O médico Anfremon D’Amazonas usou seu perfil do Instagram, na noite desta quinta-feira (14), para relatar como foi enfrentar a falta de oxigênio no Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV), em Manaus.
Ele definiu o cenário como “assustador”, que causou “sensação de impotência”, mas sem perder o esforço contínuo por salvar cada vida tanto quanto fosse possível.
Pacientes morreram por asfixia, enquanto outros precisaram de técnica de respiração manual, exigindo manobras esforçadas dos profissionais de saúde.
“Foi um momento desesperador”, disse Anfremon D’Amazonas. “Tinha muita gente chorando porque os pacientes morriam e você não tinha o que fazer. A gente teve três perdas. De 27 pacientes, a gente perdeu três. Cada uma dessas perdas chocou demais a equipe. É aquela sensação de impotência. Você sabe que aquele doente precisa naquele momento de oxigênio e é a única coisa que você não tem para ofertar”.
O profissional contou que a equipe fez o que era possível para garantir o bem-estar dos pacientes.
“A gente tentou, na medida do possível, não deixar ninguém sem (oxigênio). E aqueles que toleravam um pouquinho mais, a gente foi personalizando esse racionamento de acordo com a gravidade e necessidade de cada paciente”, afirmou.
“A deterioração do corpo da pessoa sem o nível adequado de oxigênio é muito rápida. Os doentes dessaturam muito rapidamente, a pressão começa a cair. O doente morre de uma forma muito rápida. Foi bem dramático. Foi assustador”.
“Apesar de assustador, a equipe reagiu muito bem a todo o cenário. A gente conseguiu salvar quem dava, cara, quem podia. Infelizmente, não deu pra todo mundo”, acrescentou, ainda abalado.