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10 anos atrásno
A Capela de Nossa Senhora dos Remédios foi edificada em local de antigo cemitério indígena. Fundada pelo Major Manoel Joaquim do Paço, que assumiu o governo em 1818, foi destruída pela população em 1821 por ocasião de uma manifestação denominada revolução da independência, à qual o governador não aderiu, mas logo foi promovida sua reconstrução em 1827.
A partir de 1851, a Capela dos Remédios passou a servir de Matriz, tendo vista o incêndio ocorrido na antiga igreja no ano anterior, e assim prosseguiu durante oito anos.
Durante o século XIX, a Capela sofreu várias reformas: em 26 de janeiro de 1857, o presidente João Pedro Dias Vieira anunciava terem levantado uma torre na igreja, mas o período de chuvas havia impossibilitado finalizar os serviços de reboco. O interior do prédio estava totalmente redecorado, tendo, sobre a entrada principal, um coreto para música e, ao lado do altar-mor, uma tribuna. Em 1863, a Assembléia liberou a quantia de 2:000$000 réis para obras na igreja. Uma das reformas foi contratada em 1868 pelo vice-presidente Leonardo Ferreira Malcher.
Em 1870, o presidente tenente-coronel João Wilkens de Matos informava: “As obras executadas na igreja dos Remédios tornaram-na mais espaçosa, clara, e arejada. Pode ella hoje conter commodamente mais do duplo número de pessoas que outr’ora comportava. Pouco faltou para considerar-se uma completa reedificação.” Em 1875, as obras compreenderam reparos na torre da igreja, que havia iniciado desabamento por ocasião das chuvas, motivo que também justificou o retelhamento de parte do corredor.
Em agosto de 1876, à custa de 410$884 réis, foram pintados oito andores na igreja, conforme havia requisitado o respectivo vigário.
Em março de 1889, o vigário da paróquia participava ao presidente que o prédio encontrava-se em estado pouco seguro e solicitava a nomeação de um conselho para averiguar.
Em 25 de abril do mesmo ano, após laudo técnico elaborado pelos engenheiros Lauro Bittencourt e Augusto Olavo Rodrigues, o presidente Oliveira Machado ordenou que o diretor das Obras Públicas organizasse e remetesse ao Tesouro Provincial o orçamento das despesas, ficando o diretor autorizado a mandar executar os trabalhos depois de arrematados.
Entretanto nenhuma reforma foi tão radical como a que se processou no início do século XX, quando a igreja passou a adquirir sua feição atual. O projeto foi de autoria do arquiteto italiano Filintho Santoro. Tem-se registro de que, até 1913, a obra não tivesse finalizado.
A Igreja Nossa Senhora dos Remédios foi tombada pelo Governo Estadual segundo o Decreto no. 11.037 de 12/04/1988, publicado no Diário Oficial de 14/04/1988, na administração de Amazonino Mendes.
As diversas reformas passadas pela Igreja Nossa Senhora dos Remédios, em especial a processada no início do século XX, dificultam a compreensão de seu aspecto original. As poucas informações precisas a respeito de seu aspecto arquitetônico são possibilitadas através de registros fotográficos antigos, nos quais percebe-se a aparência singela da edificação, composta por um pavimento. A fachada principal apresentava quatro janelas e uma porta centralizada, todas de verga reta.
Encimando a porta e as duas janelas adjacentes a esta, percebiam-se três óculos, sendo que o central apresentava maior diâmetro e situava-se em nível superior aos demais, no tímpano do frontão triangular. Sobre este frontão, assentava uma cruz. A edificação não apresentava platibanda. Ao fundo da igreja, percebia-se um campanário.
A Igreja dos Remédios, em sua feição atual, possui estilo neoclássico, com influência do renascentismo italiano. Trata-se de uma edificação contendo dois pavimentos, apresentando fachada principal com as seguintes características: embasamento em reboco liso; corpo dividido em cinco partes por pilastras de fuste liso, seção quadrangular e de capitéis coríntios.
O pavimento térreo é composto por quatro nichos em arcos e pela porta centralizada à fachada. O pavimento superior é composto por cinco janelas em arco pleno, sendo que a esquadria central é feita em vitral, percebendo-se um motivo de cruz.
O coroamento do prédio se faz por uma cimalha simples, cujo friso apresenta, em alto relevo, a inscrição “Nossa Senhora dos Remédios”, e por um frontão triangular, encimado por uma cruz, e contendo um símbolo cristão em seu tímpano.
A cobertura tem caimento em duas águas. Cada fachada apresenta um nicho no andar térreo e uma janela em arco pleno no segundo pavimento. Na parte posterior da igreja, vê-se um campanário coberto por uma cúpula.
O acréscimo na parte posterior do conjunto não é original.
Fontes:
1. Manaus Ontem e Hoje. Manaus: Prefeitura Municipal de Manaus, 1996.
2.INSTITUTO GEOGRÁFICO E HISTÓRICO DO AMAZONAS.
3. Manaus: Memória Fotográfica. Manaus: SUFRAMA, 1985.
4. MESQUITA, Otoni Moreira de. Manaus: História e Arquitetura – 1852-1910. Manaus: Editora Valer, 1999.
5. MONTEIRO, Mário Ypiranga. Roteiro Histórico de Manaus. Manaus: Editora da Universidade do Amazonas, vol. 2, 1998.
6. AUBRETON, Thérèse. Caminhando por Manaus. Manaus: FUMTUR, 1996.
(*) Márcia Honda Nascimento Castro é Arquiteta e Urbanista, Inspetora de Patrimônio Histórico e Turístico da SEC e professora do Curso de Arquitetura e Urbanismo das Faculdades Objetivo. Foto: Acervo particular da autora.
Sou o idealizador do No Amazonas é Assim e um apaixonado pela nossa terra. Gravo vídeos sobre cultura, comunicação digital, turismo e empreendedorismo além de políticas públicas.
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