O portal No Amazonas é assim obteve com exclusividade a carta escrita à punho pela perita criminal Lorena dos Santos Baptista morta pelo ex-marido na frente do filho no dia 05 de julho de 2010 em Manaus.
Lorena Baptista, foi morta com um tiro na cabeça desferido pelo ex-marido, o cirurgião-dentista Milton César Freire da Silva, quando ela estava no apartamento de Milton, no conjunto Vila Nova, no bairro Parque 10, zona centro-sul de Manaus. Na ocasião, o filho do casal, na época com 11 anos, presenciou tudo.
A família da vítima disse que a perita havia ido ao apartamento de Milton acompanhada do filho para esclarecer difamações e ofensas contra ela, supostamente feitas pelo ex-marido. Milton disse em depoimento que a mulher carregava uma arma de fogo na cintura. Ela teria ficado enciumada e pedido para que o filho do casal verificasse se havia uma outra mulher dentro do apartamento. O dentista teria ficado irritado e tentado forçar Lorena a sair do local, quando houve o disparo.
Após o disparo, vizinhos viram Milton fugir e dizer que havia matado Lorena. Milton ainda pediu para um vizinho cuidar do filho, que estava abalado.
De acordo com informações da Polícia Civil, a perita que também era presidente da Associação dos Peritos Oficiais do Estado, foi assassinada com uma pistola PT.640, mesma arma usada por ela quando estava de serviço. A arma foi apreendida e encaminhada a DEHS, responsável pelas investigações.
Para o MP, o tiro não pode ter sido acidental, já que foi direcionado para a cabeça da vítima. O Ministério Público também descarta a hipótese de legitima defesa, visto que Lorena já estava desarmada, não oferecendo risco ao acusado.
O dentista deixou o local do crime para não ser preso em flagrante e apresentou-se no fim da tarde, à Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), acompanhado de dois advogados.
O Caso Lorena desde então se arrasta e no último episódio sobre o assunto, o julgamento ficou adiado para o dia 05 de fevereiro de 2020.
“O feito tramita há mais de nove anos e demanda urgente apreciação pelo seu mérito a fim de não perpetuar lide que possa redundar em prescrição da pretensão punitiva, com que as partes concordaram e se comprometeram a empregar esforços para fins de rápida solução da lide”, registrou o magistrado, na Ata da sessão de julgamento.
perita Lorena Baptista / Divulgação
A Carta
Na carta abaixo, Lorena fala da relação com o marido, ao qual o chama na carta de César ( Milton César), e diz ter sido um grande erro na sua vida. “…A decisão errada não foi tê-la, refiro-me a escolha precipitada do pai…”
Conta do dia em que foi agredida por ele quando ainda estava grávida da sua filha Gabriela. “…Ele me deu uma gravata no pescoço e me empurrou contra o sofá…”.
Conta sobre não ter ninguém pra desabafar. “…Toda a minha gestação foi complicada, uma sucessiva série de vômitos e internações, sempre decorrentes de seus maus tratos e a quem me queixar? Não tive e nem tenho a quem recorrer…”.
Conta sobre suas aflições e sua infelicidade com o então marido”…As vezes sinto que em nossas relações ele apenas cumpri uma obrigação. Tenho vontade de morrer! Percebo que nós não somos sua família…”
E por fim, revela que “…Ninguém jamais soube e provavelmente saberá.”
Impossível não sentir a dor que a perita estava sentindo ao ler essa carta.