Lendas Amazônicas
Conheça os principais deuses da mitologia indígena brasileira

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Há uma abundância de narrativas sobre a mitologia grega, nórdica e até mesmo dos povos andinos, como os maias, incas e astecas. No entanto, a riqueza cultural por trás das histórias dos povos indígenas brasileiros permanece muitas vezes desconhecida. Suas tradições, línguas, reivindicações e saberes formam um universo fascinante e muitas vezes negligenciado.
Para além dos Tupis e Guaranis, os Ianomâmis, Araras e numerosos outros grupos étnicos partilham uma profunda conexão com as forças da natureza, venerando divindades que remontam aos primórdios de suas civilizações. Esse legado ressoa vibrante entre os mais de 450 mil indígenas que habitam o Brasil hoje. É imprescindível explorar um pouco dessas importantes entidades e compreender o papel fundamental que desempenham no universo que compartilham com elas! Abaixo uma lista com os principais deuses da mitologia indígena brasileira. Confira:
Tupã
Criador dos céus, da terra e dos mares, o grande “Espírito do Trovão”, como é conhecido por boa parte dos povos, foi quem deu origem à vida. Além de ensinar às criaturas humanas o fazer da agricultura, do artesanato e da caça, Tupã concedeu aos pajés todo o conhecimento sobre as plantas, ervas medicinais e rituais de cura.
Jaci
Filha de Tupã, Jaci é a deusa da lua e guardiã da noite. Responsável pela reprodução, ela tem o dom de despertar as saudades no coração dos caçadores e guerreiros para que voltem sempre ao colo de suas esposas e cuidem de suas famílias.
Guaraci
Irmão e marido de Jaci, Guaraci é o deus do Sol, guardião do dia que auxiliou o pai Tupã a criar todos os seres vivos. Existe um ritual no qual as mulheres rezam para os seus companheiros que saem para caçar na passagem do dia para a noite, que seria o momento em que Jaci e Guaraci se encontram para abençoar essa união.
Ceuci
Protetora das lavouras e das moradias indígenas, Ceuci foi comparada pelos colonizadores católicos à Virgem Maria, por ter dado à luz de maneira milagrosa: seu filho, Jurupari – espírito guia e guardião –, nasceu do fruto da cucura-purumã (árvore que representa o bem e o mal na mitologia tupi).
Anhangá
Inimigo de Tupã, Anhangá é o protetor dos animais e dos caçadores. Embora tenha esse significado, é associado ao mal e a tudo o que vem das regiões infernais. Acreditam que seu espírito vaga solto, tomando a forma de animais selvagens e trazendo má sorte para quem com ele se depara.
Xandoré
Xandoré é irmão do Anhangá e considerado o deus da Ira e do Ódio e é aquele que motiva a guerra entre os homens. É dito que ele odiava os homens e por isso levava discórdia para estimular guerras entre eles. Xandoré é capaz de se transformar em um falcão e foi enviado por Tupã para matar o guerreiro Pirarucu.
Sumé
Responsável por manter as leis e as regras, Sumé também trouxe conhecimentos como o cozimento da mandioca e suas aplicações. Em virtude da desobediência dos indígenas, Sumé um dia partiu – saiu caminhando sobre o oceano Atlântico, prometendo voltar para disciplinar os índios.
DIVINDADES DE OUTRAS TRIBOS
Além dos tupis e dos guaranis – dois dos grupos mais importantes –, ianomâmis, araras e dezenas de outros povos deixaram um legado mitológico que permanece vivo até hoje entre os mais de 800 mil indígenas brasileiros.
Akuanduba
Figura característica da tribo dos Araras, da bacia do Xingu, no Pará. Esse Deus é famoso por tocar sua flauta para trazer ordem ao mundo. Dizem que certa vez ele jogou uma tribo inteira para dentro do mar para ver se aprendiam as virtudes da obediência. Os poucos sobreviventes tiveram que aprender do zero como dar um novo rumo para as sua existência.
Yorixiriamori
Famoso pelo seu canto que enfeitiçava todas as mulheres, Yorixiamori acabou despertando a inveja de muitos homens, que tentaram persegui-lo e matá-lo a qualquer custo, já que o enxergavam como uma ameaça. Diz a lenda que ele fugiu sob a forma de um pássaro e é muito conhecido, principalmente pela cultura Ianomâmi. É um personagem do mito da “árvore cantante” dos ianomâmis. Com seu belo canto, Yorixiriamori deixava as mulheres encantadas, o que acabou despertando a inveja nos homens, que tentaram matá-lo. O deus fugiu sob a forma de um pássaro, e a árvore cantante sumiu da Terra.
Yebá Bëló
Para os índios Dessanas, do alto do rio Negro (fronteira Brasil-Colômbia), Yebá Bëló é quem teria sido a responsável pela criação do universo. Foi a “mulher que apareceu do nada” e de dentro de sua morada de quartzo foi capaz de dar a vida aos seres humanos com uma simples folha de ipadu (folha de coca) que ela mascava diariamente. Há quem diga que enquanto ela pitava, um ser de fumaça surgiu e foi nomeado como Yebá Ngoamãn. Ela lhe deu um bastão de chocalho com sementes masculinas e femininas e o elevou até a torre do grande morcego. Lá de cima, o bastão assumiu um rosto humano, que mais tarde se transformou no Sol.
Wanadi
Deus dos povos Iecuanas, povo da divisa Brasil-Venezuela, essa figura faz parte de um mito que dizia que o Sol teria criado primeiramente três seres vivos para habitar o planeta. Porém, os dois primeiros fizeram um erro e acabaram criando uma criatura deformada, que representa os males presentes na terra (fome, doenças, morte). Coube ao terceiro ser, então, concluir com sucesso o ato da criação, esse terceiro é Wanadi.
Além desses acima, existem também
Kianumaka-Manã — A deusa onça
Kianumaka-Manã, é uma deusa de liberdade e possui um espírito-livre. Guerreira que carrega consigo a força das onças pintadas, também abençoa as batalhas dos índios.
Acauã — A deusa das mulheres
Ela é uma fada pássaro que enfeitiça as mulheres e as leva. Deusa linda e colorida e linda que possui penas com cores encantadoras que funcionam como arma para seduzir as moças e levá-las embora.
Além destes, havia a crença em outos deuses, tais como:
Anhum, o deus da música, que tocava o sacro Taré.
Rudá, o deus do amor, e Tambatajá, um deus de amor protetor de todos os perigos;
Caupé, a deusa da beleza;
Caramuru, o deus dragão, era ele quem ordenava as grandes ondas e revoltas dos oceanos.
Polo, o deus dos ventos, que seria o mensageiro de Tupã;
Sumá, a deusa da agricultura;
Jurará-Açu, a única deusa que podia entrar e sair livremente dos infernos, pois havia libertado o deus infernal. Ela teria sido castigada por Tupã, e transformada em uma tartaruga.

Deus Tupã, o deus dos deuses! / Foto : Inteligência Artificial por Marcus Pessoa
Sou o idealizador do No Amazonas é Assim e um apaixonado pela nossa terra. Gravo vídeos sobre cultura, comunicação digital, turismo e empreendedorismo além de políticas públicas.

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