Um estudo feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), junto com o Instituto Socioambiental (ISA), diz que a contínua invasão ilegal de garimpeiros no território dos índios Yanomami, tem trazido graves consequências: algumas aldeias chegam a ter 92% das pessoas examinadas contaminadas por mercúrio.
Em 2014 uma equipe de pesquisa visitou 19 aldeias, a pedido da Hutukara Associação Yanomami (HAY) e da Associação do Povo Ye’kwana do Brasil (Apyb), onde foram coletadas 239 amostras de cabelo, priorizando os grupos mais vulneráveis à contaminação: crianças, mulheres em idade reprodutiva e adultos com algum histórico de contato direto com a atividade garimpeira. Também foram coletadas 35 amostras de peixes que são parte fundamental da dieta alimentar destes índios. O estudo foi realizado nas regiões de Papiú e Waikás, onde residem as etnias Yanomami e Ye’kwana.
O caso mais alarmante foi o da comunidade Yanomami de Aracaçá, na região de Waikás, onde 92% do total das amostras apresentaram alto índice de contaminação. Esta comunidade, entre todas as pesquisadas, é a que tem o garimpo mais próximo.
Uma comitiva formada por lideranças Yanomami e Ye’kwana, e representantes da Fiocruz e do ISA, foram à Brasília, em março de 2016, para divulgar o diagnóstico junto aos órgãos responsáveis. A comitiva entregou cópias às Presidências da Funai e do Ibama, ao coordenador da Secretaria Especial de Saúde Indígena, ao Ministério Público Federal e à Relatora Especial sobre Direitos Indígenas da ONU, que estava em visita ao Brasil. Foi exigido pelas lideranças indígenas a retirada imediata dos garimpeiros da Terra Indígena Yanomami e um atendimento especial as pessoas estão contaminadas.
Índios são contaminados por mercúrio na Amazônia