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4 anos atrásno
No último domingo (20/9) a onda de terror que ocorre na região do Rio Abacaxis, em Nova Olinda do Norte, distante 126 km de Manaus, foi destaque nacional. Policiais militares do Amazonas são suspeitos de agredir, torturar e matar indígenas e ribeirinhos. Uma equipe do programa Fantástico visitou o local que é o mais recente cenário de violência na Amazônia brasileira. Comunitários relatam agressões e abusos em meio a conflito entre policiais e traficantes, tudo começou supostamente após uma operação contra o tráfico de drogas.
O Rio Abacaxis se tornou um importante destino de pesca esportiva a partir dos anos 1990. Uma atividade lucrativa que o poder público nunca regularizou, apesar de o rio estar cercado por áreas de conservação, como assentamentos de populações tradicionais e terras indígenas. E um acordo há dois anos definiu que, para pescar no Rio Abacaxis, é preciso de uma licença estadual e que moradores locais têm o direito de abordar os visitantes de forma pacífica, para verificar essa licença.
No fim de julho, uma comitiva de pesca com médicos, advogados e o secretário-executivo do Fundo de Promoção Social do Governo do Amazonas, tentaram entrar no rio sem licença. Houve então uma discussão com ribeirinhos, e o então secretário-executivo do fundo promoção social do Amazonas, Saulo Moysés Rezende Costa, foi atingido com um tiro de raspão no ombro vindo da mata. Segundo moradores, o então secretário ameaçou voltar para se vingar, o que ele nega.
Porém, uma semana após o ocorrido, no dia 3 de agosto, a mesma lancha particular voltou ao rio. Os ocupantes se identificaram como turistas, mas, segundo testemunhas, eram PMs à paisana e encapuzados. O grupo forçou a passagem e a tensão aumentou. Ação resultou em dois PMs mortos – o sargento Wagner Souza e o cabo Marcio de Souza – e dois feridos, vítimas de uma emboscada de traficantes que atuam na região.
O governador Wilson Lima prometeu reagir e mandou o comandante da PM e 50 policiais de um grupo de elite para Nova Olinda do Norte. A resposta, em uma região em que o estado entende como “dominada pelo tráfico de drogas, pirataria e garimpo ilegal”, como mostra o relatório reservado da pasta da Segurança, acabou atingindo famílias que não tinham nada a ver com a criminalidade.
“Já no dia seguinte, no dia 4, a gente recebe as primeiras notícias de torturas que estariam ocorrendo lá na região. No dia 5 já recebemos novos relatos de violações, de desaparecimento de ribeirinhos“, conta Fernando Soave, procurador da República.
A procuradoria e a defensoria pública ouviram cerca de 20 índios e ribeirinhos que descreveram dias de terror sob o jugo de PMs fardados. O Fantástico conversou com indígenas na aldeia Maraguá, que descreveram o trauma que é viver sitiado.
NOTA DE ESCLARECIMENTO
A Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) não compactua com práticas ilícitas. As denúncias foram encaminhadas à Corregedoria Geral, que instaurou procedimentos criminais e administrativos para apurar os fatos e aplicar punições cabíveis, caso sejam comprovadas as denúncias. O secretário de Segurança Pública, coronel Louismar Bonates, repudia a tentativa de envolvê-lo no caso dos supostos abusos.
A SSP-AM esclarece que a “onda de violência” em Nova Olinda do Norte não começou com a chegada dos reforços policiais. Ao contrário, o envio de efetivos teve o intuito de reprimir os crimes praticados na região por uma organização criminosa vinculada à Associação Nova Esperança do Rio Abacaxis (Anera).
Conforme inquérito policial, indígenas e ribeirinhos eram reféns desse bando criminoso, liderado pelo nacional Valdelice Dias da Silva, vulgo “Bacurau”, que trabalhava para o presidente Anera, Natanael Campos da Silva, vulgo “Natan”. Em depoimento à Polícia Civil, uma liderança indígena descreveu a opressão e pediu a permanência da polícia devido aos reiterados episódios de violência praticados pelo bando de Bacurau. Com isso, depreende-se que não foram os “ribeirinhos” os surpreendidos com a presença de policiais, mas os infratores contumazes, crentes na impunidade de seus atos e que, inclusive, fugiram para terras indígenas após a chegada da polícia, aterrorizando a população inocente que ali reside.
Além do crime de organização criminosa, Natanael Campos da Silva, Bacurau e outros sete infratores, individualmente ou em grupo, tinham envolvimento em homicídios, roubos a embarcações, ameaças a povos indígenas, tráfico de drogas e desmatamento ilegal com a finalidade de comercializar irregularmente madeira e cultivar entorpecentes. Há relatos, ainda, da existência de garimpo ilegal com emprego de materiais proibidos e degradáveis ao meio ambiente, inclusive venenosos, como o cianeto de potássio.
Sou o idealizador do No Amazonas é Assim e um apaixonado pela nossa terra. Gravo vídeos sobre cultura, comunicação digital, turismo e empreendedorismo além de políticas públicas.
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