Publicado
7 anos atrásno
Por
Jussara Melo
O DNA é o código de toda informação por trás dos seres vivos. As características dos olhos, formação dos ossos e até mesmo as doenças estão intrinsecamente ligadas aos nossos genes. Desde a descoberta do DNA pelos cientistas a humanidade sonha, através de livros e filmes, o dia em que vai poder editar o seu próprio DNA a ponto de curar doenças genéticas e auto-imunes como, por exemplo, a tendência genética de hereditariedade do câncer.
Acadêmicos da Universidade Federal e Estadual do Amazonas de diversos cursos como Biotecnologia, Biologia, Medicina, Farmácia, Enfermagem e Computação estão realizando um financiamento coletivo, mais conhecido como “vaquinha online”, para levar o projeto que torna o processo de edição genética mais fácil para uma competição internacional criada por cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) em Boston nos Estados Unidos. O projeto pretende criar um padrão para a utilização de uma técnica revolucionária chamada CRISPR.
Tecnologia de edição genética
A técnica conhecida como CRISPR nasceu do estudo de como bactérias conseguem se defender dos ataques de vírus. Os estudos mostraram que assim como os seres humanos, as bactérias também enfrentam diariamente ataques constantes de diferentes vírus. Para se protegerem, elas tiveram que criar seu próprio mecanismo de defesa, o CRISPR, associado a proteínas chamadas Cas.
Quando uma bactéria é atacada por um vírus, o material genético desse organismo é lido e analisado pela bactéria, que “memoriza” algumas sequências do código genético do vírus invasor. Essa memória não é nada mais que uma ou várias partes do DNA do vírus inserido no próprio DNA da bactéria. Assim, toda vez que ela encontrar com aquele padrão, ela saberá exatamente a quem ele pertence e assim poderá se defender de um eventual próximo ataque do mesmo vírus.
Os cientistas passaram a utilizar as qualidades de inserção de sequências do código genético desse sistema de CRISPR para fazerem suas próprias edições em genes específicos. Isso porque, segundo a cientista e aluna de biotecnologia, Giovanna Maklouf, a técnica torna o trabalho de edição genética de DNA muito mais fácil. “Imagine que a bactéria é um ser humano em uma maratona e a linha de chegada é a modificação genética. Antigamente, a bactéria percorria o caminho mais longo até o final ficando em último lugar. Com CRISPR, a célula pega vários atalhos chegando mais rápido, com muito menos esforço e cruzando a linha de chegada em primeiro lugar”.
A ideia dos cientistas é desenvolver como que um “mapa dos atalhos”: uma maneira padronizada para o uso de CRISPR-Cas9 que possa ser utilizado pelos cientistas de todo o mundo. Outro objetivo importante do time é conseguir inserir essa tecnologia revolucionária nos Institutos e Universidades da Amazônia, o que pode abrir portas para muitas pesquisas importantes.
Competição Internacional do MIT
Estudantes de Biotecnologia, Biologia, Farmácia, Enfermagem, Medicina, Engenharia da Computação e Design trabalham desenvolvendo as várias vertentes do projeto. “Além dos experimentos em laboratório, existe toda uma equipe de estudantes de engenharia de computação, design e medicina trabalhando com software, impacto social, educação científica e até mesmo fazendo interação com áreas como o Direito. O laboratório é só uma parte do que nós queremos”, afirma Jerusa Araújo, Bioquímica e uma das orientadoras da equipe.
Os estudantes pretendem levar o projeto para uma Competição Internacional que acontece em uma das mais renomadas universidades do mundo, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) em Boston, Estados Unidos. A maioria das grandes universidades do mundo como Stanford, Harvard, Caltech e Imperial College enviam suas equipes para esse importante evento. Em 2017, será o quarto ano que os alunos do Amazonas participam da competição.
A inscrição chega a quase R$20.000 reais, além disso existem os altos custos de passagem e estadia. A alternativa que eles tiveram para resolver o problema foi fazendo o crowdfunding (vaquinha online). “Pessoas de todos os tipos e de vários lugares nos ajudam. Todas elas, de uma maneira geral, acreditam no nosso esforço, trabalho e que nós estamos fazendo a ciência acontecer no país e principalmente no Amazonas”, afirma a estudante Maria Clara Astolfi.
Ainda faltam em torno de 18 dias para o fim do crowdfunding que tem como meta mínima o valor de R$20.000 para os custos de inscrição na competição, porém existem outros gastos, como a inscrição de cada palestrante no evento, passagens para Boston, hospedagem e gastos diários. Qualquer pessoa pode colaborar e ainda receber premiações criativas feitas pelos estudantes. Para colaborar é só acessar o site da campanha.
Ciência e Desenvolvimento
O cientista Spartaco Astolfi-Filho é um dos co-criadores da tecnologia de produção de insulina humana por Engenharia Genética no final dos anos 70, coordenador do Núcleo de Biologia Sintética da UFAM e UEA e, segundo ele, a participação em competições na área geram uma experiência ímpar aos estudantes.
“Não há fronteiras para a inovação com a Engenharia Genética. Acredito no potencial destes estudantes empenhados em pesquisar tecnologias que contribuam para sociedade”
Você pode acessar a vaquinha eletrônica nesse link (www.kickante.com.br/campanhas/ciencia-pioneira-da-amazonia-para-o-mundo). Além disso, quem estiver interessado pode acompanhar a equipe de perto através das redes sociais (Manaus no iGEM, no Facebook; @igem_amazonas_brazil, no Instagram; e @IGEM_Amazonas, no Twitter) ou contatar por e-mail (igem.ufam@gmail.com).
Contatos:
Spartaco Astolfi-Filho: (92) 992483161 – spartacobiotec@gmail.com
Jerusa Araújo: (92) 991944774 – jerusaquintao@gmail.com
Giovanna Maklouf: (92) 981279751 – giomaklouf@gmail.com
Maria Clara Astolfi: (92) 982061487 – mctastolfi@gmail.com
Maria Letícia Martins: (92) 988487805 – marialeticiadsm@gmail.com
Mulher...mãe....apaixonada....webwriter e sócia proprietária do Portal No Amazonas é Assim...E minha história continua ❤