O público foi submetido a um simples exercício de honestidade, na cidade de Santos, São Paulo. Porém a maioria cedeu à tentação e não foi honesto.
O resultado está exposto na Alpi Gelateria, localizada na Rua Pedro Américo, 137, no Campo Grande, em Santos, que há 15 dias colocou sorvetes fora da loja, convidando os consumidores a deixar o pagamento na urna e se servirem. No total, 16% dos pagamentos foram “esquecidos”, segundo a contagem da loja.
O cenário era simples. Em vez de a pessoa entrar, se dirigir a um funcionário e pagar pelo produto, ela se dirigia a um freezer, onde acima dele há um banner com os seguintes dizeres: “A Alpi acredita em um País sem corrupção. Pegue seu sorvete e deposite o pagamento no caixa ao lado”. Mesmo quem pegasse o sorvete e saísse sem pagar, não seria abordado pelos funcionários.
Será colocada outra placa na frente do estabelecimento, com o resultado da contagem, além de publicação no Facebook. E a ação continuará.
Na Universidade Tecnológica Federal de Cornélio Procópio, no Paraná, de onde a ideia foi copiada, a taxa de calote foi de 2%, mesmo com o dobro de tempo de exposição. Lá, foram 2.400 sorvetes em um mês.
Darrell Champlin, antropólogo e professor universitário, achou os 16% santistas uma taxa altíssima, apesar de a ação não poder ser considerada um estudo e, portanto, não mostrar a realidade como um todo, cientificamente.
“Isso mostra que praticamente um quinto da população que efetivamente participou da provocação, está pouco ligando para a corrupção”, diz Champlin.
Para ele, a divulgação dos resultados deve gerar impacto positivo para as próximas semanas. “O povo tende a ter o que chamamos de instinto de manada, que é seguir o exemplo. Ou seja, se todo mundo estivesse roubando o sorvete, mais gente ia roubar. Mas como 84% ainda é a maioria, será melhor seguir o que faz quatro, de cada cinco pessoas”, aposta.
A Sorveteria resolveu confiar nos clientes e pôs sobre o freezer uma caixa para depósito voluntário de valores