Uma menina que foi sequestrada há quatro anos voltou para casa e reencontrou a mãe, em Tabatinga, no interior do Amazonas. A mulher, de nacionalidade peruana, contou com ajuda do Ministério Público Federal (MPF) para recuperar a filha. A luta de Charito Panduro começou em 2017, quando ela teve a filha de 9 anos retirada de sua casa pelo ex-marido, pai da criança.
Na época, Charito tinha a guarda da menina, mas o pai decidiu raptar a filha da casa da mãe, após uma briga entre o casal. Ele atravessou a fronteira entre Tabatinga e o território peruano com a criança, e prometeu não voltar mais ao Brasil.
Após o sequestro, a mãe decidiu pedir ajuda ao MPF. “Entramos em contato com a nossa secretaria de cooperação internacional, do MPF, pra que essa notícia fosse levada a autoridade central responsável por fazer essa intermediação, que é do Ministério da Justiça e Segurança Pública”, informou a procuradora federal Aline Morais.
De acordo com ela, foi aberto um acordo de cooperação jurídica internacional pra restituição dessa criança ao Brasil.
No primeiro semestre de 2020, já com 12 anos, a filha, Jossy Cristal, conseguiu entrar em contato com a mãe e informou que estava morando com o pai em Lima, capital do Peru, e que tinha o desejo de voltar ao Amazonas.
“Sim, muitas vezes eu tinha o pensamento e o desejo de regressar outra vez. Inclusive, dizia ao meu pai com certo medo, mas ele sempre deixava claro que eu nunca ia voltar, que eu ia regressar somente morta, não queria que eu vivesse com minha mãe”, relatou a menina, em entrevista à Rede Amazônica.
Com a localização de Jossy, foi possível a realização de audiências entre os pais e as autoridades brasileiras e peruanas. Para garantir o retorno, foram usados os direitos de crianças sequestradas para outro país, estabelecidos na Convenção de Haia, de 1980.
“É um acordo internacional que garante o retorno da criança retirada ilegalmente do seu local de residencia habitual, por um dos pais, pra ser levada por outro pais”, informou a procuradora.
No dia 20 de agosto deste ano, mãe e filha puderam se abraçar. O carinho efetuoso demonstra a coragem de uma mãe que nunca perdeu a esperança de ter de volta a filha em seus braços.
“Foi muito triste, mas com muita esperança ao mesmo tempo. Foram momentos difíceis, mas eu tinha esperança que minha filha ia voltar através da justiça brasileira”, declarou Charito.
Imagem: Reprodução
Fonte: G1