Memórias do Amazonas
História do antigo estacionamento rotativo Estar que funcionou em Manaus na década de 80

Quem viveu em Manaus nos anos 80 deve se lembrar de um sistema curioso e organizado que controlava o estacionamento na cidade: o “Estar”. Diferente da realidade atual, em que motoristas muitas vezes lidam com flanelinhas e vagas improvisadas, o “Estar” era um modelo oficial, gerido pelo próprio Município, para ordenar o uso das vagas nas áreas mais movimentadas da cidade.
O funcionamento era simples e prático. Os motoristas compravam um talão de estacionamento — algo parecido com um bloco de notas — e deixavam no carro para uso quando necessário.
Ao estacionar, bastava destacar uma folha, preencher a placa do veículo, o horário e o tempo de permanência (limitado a duas horas), e posicionar o papel atrás do retrovisor, de forma visível.
Assim, os agentes municipais podiam fiscalizar o tempo de uso e evitar abusos.
Era um sistema pré-pago, que dava ao cidadão um certo controle e tranquilidade, além de trazer organização ao trânsito.
Ao contrário da realidade de hoje, em que muitos motoristas se sentem coagidos a pagar flanelinhas para garantir que seus carros não sejam danificados, naquela época havia um sentimento de ordem.
O “Estar” era uma forma legítima de pagar pela utilização do espaço público.
Por volta de 1988, o sistema foi abolido, e Manaus passou alguns anos sem qualquer forma de estacionamento controlado. As ruas voltaram a ser ocupadas de maneira caótica, e o espaço passou a ser disputado.
Somente décadas depois, um modelo semelhante retornou, com outro nome e tecnologia digital: a famosa “Zona Azul”, que hoje é acionada por meio de aplicativos ou pontos de venda credenciados.
A lembrança do “Estar” desperta nostalgia em muitos manauaras. Era um tempo em que a cidade parecia mais organizada, em que o respeito às regras era maior e o próprio poder público cuidava do ordenamento urbano de forma mais direta. O talão de estacionamento é, portanto, mais do que um pedaço de papel do passado; é um símbolo de uma Manaus que buscava modernidade e organização.
Relembrar o “Estar” é também refletir sobre como o trânsito e o espaço urbano evoluíram, e como as soluções de ontem ainda inspiram as práticas de hoje. Afinal, a ideia de pagar pelo uso ordenado das ruas nunca deixou de fazer sentido.
Abaixo as instruções de uso do “ESTAR” que era gerida pela Empresa Municipal de Transportes Urbanos de Manaus em conformidade com a Lei nº 1674 de 20 de junho de 1983, no qual estabeleceu o sistema de estacionamento rotativo em vias da área central de Manaus, denominada “ESTAR“.