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19 horas atrásno
Em um período em que o transporte aéreo ainda utilizava os rios como pistas de pouso, a Panair do Brasil, uma das maiores empresas de aviação da época, desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento da infraestrutura aeroviária no Brasil.
Entre suas realizações, destaca-se o Aeroporto Fluvial de Manaus, uma instalação singular que refletia a inovação e a adaptabilidade necessárias para operar em um ambiente único como a Amazônia.
Localizado na baía do rio Negro, próximo à confluência dos bairros de Constantinópolis (atual Educandos) e Colônia Oliveira Machado, esse “aeroporto” fluvial se tornou um marco histórico da aviação brasileira.
No início do século XX, a região Norte, com sua vasta rede de rios navegáveis, representava um desafio e, ao mesmo tempo, uma oportunidade para o transporte aéreo. A falta de estradas e a dificuldade de acesso terrestre tornavam os rios a principal via de locomoção e, consequentemente, de integração econômica e social.
Foi nesse cenário que a Panair do Brasil implementou sua rede aeroviária, conectando a Amazônia ao restante do país e ao mundo.
A Panair especializou-se em operações de pouso na água na Bacia Amazônica, enquanto a concorrente Condor investiu em operações terrestres usando a rota de Mato Grosso. No bairro de Educandos, em Manaus, às margens do Rio Negro, existe até hoje um porto chamado de Panair, originalmente um hidroporto utilizado pela empresa.
Com o crescimento da demanda por viagens, transporte de cargas e envio de correspondências, a empresa viu a necessidade de expandir suas operações. Esse esforço incluiu a construção e modernização de diversas instalações na região, dentre as quais o Aeroporto Fluvial de Manaus foi um dos destaques.
Para atender às necessidades da crescente rede aeroviária, o Aeroporto Fluvial de Manaus foi equipado com um moderno flutuante de concreto, uma inovação para a época. Medindo 12 metros de comprimento por 7 metros de largura, o flutuante possuía uma superestrutura de madeira distribuída em dois pavimentos, oferecendo espaço para escritórios de tráfego e operações, além de áreas destinadas ao almoxarifado, depósito e gerador elétrico.
Essa estrutura flutuante não apenas facilitava o embarque e desembarque de passageiros e mercadorias, mas também resistia às variações do nível do rio Negro, características do regime hidrológico da região.
Além do flutuante, a Panair construiu modernas estações de rádio e outras instalações terrestres, garantindo a eficiência das operações e a comunicação entre os voos e a base. Essas obras destacavam-se como um símbolo de progresso e tecnologia, evidenciando a importância estratégica que a Amazônia ocupava nos planos da empresa.
Com o passar do tempo e a modernização do transporte aéreo, o Aeroporto Fluvial de Manaus foi desativado, mas seu legado persiste na memória coletiva da cidade. O local que um dia abrigou essa obra de engenharia agora é ocupado pela Feira da Panair, um espaço de comércio popular que mantém vivo o nome e a história dessa época.
Embora não mais em funcionamento, o Aeroporto Fluvial de Manaus simboliza a conexão entre a inovação tecnológica e as necessidades da região amazônica. Ele é um testemunho da capacidade humana de se adaptar às condições mais desafiadoras e de criar soluções que, mesmo décadas depois, ainda inspiram admiração.
Um dos pontos de comércio popular mais conhecidos em Manaus é a “Feira da Panair”, que ganhou esse nome porque funciona no local onde, no passado, ficava o terminal que dava acesso aos hidroaviões da empresa.
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