A deputada federal do PSOL, Sâmia Bonfim, grávida do também deputado federal e PSolista Glauber Braga, contou que ainda está avaliando as medidas que pretende tomar com relação aos comentário ofensivos que tem recebido nas suas redes sociais em relação à sua gravidez. “O que me chama mais atenção é quando esse tipo de material parte de um jornalista, um influenciador, alguém com muitos seguidores e que deveria ter responsabilidade social. Nesse caso, tomo as medidas legais para que a pessoa responda pelos seus atos judicialmente”.
Muitos dos comentários, porém, acabam partindo de perfis falsos, pois mostram que são uma turma de covarde que não tem coragem de assumir o que fala.
“Maternidade é um prato cheio para o discurso de ódio”
Sâmia acredita que a fase que está vivendo é um atrativo para este tipo de ataque. “Muitas vezes esses grupos atuam de forma organizada na internet e a maternidade é um prato cheio. Eles buscam identificar contradições na postura feminista, como se defender a legalização do aborto fosse o mesmo que pregar o assassinato desenfreado de bebês”, afirma.
Os ataques vem de pessoas que enxergam ser contraditório que uma mulher possa se declarar a favor do aborto legal e, ao mesmo tempo, manifestar o desejo de ser mãe. Ela garante que o argumento é usado como estratégia para descredibilizar a pauta. “São raras as mulheres que pensam assim. Normalmente, é um raciocínio utilizado por homens, que ficam indignados que uma mulher possa defender o direito de escolha para si mesma e para a outra”.
Segundo a deputada, isso vai contra a ideia já estabelecida na sociedade de que a maternidade deve ser compulsória — e mostra que deve ser uma escolha planejada, uma vontade, um desejo. “Isso dá um nó na cabeça de muitos, que acabam reagindo de maneira violenta”, afirma.
No seu ponto de vista, é irônico que os ataques partam justamente dos homens, uma vez que, no Brasil, muitos pais não participam da educação de seus filhos. “Muitas mulheres são mãe solo: nunca conseguiram registrar a paternidade de seus filhos porque os caras simplesmente desaparecem ou, quando registram, não são parte cotidiana da formação, não contribuem financeiramente”.
Para Sâmia, o debate deveria ser outro. “Os homens deveriam refletir justamente sobre esse papel, que boa parte deles acaba não tendo, de cumprir com seus deveres na paternidade, no carinho, no cuidado e na divisão das tarefas domésticas”.
A deputada postou hoje (25) que “A maternidade pode parecer um prato cheio para grupos organizados que querem criar contradições na postura feminista. Não há contraditório, defender a legalização do aborto é querer que todas as mulheres possam ter direito a escolher, como eu tive. Nesse caminho eu não ando só.”.