O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem (22), que ficou assustado com a retórica usada pela presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e pediu respeito ao processo democrático e ao resultado das eleições presidenciais no país, marcadas para o próximo domingo.
“Eu fiquei assustado com a declaração do Maduro dizendo que se ele perder as eleições vai ter um banho de sangue. Quem perde as eleições toma um banho de voto. O Maduro tem que aprender, quando você ganha, você fica; quando você perde, você vai embora”, afirmou Lula em entrevista a agências de notícias internacionais no Palácio da Alvorada.
A fala de Maduro foi feita em um comício na semana passada. O presidente venezuelano afirmou a seus eleitores que a Venezuela poderia cair em um “banho de sangue, em uma guerra civil fratricida”, se ele não fosse reeleito.
A delegação chegou a levantar dúvidas no governo brasileiro sobre enviar observadores às eleições, como previsto, mas o presidente confirmou que, além dos dois representantes que serão mandados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele próprio designou o embaixador Celso Amorim, seu assessor especial, para estar em Caracas. “Vou ver se a Câmara dos Deputados e o Senado podem mandar gente para acompanhar”, acrescentou.
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao lado do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em Brasília 29/05/2023 REUTERS/Ueslei Marcelino
O presidente brasileiro confirmou que conversou várias vezes com Maduro sobre o processo eleitoral venezuelano. Os dois presidentes falaram por telefone e tiveram também uma conversa pessoalmente às margens da Cúpula dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac).
Um dos fiadores do chamado acordo de Barbados, em que governo e oposição no país concordaram com os termos das eleições em troca da suspensão de parte do embargo norte-americano à Venezuela, o Brasil tem acompanhado com atenção e preocupação o processo.
Em mais de uma ocasião, disse Lula, ele advertiu Maduro da necessidade de manter um processo eleitoral transparente.
“Eu já falei para o Maduro duas vezes, e o Maduro sabe, que a única chance da Venezuela voltar à normalidade é ter um processo eleitoral que seja respeitado por todo o mundo… Se o Maduro quiser contribuir para resolver a volta do crescimento na Venezuela, a volta das pessoas que saíram da Venezuela e estabelecer um Estado de crescimento econômico, ele tem que respeitar o processo democrático”, disse Lula.
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