Numa decisão que marca um avanço significativo na postura da Igreja Católica, o Papa Francisco autorizou, nesta segunda-feira (18/12), que padres abençoem casais de pessoas do mesmo sexo. O Vaticano divulgou a notícia, destacando a importância desse passo para o acolhimento da comunidade LGBTQIA+ pela igreja.
A decisão, formalizada no documento intitulado “Suplicantes de Confiança”, assinado pelo ex-prefeito da Congregação para Doutrina da Fé, cardeal Víctor Manuel Fernández, reconhece o desejo de muitos casais católicos do mesmo sexo de terem a presença de Deus em seus relacionamentos.
O texto esclarece a distinção entre as bênçãos rituais e litúrgicas e as bênçãos espontâneas, as quais se assemelham mais a gestos de devoção popular. Agora, a igreja acolhe também aqueles que não vivem de acordo com as normas da doutrina moral cristã, mas que buscam ser abençoados.
A Congregação para a Doutrina da Fé já havia admitido essa possibilidade em outubro, e agora a Santa Sé registra oficialmente as regras para abençoar casais do mesmo sexo e casais em situação irregular.
É importante destacar que não serão permitidos ritos litúrgicos ou bênçãos que possam ser confundidos com o ritual do matrimônio, e a doutrina tradicional da igreja continuará sendo aplicada apenas para casais heterossexuais.
O porta-voz da associação cristã LGBTQIA+ Caminhos da Esperança, Andrea Rubera, considerou o documento como o primeiro passo para uma nova era. Ele lembrou que esse processo teve início em 2013, quando o papa afirmou que não cabia a ele julgar os gays, e, em fevereiro passado, reforçou que as pessoas com tendências homossexuais são filhas de Deus.
O documento destaca que as bênçãos espontâneas podem ser solicitadas em diversas ocasiões, como peregrinações, santuários e até mesmo nas ruas ao encontrar um sacerdote. Segundo as autoridades eclesiais responsáveis pelo documento, essas bênçãos devem ser concedidas a todos, sem exclusão.
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