciar o pôr do sol, especialmente no mês de junho, quando os poentes são dignos de contemplação e registros. As visitas aos galpões são possíveis, mas organizadas pelas equipes de atendimento ao visitante.
Assim como na casa do Caprichoso, no Curral Lindolfo Monteverde também há uma placa proibindo a entrada de visitantes trajando as cores do boi azul e branco. Na entrada, um portal em formato de coração com uma escultura do Garantido recepciona o público
Parintins, a 370 km de Manaus, é um município amazônico de 6 mil km². Durante o Festival Folclórico, sua população de 115.000 habitantes quase dobra com a chegada de 100.000 turistas.
O festival, conhecido pela rivalidade entre Caprichoso e Garantido, divide a cidade entre azul e vermelho, com o Bumbódromo no centro.
O comércio local adapta suas cores para agradar ambos os torcedores. Realizado no último final de semana de junho, o evento envolve apresentações luxuosas, gerando emprego e renda.
O vencedor é decidido por notas de jurados externos, com a torcida (“galera”) sendo um item avaliado.
O Boi Campineiro, que tentou competir nos anos 1978 e 1982, hoje não participa mais das disputas no Bumbódromo.
Sou o idealizador do No Amazonas é Assim e um apaixonado pela nossa terra. Gravo vídeos sobre cultura, comunicação digital, turismo e empreendedorismo além de políticas públicas.
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