Duas imagens mostrando um policial militar fardado, com o rosto coberto por uma máscara de palhaço e um machado apontado para a cabeça de um suspeito, foram amplamente divulgados nas redes sociais desde a tarde de quarta feira (13/7). Mas antes das fotos circularem em grupos de policiais no WhatsApp. A legenda utilizada no vazamento lê: “Tem tatuagem de palhaço, mas quando vê um na frente fica com medo”.
imagem de divulgação
A referência à tatuagem diz respeito a um estudo realizado por um capitão da PM da Bahia que ligaria presos com palhaços tatuados no corpo a envolvimento com mortes de policiais. As duas fotos, segundo advogados, constituem crime previsto pelo código penal no Art. 286 – incitar, publicamente, a prática de crime: pena – detenção de 3 a 6 meses ou multa. A atitude do PM na foto foge completamente do Código de Conduta da instituição, e um pedido de averiguação já feito enviado à Corregedoria da Polícia Militar.
É claro que, se o rapaz na foto é realmente suspeito de envolvimento na morte de um PM ou em qualquer outro crime, ele deve ser levado à justiça e, comprovado seu crime, ser punido exemplarmente. Ainda assim, a conduta registrada por um policial é sintoma de uma relação direta entre a criminalidade e a violência que assolam o país e a própria criminalidade e violência dentro da polícia.
Fica difícil esperar que a polícia possa resolver a situação da violência, sem uma reforma concreta e radical dentro da própria instituição.
Não há dúvidas de que a polícia é também uma grande vítima em alguns casos, mas possuindo o monopólio da violência legalizada, o exemplo deve partir da própria polícia. A situação da violência em um país sempre será equivalente ao comportamento policial – e, no meio dessa convulsão social, inocentes são absurdamente violentados e mortos em ambos os lados, tanto da polícia quanto da população, que estão, em verdade, do mesmo lado.
imagem de divulgação