Publicado
4 anos atrásno
Por
Jussara Melo
Na última quarta-feira (05/05), na sede do Departamento Estadual de Trânsito do Amazonas (Detran-AM), foi realizada a abertura simbólica do Movimento Maio Amarelo, organizado pelo Governo do Estado.
Com o tema da iniciativa será “No trânsito, sua responsabilidade salva vidas”, o foco para a prevenção de acidentes com motocicletas, responsáveis pelo maior número de atendimentos na rede de urgência e emergência de saúde no Amazonas.
As ações do Movimento Maio Amarelo serão intersetoriais, tendo à frente o Detran-AM. Por conta dos impactos dos acidentes no segmento da saúde, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM) participa do movimento, por meio do Programa Vida no Trânsito e de outras ações, como a iluminação na cor amarela da fachada de três prontos-socorros – 28 de Agosto, João Lúcio Machado e Platão Araújo – e da sede da secretaria.
Coordenado pela Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM), em parceria com a Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM), Secretaria de Educação e Desporto, Secretaria Municipal de Saúde e Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU), o Vida no Trânsito é voltado para a vigilância e prevenção de lesões e mortes no trânsito.
Em julho do ano passado, o Governo do Amazonas ampliou as ações do Vida no Trânsito para dez municípios do interior – Boca do Acre, Coari, Itacoatiara, Humaitá, Manacapuru, Parintins, Presidente Figueiredo, Rio Preto da Eva, Tabatinga e Tefé –, aos quais foram entregues veículos do tipo picape e computadores.
Acidentes – A motocicleta é o segundo meio de transporte mais utilizado nas ruas de Manaus. Atualmente são 219.146 veículos de duas em circulação.
Com a pandemia de Covid-19, a moto se tornou uma das principais alternativas de renda para quem perdeu seus empregos, sendo utilizadas para serviços delivery. Contudo, 99% dos condutores não possuem o curso de motofretista, como determina a Lei de Trânsito.
“Com o aumento de delivery na pandemia, poucos condutores da área tem o curso de motofretista. Estamos planejando e iremos incentivar a regularização desses profissionais, ofertando os cursos de motofretista e mototaxista na capital e interior do Estado. O condutor também é o responsável por um trânsito seguro. É preciso que a sociedade esteja incluída no mesmo propósito do Órgão, dirigir com responsabilidade é um dever de todos”, afirmou o diretor-presidente do Detran-AM, Rodrigo de Sá.
Das 238.646 pessoas habilitadas para conduzir motocicletas na capital do Amazonas, apenas 2.494 possuem a capacitação para realizar serviço de delivery sobre duas rodas. O curso é ministrado pelo Detran-AM e custa R$ 221, com carga horária de 30 horas aulas.
Os acidentes de moto são os principais causadores de mortes no trânsito. Até março, das 55 vítimas fatais nas ruas de Manaus, 24 conduziam uma motocicleta. No mesmo período do ano passado, foram 19 mortes. Um aumento de 26% em vítimas fatais, sem contar nas lesionadas, que vão parar na rede estadual de saúde.
Principais ações do Movimento Maio Amarelo
• Abertura do Movimento Maio Amarelo de Prevenção de Acidentes no Trânsito, no Detran Amazonas
• Blitze educativas do Detran-AM nas ruas de Manaus e de municípios da Região Metropolitana, com distribuição de kits com lixeira estilizada para carros, além de máscara e álcool em gel, fazendo a transversalidade com a prevenção da Covid-19
• Lançamento do concurso cultural para escolha da mascote da Escola Pública de Trânsito do Amazonas (Esptran-AM), que irá ofertar ensino sobre educação de trânsito para alunos da rede estadual de Ensino Fundamental e Médio, por meio dos programas “Educar para o Trânsito” e “Minha CNH”
• Lançamento de campanha publicitária para conscientizar motociclistas quanto aos riscos de não somente perder a vida, como também para a incapacidade física provocada pelos acidentes• Iluminação das fachadas do Detran Amazonas, dos prontos-socorros, da sede das secretarias e de outros espaços públicos da cidade
• Palestras educativas on-line em universidades promovida pela equipe de Educação do Detran-AM
Números em alta – Os atendimentos nos três Hospitais e Prontos-Socorros (HPS) da Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM) relacionados a acidentes de trânsito aumentaram 14% entre janeiro e abril de 2021, em comparação com o mesmo período do ano passado. O aumento foi impulsionado por acidentes envolvendo motocicletas, que cresceram 30%.
Nos quatro primeiros meses de 2020, foram realizados 3.782 atendimentos de vítimas de acidente de trânsito nos Hospitais e Prontos-Socorros (HPS) 28 de Agosto, João Lúcio Machado e Platão Araújo. Em 2021, no mesmo período, as três unidades contabilizaram 4.349 atendimentos, uma média de 36 pessoas hospitalizadas por traumas e lesões de trânsito todos os dias. Os números não incluem os atendimentos realizados nos nove Serviços de Pronto Atendimento (SPA) e nas duas Unidades de Pronto Atendimento 24 Horas (UPA 24h).
Os atendimentos causados por acidente de moto saltaram de 2.385 para 3.113 nos três HPS, no comparativo entre os períodos de janeiro a abril de 2020 e 2021.
O HPS João Lúcio foi o que registrou o maior número de atendimentos por acidentes de trânsito nos primeiros quatro meses do ano. Foram 2.056 atendimentos, dos quais 1.436, ou cerca de 70%, referentes a acidentes com motocicletas.
“Estamos virando a chave da rede. Por exemplo, o hospital Delphina Aziz, que está com uma taxa de ocupação baixa para a Covid, vai passar a atender pacientes de outras patologias para poder abrir vagas no João Lúcio, que está com superlotação. Mas a principal causa de ocupação do João Lúcio hoje são as causas externas, acidentes de trânsito, principalmente motociclistas. Então, esse Maio Amarelo é importante para a conscientização da população para que tenha mais responsabilidade no trânsito e assim impacte menos a saúde, para abrir vagas àqueles que precisam de atendimento de causas naturais, em que a fila está muito grande em função da pandemia”, relatou o secretário de Estado de Saúde, Marcellus Campêlo.
Dos 1.516 atendimentos do HPS 28 de Agosto, em 2021, 1.025 (67,6%) foram por acidentes com motos. Já no HPS Platão Araújo, dos 777 atendimentos, 652 (90%) foram de acidentes sobre duas rodas.
Pressão sobre a rede de saúde – A pressão provocada por acidentes de trânsito no cenário de pandemia de Covid-19 reduz a capacidade de atendimentos dos pacientes na rede hospitalar, aumentando o risco de mortes, sem falar nos custos elevados dos tratamentos, incapacitação física, prejuízos econômicos, sociais e emocionais para toda as famílias, gerada pela perda do provedor ou sua incapacitação.
Os traumas ortopédicos são a segunda maior causa de internação na rede de urgência e emergência estadual, e os acidentes de trânsito são a principal causa das internações por trauma nessas unidades de saúde, pressionando a taxa de ocupação da rede, concorrendo com a necessidade de leitos para a Covid-19, que, mesmo em queda, ainda pressiona o sistema de saúde do estado.
A taxa de ocupação em leitos clínicos não Covid está em 83,1%, e a de UTI não Covid está em 76,9%, conforme boletim divulgado pela FVS-AM. Os leitos clínicos e de UTI destinados para casos de Covid-19 possuem taxas de ocupação de 29,1% e 60,7%, respectivamente.
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