Manaus – A reprodução assexuada dos peixes molinésia da Amazônia está chamando atenção de pesquisadores da Universidade de Würzburg que publicaram um estudo na revista Nature Ecology and Evolution sobre o caso, de acordo com o site da BBC Brasil.
Peixe da Amazônia que se reproduz sem sexo é estudado na Europa / Foto : Divulgação
A teoria da evolução sugere que as espécies que se reproduzem de forma assexuada tendem a desaparecer rapidamente, uma vez que seu genoma acumula mutações mortais ao longo do tempo, o que não aconteceu com as molinésias.
Molinésia-amazona sobrevive há pelo menos 500 mil gerações, muito mais do que a média observada em espécies com reprodução assexuada | Foto: Science Photo Library
Sobrevivente persistente
A molinésia-amazona sobrevive há cerca de meio milhão de gerações – muito além do que a teoria sugeria.
Mas não foi só isso. Quando os cientistas procuraram indícios de decadência genômica a longo prazo, havia muito poucos, como o professor Schartl explicou:
“O que encontramos é que esse peixe preservou seu genoma híbrido e o que sabemos da criação de plantas ou animais é que, quando tentamos fazer algo melhor, criamos um híbrido”.
E ele acha que é esse “vigor híbrido” que sustenta a sobrevivência persistente da molinésia-amazona.
“O que a natureza tem feito é criar desde o início um bom híbrido, que prosperou”.
“É claro que há mutações, mas o que sentimos e que não foi levado em consideração é que a evolução eliminará as mutações deletérias e somente aqueles que se tornam melhores, com boas mutações, prosperarão”.
Ao comentar o trabalho, Laurence Loewe, professor assistente no Instituto para a Descoberta de Wisconsin, da Universidade de Wisconsin-Madison, disse à BBC:
“Normalmente, as espécies sem recombinação regular não são muito duradouras na forma evolutiva. No entanto, a molinésia-amazona parece ter encontrado uma maneira de sobreviver por um tempo surpreendentemente longo sem acumular sinais de decomposição genômica”.
“Para descobrir como isso ocorre, provavelmente teremos que combinar muitos dos grandes avanços na genética evolutiva dos últimos 100 anos”.