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9 anos atrásno
Cena assustadora que tomou conta dos noticiários de hoje. A constatação óbvia, não deveria causar tanto espanto. Aliás, não é só o igarapé do 40 que é extremamente poluído, diga-se de passagem ex-igarapé.
Na zona oeste, outrora, também havia o límpido e corrente igarapé do franco. Hoje, infelizmente, também, jaz.
A solução chama-se saneamento básico.
Abaixo matéria do jornal Acrítica e matéria assinada por Luana Carvalho
O cenário assusta até quem está acostumado a cortar caminho pela rua Paranavaí, que cerca o igarapé do 40, no bairro Raiz, Zona Sul
Manaus (AM) , 17 de Junho de 2015
LUANA CARVALHO
“É uma paisagem muito horrível, praticamente um rio de merda (sic)”, reclamou a dona de casa Suelly Viana, 47, enquanto passava pela ponte que corta o igarapé do 40, no bairro Raiz, Zona Sul. “Para caminhar por aqui, só tapando o nariz”.
O cenário assusta até quem está acostumado a cortar caminho pela rua Paranavaí, que cerca o igarapé. “Moro no bairro Santa Luzia, mas sempre passo por aqui quando vou trabalhar. Estou perplexo com tamanha poluição. Falta muita conscientização por parte da população e vontade do poder público”, comentou o pintor Rui Queiroz, 54.
Segundo a estimativa mais atualizada do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cidade conta hoje com pouco mais de 2 milhões de habitantes. Apenas 62 localidades (entre bairros e conjuntos residenciais) possuem sistema de tratamento de esgoto, de acordo com informações obtidas com a Manaus Ambiental.
A poluição já atingiu todos os igarapés que cortam a capital e a falta de saneamento é refletida na paisagem e em números. Uma pesquisa divulgada pelo Instituto Trata Brasil em abril deste ano colocou Manaus entre os 20 piores municípios no ranking do saneamento. O estudo avaliou os serviços de água e esgoto dos cem maiores municípios do Brasil.
Para o pesquisador de recursos hídricos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) Sérgio Bringel, o que se vê é a “consequência de uma ação antrópica (alterações realizadas pelo homem) que está ocorrendo através da entrada de efluentes domésticos (esgotos) nos cursos d’água”.
Prova disto, explica Bringel, é que a crosta que está encobrindo as águas do igarapé exala um odor insuportável, resultado de excrementos humanos despejados, diariamente, nos igarapés. “Esse odor prejudica a saúde da população. Quem inala constantemente esse gás pode sofrer com irritação por conta do enxofre. E se for inalado em alta dosagem, pode se tornar altamente prejudicial à saúde”, alertou Bringel.
Além disso, a “crosta” consome oxigênio e ocasiona a mortandade de animais aquáticos. O processo de fotosíntese também é impedido, pois a luz solar não penetra nas águas, destruindo fibras e todos os tipos de vidas aquáticas.
Para uma explicação mais exata sobre os elementos que compõem a crosta que encobriu o igarapé do 40, uma análise laboratorial seria necessária. Mas, para Sérgio Bringel, é possível dar uma explicação analisando “a olho nu”. “Esta crosta está relacionada a excremento humano (fezes) que se forma nos leitos dos igarapés. Essa matéria orgânica se desprende do solo e flutua, principalmente quando há aumento do volume de água ou uma movimentação no leito do rio”, esclareceu, ao apontar que essa movimentação pode ser causada, por exemplo, por uma forte chuva, como a que ocorreu no fim de semana em parte da cidade.
Pesquisador de Recursos Hídricos do Inpa Esta crosta está, seguramente, relacionada a material orgânico, ou, melhor dizendo, excremento humano que precipita ( solidificação em consequência de reação química) e se forma nos leitos dos igarapés. Essa matéria orgânica se desprende do solo e flutua principalmente quando há aumento do volume de água ou uma grande movimentação.
Nesse movimento, os gases que estavam presos são liberados. O principal deles é o gás sufidrico (H2S) , que é justamente o resultado da decomposição da matéria orgânica. Isso ocasiona uma baixa concentração de oxigênio, porque a crosta consome todo o oxigênio absolvido na água. Sem oxigênio, não há vida neste igarapé. Essa crosta na superfície também impede a penetração da luz na água, e sem fotosíntese, consequentemente acaba-se com o início da cadeia alimentar para seres aquáticos”.
Sou o idealizador do No Amazonas é Assim e um apaixonado pela nossa terra. Gravo vídeos sobre cultura, comunicação digital, turismo e empreendedorismo além de políticas públicas.
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