Um ex-policial militar, um coronel da ativa da Polícia Militar e um investigador da Polícia Civil do Amazonas foram presos temporariamente na Operação Arrocho da Lei, nesta quinta-feira, em Manaus, suspeitos de envolvimento em roubo de drogas de traficantes para depois revendê-las. Um outro suspeito está desaparecido. Segundo o promotor de Justiça Armando Gurgel Maia, possivelmente o policial foi morto.
Armando Gurgel disse que a investigação começou em janeiro de 2021 quando corpos foram encontrados com cartazes informando que havia “arrochos” em Manaus. O termo designa a participação de policiais no roubo de drogas e bens de traficantes ao invés de apreender o material.
“Nos meses de janeiro e fevereiro nós tivemos alguns episódios de homicídios na cidade de Manaus com as vítimas sendo expostas com cartazes dizendo que a polícia sabia, o Tribunal de Justiça sabia, o Ministério Público sabia que havia uma série de arrochos acontecendo, que significa a atuação de policiais, de agentes públicos no momento da prisão de traficantes que realizaram a extorsão de valores, a subtração da droga, para voltar a circular essa droga”, explicou o promotor.
Gurgel afirmou que havia cartazes informando sobre a participação de policiais de um grupo especial da Polícia Militar. O promotor disse que não foi identificada participação de nenhum policial desse grupo, mas não descarta a possibilidade. “Fazendo jus aí nesse momento, pode ser até que exista. Como existem policiais, existem também diversas outras carreiras com profissionais envolvidos em casos de corrupção. Mas, nesse momento, não chegamos a policiais dessa corporação específica”, disse, sem citar a unidade da PM.
Segundo o promotor, um caso específico de um roubo de meia tonelada de drogas em 23 de janeiro deste ano chamou a atenção dos investigadores e levou aos policiais presos.
Gurgel disse que testemunhas declararam que policiais pegaram a droga e celulares, foram embora e não prenderam ninguém. “E essas pessoas, logicamente, também estavam participando da traficância para determinada facção criminosa”, disse.
Gurgel afirmou que os investigadores identificaram que um dos celulares que tinha sido levado no roubo das drogas era usado por um dos policiais que esteve no local. “Após técnicas de investigação, foi possível chegar no endereço desse agente e com diversos trabalhos de campo realizados também pelo Departamento de Repressão ao Crime Organizado foi possível chegar a um dos suspeitos”.
O promotor explicou que um dos suspeitos, um ex-policial militar, conhecido por envolvimento no assassinado do delegado Oscar Cardoso, teve contato com um coronel. “Na investigação dessa ligação com o coronel foi possível chegar ao nome do coronel”, afirmou, sem citar o nome do oficial.
O promotor disse que objetos roubados com a droga foram encontrados nesta quinta-feira. Segundo Gurgel, imagens de câmeras próximas ao local onde ficava a droga mostram um veículo que foi usado pelo coronel para dar entrada na compra de outro automóvel. “Foi possível identificar que aquele veículo tinha sido comprado recentemente e estava no nome do coronel. E tinha sido dada entrada justamente e um veículo que foi filmado na cena do crime”, disse.
De acordo com Gurgel, o caso ainda está sob investigação e as prisões e apreensões ajudarão a entender melhor a dinâmica e envolvimento dos suspeitos no crime.