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5 anos atrásno
Um vídeo divugado nas redes sociais, no início da semana, causou revolta nas redes sociais. Nas imagens um homem mostra, com orgulho, três onças-pintadas mortas na carroceria de uma caminhonete.
O registro é feito por uma segunda pessoa, que mostra os corpos dos animais já sem vida. A voz feminina conta como a emboscada aconteceu e no final, revela o autor do crime, um homem a quem chama de “Carrapicho”, que diz que as onças estavam em árvore.
A filmagem teria sido feita na região do rio das Mortes, em Cocalinho, a 860 km de Cuiabá, no Mato Grosso. Pelas imagens, biólogos suspeitam que os animais mortos são uma fêmea e dois filhotes.
A Polícia Civil de Mato Grosso informou que não houve registro de ocorrência de crime ambiental contra a fauna na Delegacia de Cocalinho, mas que o vídeo será investigado. Já o Ibama, que é o órgão federal responsável pela proteção dos animais no Brasil, afirmou não ter informações sobre o vídeo.
Na quarta-feira (13/11), a Polícia Civil conseguiu localizar a propriedade rural onde o vídeo foi feito e encontrou a caminhonete que aparece nas imagens. Os investigadores foram recebidos por um caseiro, que afirmou ser novo no local. A polícia acredita que a morte das onças já tinha ocorrido há uns cinco ou seis dias e por causa da repercussão do caso, os criminosos fugiram, mas já se sabe quem é o dono da fazenda, que será ouvido.
A organização Onçafari, que trabalha pela preservação ambiental e a promoção do ecoturismo, na região do Pantanal, também denunciou em suas redes sociais, a imagem de outros caçadores/criminosos, ao lado de uma onça abatida, perto de Porto Jofre, um “berçário” da espécie no Mato Grosso.
No Facebook, Onçafari, associação que promove a conservação do meio ambiente, mostrou sua indignação e apontou a solução para dar um fim a este tipo de crime bárbaro:
“Acreditamos que para que a caça realmente diminua no Brasil, é preciso integrar populações locais e ribeirinhas no processo de desenvolvimento. Infelizmente não podemos contar que apenas com leis mais restritivas reduzirão a quantidade destes crimes. Quando trazemos para nosso lado os moradores que vivem em locais onde as onças existem, mostramos que a onça vale muito mais viva do que morta (em todos os aspectos), começamos a ver uma mudança real no comportamento da comunidade toda e eles próprios passam a proteger a fauna. Não é possível aceitar que isso continue sendo tratado como algo normal. A fauna silvestre tem um papel importantíssimo para a manutenção de um meio ambiente saudável, um ambiente que o mundo inteiro depende para continua existindo”, disse a nota da associação.
Matar qualquer animal silvestre ainda é crime ambiental, com pena de seis meses a um ano de detenção, conforme artigo 29 da Lei nº 9.605 de 12 de fevereiro de 1998.
Onça-pintada, ameaçada de extinção
A onça-pintada (Panthera onca), também chamada de jaguar, é o terceiro maior felino do mundo e o maior do continente americano. Seu peso pode variar entre 56 e 92 kg, mas alguns passam dos 100 kg.
Originalmente, este animal era encontrado desde o sudoeste dos Estados Unidos até o norte da Argentina. Atualmente, está oficialmente extinto em solo americano, é muito raro no México, mas ainda pode ser visto na Argentina, Paraguai e Brasil.
Devido à perda de habitat e a fragmentação da mata, provocadas pelo desmatamento, especialistas receiam que a onça-pintada possa desaparecer da Mata Atlântica, como mostramos aqui, neste outro post.
A espécie já perdeu 85% de seu habitat e sobrevive em apenas 2,8% do bioma atlântico, em grupos muito pequenos.
A União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês) estima que, atualmente existem cerca de 173 mil onças-pintadas vivendo livres na natureza no mundo. Seu status de extinção é considerado “vulnerável” pela Lista Vermelha da entidade.
Confira o vídeo:
Sou o idealizador do No Amazonas é Assim e um apaixonado pela nossa terra. Gravo vídeos sobre cultura, comunicação digital, turismo e empreendedorismo além de políticas públicas.
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