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Manaus, AM, quarta, 18 de dezembro de 2024

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Pesquisadores do INPA identificam nova espécie de abelhas sem ferrão!

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Scaptotrigona hylaeana

Além da produção de mel, considerado um produto de alta qualidade e sabor diferenciado, a criação de abelha-sem-ferrão contribui para a polinização de plantas nativas, ajudando a manter a biodiversidade e a conservação dos ecossistemas locais, propiciando geração de emprego e renda, além de promoção da cultura social.

Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) identificaram uma nova espécie de abelha-sem-ferrão, nomeada “Scaptotrigona hylaeana “. A nova espécie foi descoberta após a equipe do Grupo de Pesquisas em Abelhas (GPA/Inpa) instalar armadilhas-isca próximas ao meliponário científico do Inpa, numa das quais as abelhas enxamearam naturalmente e ao serem verificadas, foi constatado que se tratava de uma nova espécie.

De acordo com a pesquisadora do Inpa e líder do GPA, Gislene Zilse, a nova espécie tem características morfológicas próprias, semelhantes às abelhas-sem-ferrão do grupo não-meliponas, caracterizadas por colmeias populosas, cuja entrada é feita de cerume material maleável produzido pelas abelhas a partir de cera misturada com própolis. Esse grupo de abelhas tem menor tamanho e apresentam as asas que geralmente ultrapassam o comprimento do abdome.

Scaptotrigona hylaeana

Scaptotrigona hylaeana / Foto : Divulgação

Inicialmente, as armadilhas foram instaladas para testar se as abelhas eram atraídas pelo cheiro de extrato de geoprópolis. Ao verificar as armadilhas, a equipe encontrou um enxame de abelhas com características diferentes das encontradas no Bosque da Ciência e pesquisadas no Inpa. Após análises taxonômicas, confirmou-se que era uma nova espécie.

“A estratégia das armadilhas foi testada pela primeira vez na Amazônia como projeto de Mestrado de Iris Andrade da Cruz junto ao PPG Entomologia-Inpa, sob minha orientação. As armadilhas foram distribuídas em comunidades de Parintins, na Reserva Florestal Adolfo Ducke (RFAD) e alguns exemplares foram testados no Bosque da Ciência, que felizmente resultou na atração desta espécie e, para nossa surpresa, tratava-se de uma nova espécie. Daí, conseguimos fazer a identificação pelos colegas especialistas do Instituto e estamos iniciando novas pesquisas acerca de sua biologia, capacidade produtiva e seus principais elementos característicos”, explica a pesquisadora.

Além da produção de mel, considerado um produto de alta qualidade e sabor diferenciado, a criação de abelha-sem-ferrão contribui para a polinização de plantas nativas, ajudando a manter a biodiversidade e a conservação dos ecossistemas locais, propiciando geração de emprego e renda, além de promoção da cultura social.
(Foto: Gilvan Barreto/Ed. Globo)

As armadilhas são feitas com garrafas pet revestidas com jornal e colocadas dentro de sacos pretos para bloquear a luz solar. Dentro das garrafas e no orifício de entrada é pulverizado extrato de geoprópolis moída, proporcionando aderência para evitar que as abelhas escorreguem no pet de plástico, além de odorizar a armadilha para atrair as abelhas.

Na identificação da nova espécie participaram David Silva Nogueira, como autor principal e José Augusto dos Santos Silva, do Programa de Pós-Graduação em Entomologia do Inpa, taxonomistas que identificaram a espécie, além dos colaboradores Matheus Mourão Carvalho, do Departamento de Zoologia da Universidade de Brasília e Rogério Marcos de Oliveira Alves, pós-doc do Inpa, e dos pesquisadores do Inpa Gislene Almeida Carvalho-Zilse e Márcio Luiz Oliveira.

Scaptotrigona hylaeana / (Foto: Gilvan Barreto/Ed. Globo)

Scaptotrigona hylaeana / (Foto: Gilvan Barreto/Ed. Globo)

Preciosidade no meio da região urbana

Apesar das armadilhas terem sido colocadas em áreas mais afastadas da zona urbana da capital, a nova espécie foi descoberta no Bosque da Ciência, uma área de fragmento florestal em Manaus. Gislene ressalta que essa descoberta mostra como a natureza pode sobreviver mesmo em meio à degradação humana. A origem exata da nova abelha, ou seja, o ninho natural de onde ela soltou enxame, se do Inpa ou do fragmento florestal da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), localizado a poucos metros do Instituto, ainda não é conhecida.

“A natureza é forte e capaz de se manter apesar da intervenção humana. Embora ainda não saibamos ao certo de onde veio essa abelha, o ninho original pode estar aqui no Instituto ou na Ufam, o que podemos dizer é que é uma espécie presente num fragmento florestal. Sua presença é um indicativo de que elas se sentiram seguras em construir sua nova casa (colmeia) aqui. Isso demonstra que esse ambiente ainda é valioso e propício para a vida das abelhas, uma vez que as abelhas só sobrevive em ambientes saudáveis”, comemora Gislene.

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Dia Mundial das Abelhas

O resultado positivo da nova descoberta tem mostrado eficiência nas pesquisas realizadas pelo GPA e na conservação dessas espécies. A Organização das Nações Unidas (ONU) dedicou a data 20 de maio ao Dia Mundial das Abelhas, seres que proporcionam serviços ecossistêmicos compondo um papel vital na manutenção da diversidade e no equilíbrio dos habitats contribuindo na polinização de flores silvestres, arbustos e árvores, o que ajuda na reprodução de plantas nativas e cultivadas conservando a biodiversidade.

O Inpa desenvolve atividades de sensibilização das pessoas sobre a importância das abelhas para os ecossistemas e atua no desenvolvimento de técnicas para criação e manejo das abelhas, realizando a meliponicultura, com a finalidade de dar novas alternativas comerciais e manutenção de suas populações naturais.

A prática da meliponicultura tem muitas finalidades. Além da produção de mel, considerado um produto de alta qualidade e sabor diferenciado, a criação de abelhas-sem-ferrão contribui para a polinização de plantas nativas, ajudando a manter a biodiversidade e a conservação dos ecossistemas locais, propiciando geração de emprego e renda, além de promoção da cultura social.

No estado do Amazonas, podemos encontrar cerca de 120 espécies de abelhas-sem-ferrão, da tribo Meliponini. Entre as espécies criadas estão a uruçu-boca-de-renda ou jandaíra e a jupará, que são encontradas no Bosque da Ciência.

O Inpa também desenvolve outras pesquisas na Amazônia, como a pesquisa que estruturou um perfil físico-químico para que Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado do Amazonas (Adaf) emitisse a Portaria Nº 253 de 31/10/2016 instituindo o Regulamento técnico de identidade e qualidade do mel de abelhas-sem-ferrão no Amazonas. Além dos trabalhos sobre as questões de manejo e quais são as espécies podem ser criadas.

Artigos relacionados a nova espécie

A partir da descoberta, foi publicado o artigo Two new species of Scaptotrigona Moure, 1942 from the Amazon forest (Hymenoptera: Apidae: Meliponini) que apresenta a descrição e os detalhes morfológicos acerca das espécies descobertas pelo Inpa, a divulgação contou com o apoio de: David Silva Nogueira, José Augusto dos Santos Silva, Matheus Mourão Carvalho, Gislene Almeida Carvalho-Zilse, Rogério Marcos de Oliveira Alves e Marcio Luiz Oliveira.

Outra publicação realizada foi o artigo Efficiency of trap nests in attracting stingless bees in the central Brazilian Amazon que destaca o uso de ninhos-armadilha na atração de abelhas sem ferrão na Amazônia central brasileira, sendo elaborado por Iris Andrade da Cruz , Carlos Gustavo Nunes Silva e Gislene Almeida Carvalho-Zilse.

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Fonte:INPA

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Sou o idealizador do No Amazonas é Assim e um apaixonado pela nossa terra. Gravo vídeos sobre cultura, comunicação digital, turismo e empreendedorismo além de políticas públicas.

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