Publicado
2 anos atrásno
Por
Jussara Melo
No fim da tarde desta quinta-feira (16) os corpos dilacerados encontrados no local das buscas por Bruno Araújo Pereira e Dom Phillips, no Amazonas, chegaram em uma aeronave da Polícia Federal (PF), no Aeroporto de Brasília por volta de 18h34.
Os corpos chegaram em caixões e serão periciados a partir desta sexta-feira (17) pelo Instituto Nacional de Criminalística, no Setor Policial Sul.
O indigenista brasileiro e o jornalista inglês desapareceram em 5 de junho, na região do Vale do Javari, na Amazônia. Como os corpos estão em estágio avançado de decomposição, os peritos farão exames de DNA para comparar os vestígios à genética de familiares de Pereira e Phillips. Também poderão ser feitos exames da arcada dentária.
Os resultados das análises devem sair em até 10 dias. A perícia também deve apontar qual foi a causa da morte.
O anúncio da localização de “remanescentes humanos” foi feito pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, por uma rede social no início da noite de quarta-feira (15). Em entrevista coletiva à noite, o superintendente da Polícia Federal (PF) no Amazonas, Alexandre Fontes, afirmou que Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como Pelado, confessou envolvimento no assassinato de Pereira e Phillips.
As vítimas teriam sido mortas a tiros e os corpos, esquartejados e enterrados. O irmão dele, Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como Dos Santos, também está preso suspeito de participação no caso. Outras três pessoas também são investigadas. Nesta quinta-feira (16), a Polícia Federal cumpriu um mandado de busca e apreensão na casa de um dos suspeitos de envolvimento no crime, em Atalaia do Norte.
A motivação do crime ainda é incerta, mas a polícia apura se há relação com a atividade de pesca ilegal e tráfico de drogas na região. Segunda maior terra indígena do país, o Vale do Javari é palco de conflitos típicos da Amazônia: desmatamento e avanço do garimpo.
Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado, está detido desde 7 de junho. Segundo a polícia, ele foi visto por ribeirinhos, no dia do desaparecimento, em uma lancha logo atrás da embarcação de Pereira e Phillips. Os agentes encontraram vestígios de sangue no barco de Pelado, que vinha negando ter qualquer relação com o caso. Já Oseney, o Dos Santos, foi preso temporariamente na terça-feira (14).
Na quarta-feira (15), além de confessar participação nos crimes, Amarildo também indicou onde afundou a embarcação que era usada por Bruno e Dom. O restos mortais foram achados cerca de 3,1 km de distância de onde itens pessoais do indigenista e do jornalista, como cartão de saúde e notebook, haviam sido encontrados dias atrás.
Antes de sumir, Pereira, que era servidor licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai), e Phillips foram vistos pela última vez na comunidade São Rafael em uma viagem com duração prevista de duas horas rumo a Atalaia do Norte, mas eles não chegaram ao destino.
Logo após o desaparecimento, a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) afirmou que Pereira recebia constantes ameaças de madeireiros, garimpeiros e pescadores. Em nota divulgada na ocasião, a entidade descreveu Pereira como “experiente e profundo conhecedor da região, pois foi coordenador regional da Funai de Atalaia do Norte por anos”.
Segundo o jornal britânico “The Guardian”, do qual Phillips era colaborador, o repórter estava trabalhando em um livro sobre meio ambiente. Ele morava em Salvador e escrevia reportagens sobre o Brasil fazia mais de 15 anos. Também publicou em veículos como “Washington Post”, “The New York Times” e “Financial Times”.
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