Você sabia que é possível fazer pipoca e geleia da vitória-régia? Aliás, você já se imaginou comendo pipoca da semente da vitória-régia ao invés do milho? Mais do que isso, você já se imaginou comendo geleia da flor de vitória-régia (Victoria amazonica)? É isso mesmo. De uma das maiores plantas aquáticas do mundo, que é o símbolo da Amazônia, pode-se comer a flor, as sementes, os caules subterrâneos e o talo. Isso é o que prega o professor do Instituto Federal do Amazonas (Ifam), o biólogo Valdely Kinupp. De acordo com o pesquisador, a vitória-régia (pertencente à família Nymphaeceae) é uma “hortaliça” que poderia ser produzida na Amazônia e dela se extraem muitos benefícios.
“A vitória-régia é a hortaliça mais emblemática da região. Dentre os nomes populares também é conhecida como milho-d’água ou cará-d’água. Não é consumida pela população, mas é uma delícia”, revela Kinupp, pesquisador e entusiasta das Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs). “O problema é que as pessoas só vão à feira para comprar tomate, pepino, pimentão, cebola, dentre outras”, diz o professor, autor juntamente com Harri Lorenzi do livro Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs) no Brasil, que traz 1.053 receitas ilustradas. Editado em 2014, já foram comercializados cerca de 20 mil exemplares.
Kinupp / Foto Luciete Pedrosa
Segundo o professor, o assunto é muito interessante e há uma demanda, não só na Amazônia, mas no Brasil inteiro. “Temos 516 anos de conquista e o Brasil não come sua biodiversidade. Por outro lado, nos Estados Unidos já tem supermercado que vende taioba importada de Belo Horizonte”, destaca o professor.
Kinupp comenta que na Amazônia e em alguns lugares do Brasil e do mundo as pessoas sofrem do que ele classifica de Transtorno de Defict de Natureza (TDN), ou seja, praticamente todos são analfabetos botânicos. “As pessoas olham para as plantas, mas não sabem lê-las”, diz.
Para o professor, isso acontece porque ninguém, até agora, trouxe para um processo de manejo adequado, por exemplo, uma castanha-de-galinha, que é uma PANC e é uma castanha “maravilhosa” que se pode fazer, por exemplo, farinha, leite, queijo e bolo.
Kinupp explica que nem todas as PANCS são espontâneas, algumas delas precisam de cultivo, como a araruta, o cubiu, o ariá. “PANCs é tudo que não é corriqueiro e que a maioria das pessoas não sabe o que é, ou já ouviu falar e nunca comeu, ou não sabe identificar e não encontra em lugar nenhum”, diz. Para exemplificar, Kinupp cita as hortaliças folhosas como sendo “mato”, porque não estão no prato. “São as caapebas, a urtiga, a taioba, a vitória-régia, o aguapé. Todas elas são alimentícias”, explica.
Você sabia que é possível fazer pipoca e geleia da vitória-régia? / Foto : Divulgação
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