Publicado
2 anos atrásno
Por
Jussara Melo
A candidata derrotada do MDB à Presidência, Simone Tebet, anunciou nesta quarta-feira (5) apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno da eleição presidencial.
O anúncio de apoio a Lula foi feito em um hotel em São Paulo. Simone Tebet ficou em terceiro lugar na votação realizada no último domingo (2). A emedebista recebeu 4,9 milhões de votos (4,16%).
“Ainda que mantenha as críticas que fiz ao candidato Luiz Inácio Lula da Silva, em especial nos seus últimos dias de campanha quando cometeu o erro de chamar para si o voto útil, que é legítimo, mas sem apresentar as suas propostas completas, depositarei nele o meu voto porque reconheço nele o seu compromisso com a democracia e com a Constituição, o que desconheço no atual presidente. Meu apoio não será por adesão. Meu apoio é por um Brasil que sonho ser de todos”, afirmou Simone Tebet.
Lula, que tenta voltar ao poder, vai enfrentar o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) na votação marcada para o próximo dia 30. No primeiro turno, Lula ficou à frente de Bolsonaro. O candidato do PT recebeu 57,2 milhões (48,43%) enquanto o presidenciável do PL ficou com 51 milhões de votos (43,20%).
Mais cedo, nesta quarta, o MDB – partido pelo qual Simone é senadora – anunciou a decisão de liberar seus filiados a se manifestarem “conforme suas consciências”, ou seja, permitindo apoio a Lula, Bolsonaro ou neutralidade.
No pronunciamento, Tebet disse esperar que cinco propostas do plano de governo emedebista sejam encampadas pela campanha petista. Segundo ela, as ideias foram apresentadas a Lula durante almoço nesta quarta. “Cabe, agora, a eles a palavra em relação a esses pedidos feitos”, disse.
A senadora afirmou ter pedido ao candidato do PT a inclusão de propostas que pretendem:
Zerar a fila de vagas em creches e escolas para crianças;
A implementação do ensino médio técnico em tempo integral;
O pagamento de R$ 5 mil para formandos do ensino médio;
Zerar a fila de procedimentos na saúde e aumentar repasses ao Sistema Único de Saúde;
A igualdade de salário entre homens e mulheres e a composição ministerial plural.
“Meu apoio é por projetos que defendo e ideias que espero ver acolhidas. Dentre tantas que julgo importante, destaco cinco tendo sempre a responsabilidade fiscal, uma âncora fiscal, como meio de se alcançar o social”, disse.
A parlamentar declarou também que estará, nas ruas, durante o segundo turno. “Até 30 de outubro, eu estarei na rua, vigilante. Meu grito será pela defesa da democracia e da justiça social. Minhas preces, por uma campanha de paz”, disse.
Ela se desculpou com “amigos e companheiros” que pediram a ela que adotasse uma posição de neutralidade no segundo turno, mas afirmou que se omitir seria “trair” sua trajetória de vida pública.
“Peço desculpas aos amigos e companheiros que imploraram pela neutralidade neste segundo turno, preocupados que estão com a eventual perda de algum capital político, para dizer que o que está em jogo é muito maior que cada um de nós. Votarei com minha razão de democrata e com minha consciência de brasileira. E a minha consciência me diz que, neste momento tão grave da nossa história, omitir-me seria trair minha trajetória de vida pública”, afirmou. “Não anularei meu voto, não votarei em branco. Não cabe a omissão da neutralidade”, acrescentou.
A emedebista disse também que, nos últimos quatro anos de governo Bolsonaro, o país foi “foi abandonado na fogueira do ódio e das desavenças”. E lembrou o atraso na compra de vacinas contra a Covid-19.
“A negação atrasou a vacina. A arma ocupou o lugar do livro. A iniquidade fez curvar a esperança. A mentira feriu a verdade. O ouvido conciliador deu lugar à voz esbravejada. O conceito de humanidade foi substituído pelo de desamor. O Brasil voltou ao mapa da fome. O orçamento, antes público, necessário para servir ao povo, tornou-se secreto e privado”, declarou.
Simone Tebet também disse que o apoio que dá ao candidato do PT não é “por adesão”, mas “por um Brasil inclusivo, generoso, sem fome e sem miséria, com educação e saúde de qualidade, com desenvolvimento sustentável. Um Brasil com reformas estruturantes, que respeite a livre inciativa, o agronegócio e o meio ambiente, com comida mais barata, emprego e renda”.
Simone Tebet e Lula selaram a aliança contra Bolsonaro em um almoço nesta quarta-feira em São Paulo na casa da ex-senadora Marta Suplicy, que já teve passagens por PT e MDB.
Antes, a emedebista se encontrou com Geraldo Alckmin (PSB), candidato a vice na chapa encabeçada por Lula. Os dois tiraram uma foto segurando o plano de governo de Tebet.
Em fevereiro, antes mesmo de ser oficializada candidata pelo MDB, a parlamentar do Mato Grosso do Sul já havia dito, em entrevista, que em um eventual segundo turno entre Lula e Bolsonaro – que já lideravam as pesquisas de intenção de voto – o candidato do PL não teria o seu voto.
Durante a campanha, Simone Tebet disse que, se fosse eleita, daria transparência ao chamado “orçamento secreto”, tiraria despesas com ciência e tecnologia do teto de gastos, e criaria um programa para pagar bolsas de R$ 5 mil para estudantes que concluíssem o ensino médio.
Senadora eleita em 2014, Simone Tebet tem 52 anos e disputou sua primeira eleição presidencial. É natural de Três Lagoas (MS) e filha de um tradicional político do estado, Ramez Tebet, que morreu em 2006.
Formada em direito, fez carreira como professora. Entrou para a política em 2002, quando foi eleita deputada estadual. Também foi prefeita de Três Lagoas e vice-governadora do Mato Grosso do Sul. No Senado, ganhou projeção nacional com participação na CPI da Covid.
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