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1 ano atrásno
A telefonia móvel já era uma realidade desde a década de 80 porém, só deixou de ser corporativa e iniciou sua popularização no Brasil durante a década de 90, quando a Nokia e a Ericsson começaram a explorar o serviço através da tecnologia TDMA, que diminuía as interferências mas não tinha a praticidade da tecnologia GSM (chip).
Em 1998, o presidente do Brasil Fernando Henrique Cardoso decidiu privatizar a telecomunicação e as estatais Telemazon Celular (do Amazonas), a Telepará Celular (do Pará), a Telma Celular (do Maranhão), a Telaima Celular (de Roraima) e a Telamapá (do Amapá), após a privatização evoluiram através de um processo de fusão e a nova empresa regional compostas pelas estatais passou a se chamar Amazônia Celular.
A Amazônia Celular passou então a ser um monopólio e operou nos estados brasileiros: Amazonas, Pará, Amapá, Roraima e Maranhão.
O monopólio da Amazônia Celular durou apenas 6 meses e foi quebrado com a entrada da NBT empresa de telefonia controlada pela Portugal Telecom.
A difusão do celular, a partir daí, foi um sucesso espantoso e, algo que era motivo de ostentação, tornou-se necessidade.
A Amazônia Celular então lançou o seu celular “Diga” (normalmente um Nokia 5120i ou Nokia 5125) da “Amazônia Celular“. O Diga foi o primeiro celular a popularizar-se na região, operando com cartões pré-pagos.
A chegada do Diga da Amazônia Celular foi recebida com uma mistura de entusiasmo e ceticismo. Muitos habitantes da região estavam acostumados a viver sem comunicação móvel, confiando em rádios de ondas curtas e linhas telefônicas terrestres instáveis, mais principalmente os orelhões.
Porém, quando os primeiros celulares começaram a aparecer nas lojas da região, eles rapidamente se tornaram objetos de desejo.
Lembro-me vividamente do dia em que vi meu primeiro Diga da Amazônia Celular. Foi uma experiência emocionante que me marcou a vida e sabia que dali para frente, o futuro tecnológico da comunicação móvel havia começado. Era um dispositivo relativamente simples, um Nokia 5120i, com uma pequena tela de LCD e teclas físicas, mas para nós, era uma janela para um mundo de possibilidades. As ligações para parentes distantes, antes limitadas a ocasionais visitas, cartas ou orelhões, agora podiam ser feitas instantaneamente de qualquer lugar. As notícias e informações do mundo exterior estavam ao nosso alcance, graças a esse pequeno aparelho.
O Diga da Amazônia Celular foi especialmente projetado para atender às necessidades únicas da região. Sua bateria tinha uma vida útil excepcionalmente longa, uma característica vital para os moradores da Amazônia, que muitas vezes tinham que viajar longas distâncias para carregar seus dispositivos. Além disso, o celular operava em uma frequência específica que permitia uma boa cobertura, mesmo nas áreas mais remotas da selva.
Os cartões pré-pagos foram uma inovação crucial que tornou o Diga da Amazônia Celular acessível para a maioria das pessoas na região. Em vez de assinar contratos caros e complicados, os usuários podiam comprar cartões com créditos pré-pagos em várias lojas locais. Essa abordagem permitiu que as pessoas controlassem melhor seus gastos e evitassem surpresas desagradáveis nas contas telefônicas.
Uma das características mais marcantes do Diga da Amazônia Celular era a capacidade de enviar mensagens de texto. Para muitos, foi a primeira experiência com esse novo meio de comunicação. As mensagens de texto se tornaram uma forma eficiente de manter contato com amigos e familiares, especialmente quando as chamadas de voz eram caras ou difíceis de serem feitas devido à qualidade da rede.
Lembro-me das noites em que nos sentávamos ao redor da fogueira, enviando mensagens de texto uns para os outros. Era como se estivéssemos descobrindo um novo idioma, cheio de abreviações e emoticons que tornavam nossas conversas engraçadas e emocionantes. As mensagens de texto também se tornaram uma ferramenta importante para coordenar atividades comunitárias, como festas e eventos.
À medida que o Diga da Amazônia Celular se popularizava, começaram a surgir pequenos negócios locais que ofereciam serviços de recarga de cartões pré-pagos e consertos de celulares. Isso não apenas proporcionou oportunidades de emprego, mas também criou uma economia em torno dessa nova tecnologia.
No entanto, o Diga da Amazônia Celular também trouxe desafios. A rápida expansão das redes de celular na região muitas vezes levou ao desmatamento e à degradação ambiental. Além disso, a facilidade de comunicação trouxe consigo questões de privacidade e segurança que as comunidades amazônicas não estavam acostumadas a enfrentar.
Hoje, olhando para trás, é difícil acreditar como um simples dispositivo como o Diga da Amazônia Celular teve um impacto tão profundo em nossas vidas e comunidades. Ele nos trouxe mais perto uns dos outros e do mundo exterior, mas também nos lembrou da importância de proteger e preservar a beleza e a integridade da Amazônia.
À medida que a tecnologia evoluiu e os smartphones se tornaram a norma, o Diga da Amazônia Celular desapareceu lentamente, tornando-se uma relíquia de um tempo passado. No entanto, sua influência perdura nas memórias das pessoas que experimentaram pela primeira vez o poder da comunicação móvel na Amazônia.
Sou o idealizador do No Amazonas é Assim e um apaixonado pela nossa terra. Gravo vídeos sobre cultura, comunicação digital, turismo e empreendedorismo além de políticas públicas.
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