Conheça por dentro a casa e a vida da Gleici, do 'BBB 18' antes do Reality. Sister teve o pai assassinado pelo tráfico e passou fome - No Amazonas é Assim
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Manaus, AM, domingo, 17 de novembro de 2024

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Conheça por dentro a casa e a vida da Gleici, do ‘BBB 18’ antes do Reality. Sister teve o pai assassinado pelo tráfico e passou fome

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Uma das favoritas ao prêmio de R$ 1,5 milhão no “BBB 18”, a acreana Gleici Damasceno, de 23 anos, leva uma vida muito diferente da que desfruta no reality show. De origem humilde, ela cresceu na zona rural e vive hoje em uma casa simples, de madeira e alvenaria, e três cômodos, com a mãe, o irmão mais velho e a sobrinha de 3 anos na periferia da Baixada da Sobral, uma das áreas mais violentas da capital do Acre.

Gleici viu a violência de perto quando o seu pai foi assassinado há três anos, dentro de casa e na frente da irmã mais nova, pelo tráfico de drogas que domina a região. O pai da sister era dependente químico e se separou da mãe dela quando Gleici tinha 6 anos.

Gleici na formatura do Ensino Médio Foto: Jardy Lopes

Gleici na formatura do Ensino Médio Foto: Jardy Lopes

Mãe de Gleici trabalhou como doméstica e criou os três filhos sozinha Foto: Jardy Lopes

Mãe de Gleici trabalhou como doméstica e criou os três filhos sozinha Foto: Jardy Lopes

Sem internet e TV a cabo em casa

Na mesma época, a mãe, Vanuzia, de 39, foi diagnosticada com um câncer no útero e teve que abandonar o emprego no gabinete de uma vereadora da cidade, sua ex-patroa. Para a função, ela ganhava R$ 2 mil, renda essa que era complementada como zeladora da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) à noite. Coube a Gleici assumir as despesas da família. Sem internet e TV a cabo em casa, Vanuzia, e o irmão da sister, Gleisson, de 24, acompanham o programa graças à generosidade dos vizinhos, que cederam um ponto.

Irmão de Gleice na casa onde eles moram, no Acre Foto: Jardy Lopes

Irmão de Gleice na casa onde eles moram, no Acre Foto: Jardy Lopes

Irmão de Gleice, Gleisson, de 24 anos Foto: Jardy Lopes

Irmão de Gleice, Gleisson, de 24 anos Foto: Jardy Lopes

Cama de Gleici fica na sala da casa, atrás do sofá Foto: Jardy Lopes

Cama de Gleici fica na sala da casa, atrás do sofá Foto: Jardy Lopes

Irmão de Gleici dorme na sala da casa com ela Foto: Jardy Lopes

Irmão de Gleici dorme na sala da casa com ela Foto: Jardy Lopes

Sister dorme em uma cama na sala

A casa é protegida por uma cerca de madeira e possui um quarto, cozinha e sala (mobiliada com um sofá simples, uma TV e a cama da Gleici). “Íamos usar o 13º (salário) dela para desmanchar a sala e fazer um quartinho aqui. Era o sonho dela”, conta a mãe, que sobrevive atualmente com a ajuda de vizinhos e do dinheiro da exoneração de Gleici no cargo comissionado na Assessoria de Juventude, no Governo do Estado.

Vizinho cedeu um ponto de TV a cabo para mãe de Gleici assistir ao "BBB" Foto: Jardy Lopes

Vizinho cedeu um ponto de TV a cabo para mãe de Gleici assistir ao “BBB” Foto: Jardy Lopes

Cozinha da casa de Gleici do "BBB 18" Foto: Jardy Lopes

Cozinha da casa de Gleici do “BBB 18” Foto: Jardy Lopes

Compra fiado em mercearia

A acreana ganhava R$ 2,700 para sustentar a família, comprar remédios para mãe, pagar contas de água e luz, despesas dos irmãos e suprir a casa de alimentos. Ela também usava o dinheiro para pagar metade da faculdade de Psicologia na Uninorte. Os outros 50% são custeados pelo Fies (programa de financiamento estudantil do Governo). A família Damasceno tem uma conta fiada no mercadinho que fica na frente da casa. “Ela acerta tudo direitinho. É uma menina honesta. Dá gosto de ver”, elogia o comerciante Manoel Malveira.

O comerciante Manoel Malveira deu um crediário para Gleici comprar fiado Foto: Jardy Lopes

O comerciante Manoel Malveira deu um crediário para Gleici comprar fiado Foto: Jardy Lopes

Família de Gleici compra fiado na mercearia da região Foto: Jardy Lopes

Família de Gleici compra fiado na mercearia da região Foto: Jardy Lopes

Família passou fome

A casa da família é própria, fruto do esforço do trabalho de Vanuzia, que durante anos deu duro como empregada doméstica. A matriarca juntou o dinheiro de uma rescisão contratual e conseguiu um empréstimo para comprar o imóvel. Foi quando a família deu uma melhorada de vida. Até a adolescência, Gleici viveu na extrema pobreza, com a mãe tendo que sustentar sozinha os três filhos e ainda pagar aluguel.

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“Com um salário mínimo não dá para pagar tudo. Algumas vezes, eu os mandava tomar café na casa de um parente ou outro e, às vezes, não tinha o que fazer, eu fechava os olhos e deixava ir para escola sem tomar café mesmo”, relembra a mãe, emocionada.

Inconformada com a realidade em que vivia, Gleici decidiu trabalhar aos 12 anos como babá e passou a ajudar nas despesas. Quando fez 15 anos, pediu à mãe um computador de presente. “Trabalhei muito para juntar dinheiro, mas não consegui. Até que um tio se ofereceu para fazer um crediário. A Gleici chorou muito quando viu o computador”.

Gleici em ação solidária no Acre Foto: Reprodução

Gleici em ação solidária no Acre Foto: Reprodução

Trabalho comunitário

Bastante estudiosa, ela ganhou do melhor amigo um vestido para a formatura do Ensino Médio. “Ela disse que não tinha condições de ir ao evento porque não tinha um vestido, e eu ofereci o meu, de Miss Acre Gay”, conta João Reis, homossexual assumido e líder comunitário.

“Conheci a Gleici quando ela tinha 15 anos, e tínhamos em comum essa vontade de ajudar as pessoas das comunidades carentes. Às vezes, íamos do bairro até o centro a pé, o que significa longos quilômetros. Parávamos debaixo de um pé de jaca e manga para comermos as fruta, pois não tínhamos dinheiro para comprar comida”, relembra: “Mesmo sendo pobre, ela sempre lutou por outras pessoas mais carentes que ela. De um lado, eram nossas mães fazendo de tudo para nos dar de comer, e nós fazendo de tudo para dar de comer aos outros”.

Gleici usou um vestido de um amigo gay na formatura do Ensino Médio Foto: Reprodução

Gleici usou um vestido de um amigo gay na formatura do Ensino Médio Foto: Reprodução

Gleici usou o vestido de uma amigo gay na formatura do Ensino Médio Foto: Jardy Lopes

Gleici usou o vestido de uma amigo gay na formatura do Ensino Médio Foto: Jardy Lopes

Líder comunitário, João Reis é o melhor amigo de Gleici Foto: Jardy Lopes

Líder comunitário, João Reis é o melhor amigo de Gleici Foto: Jardy Lopes

O trabalho comunitário cresceu, e Gleici quis criar uma associação e lutou por uma biblioteca comunitária. “O que motivava a Gleici era a história de vida do pai dela, que ela nem gosta muito de falar, mas levava ela a não aceitar aquilo que parecia ser seu destino”, acredita o amigo.

Assim como sister, a mãe não aceita o papel de “coitadinha” para a filha e diz que ela é inteligente, esforçada e determinada:

“Gleici não gosta de ser coitadinha, de ser vitimizada. Ela lutou contra isso a vida toda e sempre disse que seria alguém na vida. A história dela é diferente porque ela nunca se acomodou, nunca se conformou. Minha filha não é a única daqui a passar por essas dificuldades, nem é melhor por causa disso. Em cada esquina aqui a gente encontra uma Gleici, mas poucas com a coragem e a determinação dela”, diz Vanuzia.

Rua que dá acesso à casa de Gleici, no Acre Foto: Jardy Lopes

Rua que dá acesso à casa de Gleici, no Acre Foto: Jardy Lopes

Mercearia que fica em frente da casa de Gleici; sister tem uma conta fiada lá Foto: Jardy Lopes

Mercearia que fica em frente da casa de Gleici; sister tem uma conta fiada lá Foto: Jardy Lopes

Outdoor de Gleici colocado por moradores próximo à casa dela Foto: Jardy Lopes

Outdoor de Gleici colocado por moradores próximo à casa dela Foto: Jardy Lopes

 

Rua de dá acesso à casa de Gleici, no Acre Foto: Jardy Lopes

Rua de dá acesso à casa de Gleici, no Acre Foto: Jardy Lopes

Fonte Extra / Globo *Colaborou Gina Menezes

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Sou o idealizador do No Amazonas é Assim e um apaixonado pela nossa terra. Gravo vídeos sobre cultura, comunicação digital, turismo e empreendedorismo além de políticas públicas.

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