Publicado
2 anos atrásno
Por
Jussara Melo
Nesta quarta-feira (16/11) o vôlei brasileiro perdeu um grande ícone, morreu a ex-ponteira Isabel Salgado, aos 62 anos. A atleta foi acometida pela síndrome de angústia respiratória aguda (SARA), uma condição clínica rara, segundo informações de amigos próximos ainda não confirmadas oficialmente pela família e pelo Hospital Sírio-Libanês.
Na manhã da última terça-feira (15/11) Isabel havia sido internada por conta de uma pneumonia. Ela foi intubada no decorrer do dia, precisou entrar na oxigenação por membrana extracorporal (ECMO), mas não resistiu. Amigos e da ex-jogadora e personalidades do esporte e da política estão usando as redes sociais para lamentar a perda e lembrar de sua importância dela para o esporte nacional.
Isabel estava feliz com projetos pessoais e envolvida com novo governo federal. Na última segunda-feira, a ex-atleta foi indicada para a pasta do esporte na equipe de transição do presidente eleito, Lula, ao lado de nomes importantes da área.
Paula Barreto, que preparava um documentário ao lado de Isabel, chegou a enviar mensagem a amigos de ambas em que conta: “Queridos amigos , nossa Isabel se foi. Fiz um call com ela na segunda feira quando emplacamos o projeto que tenho com ela na HBO . Ela estava super feliz , me ligou depois eufórica . Ela estava super gripada . Falei para ela ir a um hospital , ela me disse que já tinha ido e testado negativo para COVID. Na segunda a noite foi dormir passou mal. Deixou para ir para o hospital Sírio na terça de manhã . Quando acordou na terça já estava bem pior. Internou no Sírio já no CTI . Detectaram um bactéria que já tinha tomado todo o pulmão . Foi entubada e teve uma parada cardíaca as 4 da manhã hj e não resistiu”
Maria Isabel Barroso Salgado nasceu no Rio de Janeiro e fez grande carreira no esporte. Nas quadras, foi revelada pelo Flamengo e fez história ao ser a primeira jogadora brasileira a atuar na Europa, quando rumou ao Modena, da Itália, em 1980. Em 2016, foi um dos nomes a carregar a tocha olímpica já no Rio, cidade-sede dos Jogos e sua terra natal.
Isabel atuou nas Olimpíadas de Moscou-1980 e Los Angeles-1984, numa época em que a seleção brasileira feminina ainda dava seus primeiros passos na profissionalização. Rotulada de “musa”, notabilizou-se por uma — pouco comum para a época — voz feminina forte e a assertiva postura de defesa das suas ideias. Foi ainda a primeira atleta a jogar grávida e colocar em discussão a relação das mulheres com o esporte e a maternidade.
Após o fim da carreira nas quadras, foi nome importante também no vôlei de praia, onde chegou a atuar ao lado de Jackie Silva, uma da suas principais amigas da época de quadra. Em 1994, foi campeã mundial nas areias de Miami. Depois de encerrada a longa vida de atleta, virou treinadora.
Isabel, que sempre foi uma potência dentro e fora das quadras, já era mãe aos 27 anos, de quatro filhos: Maria Clara Salgado, Pedro Solberg e Carol Solberg, todos atletas do vôlei de praia, e Pilar, a mais velha. Aos 55, adotou um adolescente, Alison (14 anos à época). E chegou a formar dupla e a treinar Carol e Maria Clara. Vinha, desde então, ajudando a cuidar da carreira dos filhos. Isabel deixa ainda cinco netos.
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