Curiosidades Amazônicas
No ritmo do boi bumbá as marcas mudam de cores em Parintins
Publicado
11 anos atrásno
Muitos já ouviram falar que as grandes marcas mudam de cor durante o Festival Folclórico de Parintins, mas poucos já viram isso de fato. Essa mudança é com certeza algo que chama muito a atenção, principalmente para os profissionais de marketing, publicidade e design. Para uns, é puro capitalismo, para outros, mais do que isso, é permitir-se ser aceito dentro de uma cultura extremamente forte, e assim, ser consumido sem problemas.
Neste artigo estarei tratando um pouco sobre isso, além de fornecer diversos exemplos de grandes marcas que entraram no ritmo do boi bumbá e mudaram suas cores durante o Festival de Parintins.
O quê torna isso possível? Basicamente estamos falando de Cultura, Personalidade e Usuário.
Cultura porque representa a cultura dos “Bois”.
Personalidade pois representa as cores vermelha do Garantido e azul do Caprichoso.
Usuário porque a marca sugere o tipo de consumidor que compra ou usa o produto, ou seja, qualifica as pessoas que consomem azul que torcem para o Caprichoso e vermelho que torcem pro Garantido.
História do Festival
Pra inicio e conversa é necessário sabermos como o Festival começou, assim, podemos identificar e aprender sobre os elementos culturais envoltos nesse tema.
Conta-se que o Bumbá Garantido, isto é, a metade “vermelha” do município de Parintins, teve Lindolfo Monteverde como fundador do “Boi” Garantido. Ainda menino, gostava de ouvir as histórias que sua avó contava. A que mais lhe encantava, eram as lendas do boi de pano que dançava nas noites de São João.
A história permaneceu na imaginação de Lindolfo Monteverde, de tal forma, que ele viria a criar uma armação, cobrindo-a com um pano e saindo às ruas, brincando com o seu “Boi Bumbá”. Isso teria acontecido, há muitos anos, na cidade de Parintins.
No exército, Lindolfo adoeceu gravemente. Para recuperar a saúde, fez uma promessa a São João Batista que, se voltasse a ficar bom, seu “Boi” jamais deixaria de sair às ruas, pelo tempo que ele vivesse. Ele se recuperou e todos os anos, até os dias de hoje, os torcedores do “Boi” se reúnem para rezar e festejar.
O Boi Garantido foi criado branco com o coração vermelho. O nome, Garantido, tem algumas versões para justificá-lo. Uma delas deriva das primeiras brigas entre os “brincantes” (torcedores) de ambos os “Bois”. O chifre do “Boi contrário” cai e Lindolfo, como bom repentista que era, entoa as palavras: “nosso Boi sempre sai inteiro. Isso é Garantido!”.
A outra versão parte de outro repentista, que desafia: “Este ano, se cuide, que eu vou caprichar no meu “Boi”. Lindolfo então retruca: “Pois capriche no seu, que eu “garanto” o meu!”
Já no lado azul do município existe o Bumbá Caprichoso, nascido em outubro de 1913, criado pelos irmãos Cid, que mudaram para Parintins com a esperança de começarem uma vida nova.
A coincidência entre os dois “Bois” acontece na promessa. Na ocasião, os irmãos fizeram também as suas a São João Batista. E tiveram seus desejos realizados. E então cumpriram o prometido: ofereceram um “Boi”, feito de pano, ao santo.
Jose Furtado Belém, advogado que teria feito carreira política em Parintins, tinha tido a oportunidade de conhecer a dança do “Boi” quando estivera em visita a Manaus. Ao encontrar-se com os três irmãos da família Cid e saber sobre “Boi”, gostou da ideia e, juntos criariam o “Boi” Galante. Mas foi só em 1925 que um grupo de pessoas se reuniu com o objetivo de fundar um “Boi Bumbá”. Um dos presentes, o Coronel João Meireles, teria sugerido colocar o nome de Caprichoso – “Boi” que teria visto em Manaus, do qual o coronel seria fã.
O nome Caprichoso teria um significado intrínseco a ele, isto é, pessoas cheias de capricho, trabalho e honestidade. O sufixo “oso”, significando provido ou cheio de. Quando somados, “capricho” mais “oso”, poder-se-ia dizer que é extravagante e primoroso em sua arte.
O “Boi” Caprichoso contava, inicialmente, com uma marujada, como eram chamados os integrantes da batucada, de 20 pessoas. Os símbolos da Marujada eram: a Estrela Maior, o Amo e A Vaquejada. Surge então, o símbolo do Caprichoso: a estrela azul.
Marketing
O que esse história do folclore brasileiro tem a ver com Marketing? Simplesmente tudo…Diferenciação, inovação, marca e embalagem.
Tudo na Ilha Tupinambarana gira em torno das cores azul e vermelho. A identidade visual fica portando definida de modo que faça referência à um ou ao outro, ou em alguns casos, à ambos no mesmo produto.
A quantidade de pessoas e de possibilidades de negócios é fenomenal, sendo que várias empresas personalizam suas marcas para garantir que evento possua sua marca em destaque.
Já tinha visto algo assim? Parece estranho? Está errado? Nada disso. Trata-se da exposição de uma das muitas marcas presentes no festival folclórico de Parintins, no Amazonas. É a segunda maior festa do Brasil, só perde para o Carnaval, e envolve toda a região norte do País.
Dessa forma, por mais estranho que possa parecer, as questões culturais falam mais forte. As marcas que tradicionalmente usam cores vermelhas também têm que adotar o azul como sua segunda cor em Parintins.
Marcas Grandes Mudam de Cores
Segundo Kotler, a embalagem é o conjunto de atividades de projeto e produção do recipiente ou envoltório de um produto. Além de mostrar a forma do produto, destaca como a marca pode ser identificada por determinado nicho de mercado ou atividade.
Em Parintins, quem teve a oportunidade de ver as embalagens azuis e vermelhas que foram adaptadas para o evento que, de tão importante, exige que as principais marcas de varejo se adaptem e produzam produtos adaptados às necessidades, sendo uma importante oportunidade de inovação.
Ao contrário do que um desavisado possa pensar, não se trata de uma influência do filme “Avatar” nas marcas. O motivo é genuinamente brasileiro. No município de Parintins, no Amazonas, a tradicional disputa entre os bois Garantido e Caprichoso mexe não só com o cotidiano da cidade, mas também com as marcas lá presentes.
Embalagens sobre o Festival de Parintins
Para criar uma embalagem, as etapas não são fáceis como parecem. No mínimo as 5 condições abaixo têm que ser seguidas para que empresa consiga avaliar a sua própria embalagem, segundo Shimp, no modelo VIAP: Visibilidade, Informação, Apelo Emocional e Praticidade.
Seguem, algumas das embalagens que conseguiram se adequar ao Festival Folclórico e produziram embalagens “consideradas”.
Sou o idealizador do No Amazonas é Assim e um apaixonado pela nossa terra. Gravo vídeos sobre cultura, comunicação digital, turismo e empreendedorismo além de políticas públicas.
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