Polícia
Caso Djidja: Justiça anula processo e réus estão a um passo da liberdade

A Justiça do Amazonas anulou, nesta segunda-feira (22/9), o processo contra os réus envolvidos na morte da empresária e ex-sinhazinha do Boi Garantido, Djidja Cardoso, após acolher recurso da defesa. A decisão veio depois que o Ministério Público do Estado do Amazonas reconheceu uma falha na condução do caso e pediu que ele retornasse à primeira instância.
O julgamento aconteceu de forma virtual e começou às 9h. Na sessão, os advogados de defesa apresentaram verbalmente os argumentos que levaram ao pedido de anulação. O processo foi relatado pela desembargadora Luiza Cristina Nascimento da Costa Marques.
Segundo o MP-AM, houve cerceamento de defesa, pois os advogados não foram informados da inclusão dos laudos periciais antes da sentença. Por isso, o órgão solicitou a anulação parcial dos atos e o retorno do processo à fase inicial.

Os réus estão agora a um passo da liberdade – Imagem: Divulgação
Quem são os condenados e quais as penas
Em dezembro de 2024, cinco acusados foram condenados por tráfico de drogas e associação para o tráfico:
- Cleusimar Cardoso Rodrigues (mãe de Djidja): total das penas: 10 anos, 11 meses e 8 dias de reclusão;
- Ademar Farias Cardoso Neto (irmão de Djidja): total das penas: 10 anos, 11 meses e 8 dias de reclusão;
- José Máximo Silva de Oliveira (veterinário): total das penas: 10 anos, 11 meses e 8 dias de reclusão;
- Sávio Soares Pereira (sócio de José Máximo): total das penas: 10 anos, 11 meses e 8 dias de reclusão;
- Hatus Moraes Silveira (coach da família): total das penas: 10 anos, 11 meses e 8 dias de reclusão;
- Verônica da Costa Seixas (gerente de salões de beleza): total das penas: 10 anos, 11 meses e 8 dias de reclusão;
- Bruno Roberto da Silva Lima (ex-namorado de Djidja): total das penas: 10 anos, 11 meses e 8 dias de reclusão;
Apesar da nulidade reconhecida, o pedido de liberdade foi negado. A defesa informou que já entrou com habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e espera decisão ainda nesta semana.
Como funcionava o grupo religioso
As investigações apontam que a mãe e o irmão de Djidja lideravam um grupo chamado “Pai, Mãe, Vida”, que utilizava a cetamina – droga sintética com efeito alucinógeno – em rituais supostamente espirituais.
O irmão de Djidja, Ademar Farias, teria introduzido o uso da substância na família após uma viagem a Londres. O grupo defendia que a droga ajudava a alcançar “elevação espiritual”. Policiais encontraram frascos de cetamina enterrados no quintal da casa de Djidja no dia da morte.
Algumas vítimas relataram à polícia que sofreram violência sexual e abortos durante os rituais. O grupo via a mãe, Cleusimar, como “Maria”, Ademar como “Jesus Cristo” e Djidja como “Maria Madalena”.
Causa da Morte de Djidja
Djidja Cardoso, que brilhou no Festival de Parintins por muitos anos, foi encontrada morta em 28 de maio de 2024. O laudo preliminar do Instituto Médico Legal (IML) apontou edema cerebral, mas a principal linha de investigação segue sendo a hipótese de overdose de cetamina.
Repercussão
A decisão de anular o processo reacendeu nas redes sociais o debate sobre o caso e a sensação de impunidade. “O caso Djidja mexe com todo mundo. Precisamos que a Justiça seja feita”, escreveu uma internauta.
Por que isso importa
A anulação do processo pode significar novos rumos para o julgamento. Mesmo com o avanço, o pedido de liberdade foi negado. A defesa informou que vai ingressar com habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília, e espera uma decisão do ministro relator ainda nesta semana.