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6 anos atrásno
A grande festa do Amazonas terá ainda mais motivos para celebrar! O Complexo Cultural do Boi Bumbá do Médio Amazonas e Parintins é uma manifestação cultural de caráter festivo, que tem a figura do Boi como seu elemento principal e envolve uma série de danças, músicas, drama e enredo. Toda essa tradição estará em análise na próxima reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, que acontecerá em Belém (PA), nos dias 08 e 09 de novembro, e o Boi Bumbá do Amazonas poderá ser reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil.
Os modos de brincar o Boi são diferentes dependendo da região do país. Em cada contexto há variações e denominações próprias, além de ocorrer em distintas épocas do ano. Seja qual for a vertente, o folguedo se estabeleceu de forma marcante na região amazônica e, a cada apresentação, faz o coração dos brincantes e de quem assiste pulsar mais forte. Nessa região, ele ocorre com mais frequência durante os festejos juninos dos santos católicos: Santo Antônio, São João e São Pedro.
Boi de Terreiro, Boi de Rua e Boi de Arena: os bois do Médio Amazonas e Parintins
O folguedo ou a brincadeira do Boi teria chegado na Amazônia por meio das missões jesuíticas, em seu esforço de catequização ao longo do século XVII, retomando tradições presentes no Mediterrâneo europeu e agregando influências indígenas e negras. Já no período de migração para a região amazônica, por conta da exploração das seringueiras e da produção da borracha, essas manifestações da brincadeira do Boi também receberam referências de outras regiões do país, principalmente nordestinas.
Derivado dos Festivais Folclóricos da região, surge o chamado Boi de Arena. Esta modalidade do folguedo se estabeleceu de forma especial na cidade de Parintins (AM) e apresenta características muito específicas. O Festival Folclórico de Parintins, referência dos estudos sobre o Boi de Arena, ocorre anualmente na última semana de junho. Durante três noites, dois grupos de Boi Bumbá, o Garantido e o Caprichoso, se revezam em apresentações de caráter competitivo, no espaço conhecido como Bumbódromo. O local, assim chamado em alusão ao Sambódromo do Rio de Janeiro (RJ), se pinta nas cores do Boi e milhares de pessoas se dividem entre as duas arquibancadas – uma vermelha, do Garantido; e outra azul, do Caprichoso – enquanto um corpo de jurados avalia a performance dos grupos e decide pelo grande campeão.
Um grande e inesquecível complexo cultural
Apesar das singularidades de cada uma das vertentes, a história que guia toda a festividade é protagonizada por alguns personagens centrais: pai Francisco; mãe Catirina; figuras religiosas, representadas por um padre e/ou um pajé; o dono do Boi; o vaqueiro; e os índios. O enredo começa com um desejo de mãe Catirina, que estava grávida e queria comer a língua do Boi. Pai Francisco, para satisfazer o desejo da esposa, mata o Boi favorito do dono da fazenda. Com medo de represálias, o casal foge mato a dentro, mas um dos vaqueiros os denunciam. O dono do Boi então ordena aos índios guerreiros que os capturem, com a benção do padre. É aí que os índios pegam pai Francisco, para que seja castigado. Enquanto isso, o pajé tenta reanimar o Boi e recomenda que, para que ele viva, é preciso espirrar em sua cauda. Pai Francisco, então, espirra no bicho, que começa a se levantar. Todos se alegram e inicia-se a grande comemoração.
A dança dramática, como denominou Mário de Andrade, apresenta elementos que podem caracterizá-la como uma forte referência cultural. Dentre esses elementos, existe a relação pai-filho na transmissão do folguedo; a importância do Boi Bumbá na construção das identidades sociais; a identidade cabocla e indígena que a brincadeira assume na região; e o intenso envolvimento da comunidade local na preparação do Boi Bumbá, nos seus três formatos e os inúmeros saberes que constituem o Complexo Cultural do Boi Bumbá do Médio Amazonas e Parintins. Caso seja reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil, esse será o décimo segundo bem inscrito no Livro de Registro das Celebrações. Na mesma reunião, o Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural poderá reconhecer, ainda, outros dois bens do Norte: um geoglifo, do Acre, e o Marabaixo, no Amapá.
Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural
O Conselho que avalia os processos de tombamento e registro é formado por especialistas de diversas áreas, como cultura, turismo, antropologia, arquitetura e urbanismo, sociologia, história e arqueologia. Ao todo, são 22 conselheiros, que representam o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), a Associação Brasileira de Antropologia (ABA), o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), a Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB), o Ministério da Educação, o Ministério do Turismo, o Instituto Brasileiro dos Museus (Ibram), o Ministério do Meio Ambiente, Ministérios das Cidades, e mais 13 representantes da sociedade civil, com especial conhecimento nos campos de atuação do Iphan.
Sou o idealizador do No Amazonas é Assim e um apaixonado pela nossa terra. Gravo vídeos sobre cultura, comunicação digital, turismo e empreendedorismo além de políticas públicas.
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