O senador Delcídio do Amaral (PT-MS), em delação premiada à força-tarefa da Operação Lava Jato, revelou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou comprar o silêncio de Nestor Cerveró e de outras testemunhas. As informações foram divulgadas pelo site da Revista “Istoé”, que publicou alguns trechos da reportagem do acordo de delação de Delcídio.
Delcídio do Amaral cita Dilma e Lula , de acordo com Istoé
Segundo documentos publicados pela Revista “Istoé”, o senador afirma que Dilma Rousseff usou sua influência para evitar a punição de empreiteiros, ao nomear o ministro Marcelo Navarro para o Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ainda de acordo com a reportagem, o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidirá se homologa ou não a delação.
Em seu relato, Delcídio fala de outros senadores e deputados, tanto da base aliada quando da oposição. E revelou que Dilma tentou três vezes interferir na Lava Jato com a ajuda do ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.
Delcídio diz que Lula pediu “expressamente” para que ele ajudasse o pecuarista José Carlos Bumlai, porque o empresário estaria implicado nas delações de Fernando Baiano e Nestor Cerveró. Para o senador, Bumlai tinha “total intimidade” e exercia o papel de “consigliere” da família Lula, expressão em italiano que remete aos conselheiros dos chefes da máfia italiana. Delcídio intermediaria o pagamento de valores à família de Cerveró. Diz a revista.
Na conversa com o ex-presidente, Delcídio diz que “aceitou intermediar a operação”, mas lhe explicou que “com José Carlos Bumlai seria difícil falar, mas que conversaria com o filho, Maurício Bumlai, com quem mantinha boa relação”. Após receber a quantia de Maurício Bumlai, a primeira remessa de R$ 50 mil foi entregue em mãos pelo próprio Delcídio ao advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, também preso pela Lava Jato e solto em 24 de fevereiro.
Delcídio afirma que uma das maiores preocupações de Lula é a CPI do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), já que as investigações podem implicar os filhos do ex-presidente, Fábio Luiz Lula da Silva e Luiz Claudio Lula da Silva.