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4 anos atrásno
Que há algo estranho no ar do Amazonas todos já sabem. O Amazonas colapstou na segunda onda em Janeiro e somente com o apoio do país inteiro conseguiu sair da situação que se encontrava. Foram inúmeras doações de todas as partes do Brasil feita por pessoas físicas, organizações não governamentais, empresas privadas e ajuda de outros Estados acolhendo os enfermos em seus hospitais.
Aliás, essa locomoção surgiu também novas preocupações e novos estudos para rastrear as variantes do novo coronavírus. Atualmente existem cerca de 400 variantes no mundo, no Amazonas, já foram identificadas 18 variantes. Isso se dá ao trânsito de pessoas através de barcos, navios, aeroportos e viagens nacionais e internacionais. Vale ressaltar que o primeiro caso de Coronavírus em Manaus foi de uma pessoa que havia passado as férias na Inglaterra.
O aumento do número de internações por covid-19 em Manaus, no Amazonas, de 552 em dezembro para 3.431 em janeiro, tem surpreendido e preocupado os cientistas. Em texto publicado na revista científica The Lancet, em 27 de janeiro, um grupo de pesquisadores, com participação da USP, aponta que o novo surto pode estar ligado à nova variante do vírus, potencialmente mais transmissível, e à perda de anticorpos dos que foram infectados na primeira onda da doença, em abril do ano passado.
Os pesquisadores recomendam um aumento da vigilância sorológica e genômica para entender a dinâmica da nova linhagem do vírus, sua capacidade de reinfecção e o efeito das vacinas.
O texto apresenta quatro hipóteses não excludentes para o surto de covid-19 que começou em dezembro na cidade de Manaus. A primeira é que a taxa de ataque, isto é, o número de pessoas infectadas, foi superestimada durante a primeira onda da doença, em abril do ano passado.
“Esta é sempre uma possibilidade, porém pelo menos 50% das pessoas mostravam anticorpos em junho, e esse valor seria grande o suficiente para evitar uma segunda onda, mesmo que a taxa não tivesse chegado a 76% em outubro”, afirma ao Jornal da USP a professora Ester Sabino, do Instituto de Medicina Tropical (IMT) e da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), primeira autora do texto. “Em geral, a prevalência nos doadores de sangue, em qualquer doença, é subestimada, pois pessoas com sintomas são excluídas da doação, o que pode ter influenciado na estimativa.”
A segunda hipótese é que houve uma possível diminuição da imunidade para o vírus em dezembro de 2020. “Pesquisas apontam que a infecção é rara em pessoas que apresentam anticorpos, mas esses estudos apenas seguiram as pessoas por seis meses”, aponta Ester. “Ou seja, os novos casos em Manaus ocorreram de sete a oito meses depois do pico, quando ainda não existiam dados claros quanto à reinfecção.”
Nova linhagem
O surgimento de uma nova linhagem do coronavírus, identificada em dezembro no Amazonas, é a terceira hipótese apontada pelo texto. “Desde dezembro, a variante do vírus vem sendo detectada em um número significativo de amostras de pacientes”, observa a professora.
“Essa nova linhagem provavelmente tem mais facilidade para escapar do sistema imune do corpo humano”
A última hipótese apontada pelos pesquisadores é que a nova linhagem possui uma taxa de transmissão maior do que a anterior. “Com isso o limiar de imunidade populacional para bloquear um novo surto é maior”, ressalta Ester.
“É necessário intensificar ações de pesquisa que forneçam respostas que orientem ações de combate à doença”
Os pesquisadores indicam maior vigilância sorológica e genômica dos casos de covid-19, com atenção especial para ocorrências de reinfecção, inclusive pela nova linhagem. Também é sugerida uma investigação sobre a eficácia das vacinas contra o vírus e suas variantes, com a genotipagem de pessoas não vacinadas.
O texto foi elaborado por pesquisadores do Centro Brasil-Reino Unido de Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (CADDE), que têm divulgado mensalmente dados de pesquisas com doadores de sangue em Manaus, incluindo informações genéticas, através de plataformas de acesso aberto. O texto Resurgence of COVID-19 in Manaus, Brazil, despite high seroprevalence, foi publicado no site da revista científica The Lancet em 27 de janeiro.
Sou o idealizador do No Amazonas é Assim e um apaixonado pela nossa terra. Gravo vídeos sobre cultura, comunicação digital, turismo e empreendedorismo além de políticas públicas.