Uma mulher e um casal de filhos, mantidos em cárcere privado por 17 anos em uma casa na Zona Oeste do Rio de Janeiro, foram libertados na última quinta-feira (28/7) por policiais. Segundo a Polícia Militar, os três foram encontrados amarrados em casa no bairro de Guaratiba em situação subumana.
Apesar de terem 17 e 22 anos, as vítimas aparentavam serem crianças – Imagem: Divulgação
A notícia veio a tona na manhã desta sexta-feira (29/7) até o fim da noite dessa quinta, o estado de saúde da mulher e dos dois jovens de 17 e 22 anos era de desnutrição e desidratação grave. Ao sair da casa, a mulher disse que estava vendo o sol pela primeira vez depois de quase vinte anos. Ela relatou dor na vista aos policiais.
Os filhos, segundo a polícia, têm aparência de crianças e não falam. Eles estão recebendo atendimento de serviços social e de saúde mental.
Os policiais foram ao local após receber uma denúncia anônima. As vítimas estavam sujas e subnutridas, de acordo com a PM, e foram socorridas pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).
O suspeito de mantê-las presas era o próprio marido e pai das vítimas. Luiz Antônio Santos Silva, conhecido como DJ, foi preso em flagrante e encaminhado à Delegacia de Polícia de Guaratiba (43ª DP) e foi autuado em flagrante pelos crimes de tortura, cárcere privado e maus-tratos. A investigação está em andamento.
O homem que cometeu o crime tem em torno de 45 a 50 anos. Vizinhos informaram que ele saía cedo, trancava a família dentro de casa e voltava ao anoitecer. Ele era conhecido como “DJ” na vizinhança por colocar som alto com frequência.
Os três foram encontrados amarrados em casa com desnutrição e desidratação grave – Imagem: Divulgação
Caso já tinha sido denunciado
Moradores contaram ainda que denúncias foram feitas ao posto de saúde do bairro e ao Conselho Tutelar, mas que de nada adiantou.
A direção da Clínica da Família Alkindar Soares Pereira Filho informou que notificou a suspeita de maus-tratos em 2020 ao Conselho Tutelar da região.
O Conselho Tutelar de Guaratiba disse que acompanha o caso há dois anos, que chamou o Ministério Público e polícia, mas nada foi feito até então.
O MP confirmou que a Promotora da Infância e da Juventude foi avisada pelo Conselho Tutelar em março de 2020, que todas as medidas pertinentes foram tomadas para acabar com o cárcere privado e que noticiou os fatos à Polícia Militar e à Polícia Civil.
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O Ministério Público disse ainda que o Conselho Tutelar afirmou na época que toda a rede de proteção estava ciente, mas o MP não foi informado posteriormente que situação continuava.
A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informou que, segundo o comando do 27ºBPM, “não foi localizado nenhum documento oficial sobre a referida denúncia em 2020”.