Campeão invicto do primeiro turno, e detentor de uma campanha incomparável de 19 jogos, sendo 13 vitórias, seis empates a apenas três derrotas, o Rio Negro disputou o Campeonato Amazonense juvenil, com status de melhor equipe da categoria nesse ano. Por um descuido, que culminou na eliminação pelo Tribunal de Justiça Desportiva do Amazonas (TJD/AM), por ter usado um jogador irregular num dos jogos da competição, o Galo da Praça da Saudade comemora a temporada de forma positiva e vencedora fora de campo.
time do Rio Negro juvenil
De acordo com treinador do Rio Negro, Ribamar Brandão, o trabalho foi realizado como foi previsto e organizado por sua comissão técnica, apesar de não ter conquistado o título do campeonato. Segundo ele, o trabalho vai muito além dos resultados dentro de campo, mas principalmente, com a garotada da periferia da zona Leste de Manaus.
– Para se formar um time na categoria de base, primeiro tem que se pensar no social, não somente na zona Leste, mas em toda Manaus, pois são garotos exposto a todos os tipos de riscos sociais. Em razão disso, nós fizemos um trabalho sério com os nossos garotos que sonham ser atletas. Os responsáveis pelos clubes do Amazonas não se interessam por isso, n maioria dos times que disputam o campeonato das categorias de base, são pessoas que nem são funcionários dos clubes – reclamou e ainda disse:
time do Rio Negro juvenil
– Esses garotos não tem nenhuma segurança, ajuda de custo por parte dos clubes, pois muitas das vezes são os pais de atletas que ajudam, principalmente no juvenil e juniores. Infelizmente, pela falta de apoio muitos desistem de jogar. O Rio Negro teve ajuda do dono da loja Salmo 91, mas esse apoio foi para pagar arbitragem. As multas impostas pelo tribunal, é um absurdo, pois a FAF não custeia nem a arbitragem das categorias básicas – comentou e aproveitou para agradecer ao Instituto Federal do Amazonas da zona Leste, pela concessão do campo para treinamento e a empresa de uniforme Dabliw, que forneceu os uniformes e ainda colaborou com as passagens do atletas.
Com um trabalho voltado em especial a garotada da zona Leste, o comandante do Galo Carijó, afirmou que o resultado foi satisfatório, mas lamentou que o clube com toda tradição na base local, não tem um trabalho especifico na formação de jovens jogadores.
– É muito triste saber que um clube do tamanho do Rio Negro não tem uma categoria de base. Os garotos que jogaram esse ano passaram a ter um amor muito grande pelo clube, é isso que doe, saber que o clube não vai cuidar desses atletas talentosos e obedientes, que se reservaram apenas para esse o campeonato. Infelizmente, esse trabalho pode não ter continuidade, porque o clube não tem condições financeiras e eles precisam ter uma renda para se manter e ajudar suas famílias.
Preocupado com o futuro dos jogadores e o trabalho de relevante cunho social, muito mais do que esportivo, apesar da qualidade do time rionegrino, Ribamar Brandão, espera que possa acontecer uma mudança no cenário nesse momento.
– Nós da comissão técnica gostaríamos muito de continuar esse trabalho. Sabemos que temos um bom grupo que está fechado conosco, mas fica muito difícil apesar da ajuda que tivemos. Gastamos muito do nosso próprio recurso para manter o grupo e ajudar os garotos que precisavam de chuteira, ajuda financeira, alimentação, enfim, todo esse custo saia do nosso bolso, sem ter nenhum salário. Nosso grupo tinha 30 atletas no juvenil e 30 no infantil. Para continuar, vamos precisar da ajuda de pessoas para patrocinar esse trabalho.
treinador do Rio Negro, Ribamar Brandão
Fotos e Texto : Paulo Rogério