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Manaus, AM, quinta, 19 de setembro de 2024

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Canhões da colonização portuguesa no Alto Solimões são encontrados após seca record!

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Peças ajudaram a Coroa Portuguesa impor domínio na região — Foto: Reprodução

A forte seca que castiga o município de Tabatinga, no interior do Amazonas, trouxe à tona uma descoberta histórica: dois canhões utilizados na proteção do Forte São Francisco Xavier de Tabatinga. As peças de artilharia, reveladas pelas águas extremamente baixas do Rio Solimões, fazem parte do arsenal militar português do século XVIII. Esta seca, considerada a pior dos últimos 42 anos, não apenas expôs os canhões, mas também as ruínas do antigo forte, um importante marco da colonização portuguesa no Alto Solimões.

De acordo com o Serviço Geológico do Brasil (SGB), o nível do Rio Solimões atingiu uma cota negativa recorde de -1,91 metros, a menor já registrada desde o início do monitoramento pela Agência Nacional de Águas (ANA) em 1982. As condições críticas do rio facilitaram a descoberta das peças de artilharia, cada uma pesando cerca de duas toneladas.

A descoberta foi feita por um grupo de amigos que pescava no último sábado (14). Alex Cajueiro, um dos pescadores, relatou que, ao cortar caminho pela água, esbarrou em algo grande e metálico. Ao examinar mais de perto com os amigos, perceberam que se tratava de um canhão histórico. “Nossa pescaria não foi muito produtiva, mas acabamos ‘pescando’ uma relíquia que faz parte da nossa história”, disse Cajueiro, surpreso.

Peças ajudaram a Coroa Portuguesa impor domínio na região — Foto: Reprodução

Peças ajudaram a Coroa Portuguesa impor domínio na região — Foto: Reprodução

Esses canhões foram usados pelos portugueses para defender o Forte São Francisco Xavier de Tabatinga, que tinha como objetivo proteger a fronteira brasileira de possíveis incursões espanholas e evitar o contrabando na região. O historiador Luís Ataíde explicou que, além de servir como proteção militar, os canhões simbolizavam o poder da Coroa Portuguesa na área. “Essas peças de artilharia ajudavam a inibir o contrabando e a consolidar o domínio português sobre o Alto Solimões. Existiam quatro canhões, dois de ferro de calibre 12 e dois de bronze de calibre 4”, detalhou o historiador.

A luta pela soberania da região foi marcada por dois tratados históricos. O primeiro, o Tratado de Madri de 1750, que estabeleceu os limites territoriais entre Portugal e Espanha na América do Sul, garantindo a posse da região de Tabatinga para os portugueses. No entanto, a disputa continuou até 1777, quando o Tratado de Santo Ildefonso foi assinado, com a Espanha pedindo a devolução do território do Alto Solimões para Portugal. Essa fronteira, hoje compartilhada entre Brasil, Colômbia e Peru, era motivo de grande disputa entre as potências coloniais da época.

Em reconhecimento à importância histórica do Forte São Francisco Xavier de Tabatinga, o Exército Brasileiro construiu um memorial que reproduz parte da antiga estrutura. Localizado dentro do Parque Zoobotânico de Tabatinga, o museu do Comando de Fronteira Solimões exibe réplicas de canhões e outras relíquias da época colonial. O memorial serve como homenagem aos militares que defenderam a soberania nacional naquela região.

Embora o forte tenha sido parcialmente inundado pelas águas do Rio Solimões em 1932, ele permanece como um símbolo de resistência e poder na região. Atualmente, o Forte São Francisco Xavier de Tabatinga está inscrito no Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), preservando sua importância para a história do Brasil.

O Exército Brasileiro, por meio do 8º Batalhão de Infantaria de Selva, já está envolvido na remoção dos canhões encontrados. Eles serão restaurados e provavelmente integrados ao acervo do museu local, proporcionando à população e aos visitantes uma oportunidade única de reviver esse capítulo da história colonial do país. O fato de os canhões estarem parcialmente submersos por tanto tempo também destaca o impacto ambiental da seca severa que atinge a região, trazendo à luz relíquias históricas que antes estavam ocultas pelas águas profundas do Solimões.

A descoberta dessas peças não é apenas um lembrete da presença colonial na Amazônia, mas também uma janela para o passado, revelando a complexa história de disputas territoriais e de resistência militar que moldou as fronteiras atuais da região. Assim, enquanto as águas do Solimões recuam, a história do Brasil emerge, permitindo que novas gerações se conectem com o legado de sua terra.

Peças ajudaram a Coroa Portuguesa impor domínio na região — Foto: Reprodução

Peças ajudaram a Coroa Portuguesa impor domínio na região — Foto: Reprodução

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