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Manaus, AM, quarta, 08 de janeiro de 2025

Polícia

Saiba mais sobre o PM que arremessou o jovem de cima ponte

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Luan Felipe Alves Pereira, o policial militar que aparece em um vídeo arremessando um jovem de cima de uma ponte durante uma abordagem na Zona Sul de São Paulo, no último domingo (1°), também trabalhava como segurança de um colégio particular.

A escola onde o PM faz “bico” é o Colégio Ábaco, localizado na região de Perdizes, na Zona Oeste da capital paulista. Em nota, a instituição educacional  disse que recebeu com “profunda indignação” as imagens do policial militar em atuação. E que ele era funcionário de uma empresa terceirizada que prestava serviços para o colégio.

“Informamos que de maneira imediata encerramos os serviços. Adicionalmente, colocamo-nos à disposição para quaisquer esclarecimentos que se fizerem necessários. Reiteramos nosso repúdio absoluto a qualquer ato de violência e destacamos que os valores de ética, respeito e justiça são pilares fundamentais em nossa instituição”, afirmou a direção do Colégio em nota.

Assim como Luan Felipe, outros policiais também fazem bico de segurança na escola, e segundo informações eles atuam armados durante o serviço no Colégio.

Nesta quinta (5/12) a Justiça Militar decretou a prisão do soldado, que já estava detido na Corregedoria da Polícia Militar, onde prestou depoimento sobre a conduta dele.

Segundo informações do inquérito militar, o policial disse que só queria “levantar o jovem do chão”. Luan Felipe admitiu ter “projetado” o rapaz, mas que isso “seria realizado no solo”, sem a intenção de arremessá-lo ponte abaixo. Porém, os argumentos dele, não convenceram a Corregedoria.

Luan Felipe será encaminhado para o Presídio Militar Romão Gomes, na Zona Norte de São Paulo. Em audiência de custódia ocorrida na tarde desta quinta, a defesa do soldado pediu a revogação da prisão preventiva, com a adoção de medidas cautelares, mas a solicitação foi negada. Na ocasião o PM agressor até chorou arrependido.

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O inquérito aponta os possíveis crimes: Lesão corporal e violência arbitrária, previstos no Código Penal Militar. A

Também nesta quinta, com a repercussão deste e de outros casos recentes de violência policial em SP, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) admitiu que “alguma coisa não está funcionando” e passou a defender o uso de câmeras corporais nas fardas dos policiais militares.

Segundo ele, esta é uma medida que protege os cidadãos e os policiais. O governador afirmou que vai ampliar o programa de câmeras.

“Eu era uma pessoa que estava completamente errada nessa questão. Tinha visão equivocada, fruto da experiência pretérita que tive. Não tem nada a ver com a questão da segurança pública. Hoje estou completamente convencido de que é um instrumento de proteção da sociedade e do policial. E nós vamos não apenas manter, mas ampliar o programa. E tentar trazer o que tem de melhor em termos de tecnologia.”

Tarcísio afirmou que os abusos da polícia não serão tolerados. “O discurso de segurança jurídica que a gente precisa dar para os agentes de segurança combaterem o crime de forma firme não pode ser confundido com salvo-conduto para fazer qualquer coisa e descumprir regra. Isso a gente não vai tolerar.”

A Secretaria de Segurança Pública disse que a PM não compactua com desvios de conduta e que qualquer ocorrência envolvendo excessos será investigada.

PM joga entregador de cima de ponte

O caso do homem atirado da ponte aconteceu na Vila Clara, região de Cidade Ademar, durante a dispersão de um baile funk. O soldado foi filmado lançando da ponte o homem já contido e sem resistência aparente.

A vítima se chama Marcelo, tem 25 anos e é entregador. Ele caiu de cabeça de uma altura de três metros, teve ferimentos, mas passa bem. Marcelo recebeu ajuda de pessoas que moram na região.

O pai de Marcelo, criticou a conduta do PM e cobrou explicações das autoridades, durante entrevista.

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“É inadmissível, não existe isso aí. A polícia está aí para fazer a defesa da população, não fazer o que fez. Trabalhador, menino que sempre correu atrás do que é dele. Não tem envolvimento, passagem [pela polícia], não tem nada. Queria a explicação desse policial e o porquê ele fez isso”, afirmou.

A Corregedoria da PM determinou o afastamento de 13 policiais que participaram da operação na Vila Clara. O Ministério Público abriu uma investigação.

Na quarta (4), quando foi questionado sobre a gestão de seu secretário de Segurança Pública, Tarcísio de Freitas defendeu Guilherme Derrite: “Olha os números que você vai ver que está [fazendo um bom trabalho]”, disse o governador. Diante da insistência dos jornalistas, repetiu: “Olha as estatísticas”. Tarcísio não explicou, porém, quais seriam esses dados.

Histórico violento do PM

O soldado da Polícia Militar que arremessou o entregador já foi indiciado por homicídio por matar um homem com 12 tiros em Diadema, na Grande São Paulo, no ano passado. Segundo a informações, o caso foi arquivado em janeiro porque o Ministério Público entendeu que houve legítima defesa. O juiz, então, aceitou o pedido.

Luan trabalha na Rondas Ostensivas com Apoio de Moto (Rocam), no 24º Batalhão de Polícia de Diadema.

Prisão do PM

O pedido de prisão de Luan tem seis páginas e foi assinado pelo capitão Manoel Flavio de Carvalho Barros, encarregado do inquérito. No documento, o oficial narra o início da ocorrência, com a perseguição a motociclistas. Em seguida, destaca cinco fotos feitas a partir de câmeras de segurança, que mostram a parte final da ação, quando o homem é jogado da ponte.

O encarregado do inquérito diz que, ao ser questionado sobre a cena, o soldado se reconhece e diz que “a projeção seria realizada ao solo”, ou seja, que o objetivo era jogar o homem no chão.

No parágrafo seguinte, o responsável pelo inquérito se dirige diretamente ao juiz: “Excelência, não há como acolher as declarações apresentadas pelo investigado, pois as imagens largamente difundidas e materializadas no presente feito demonstram conduta errante e inaceitável a quem deveria proteger a integridade de outrem e fazer cumprir a lei”.

A Defesa do PM

O advogado Wanderley Alves afirmou, em nota que a prisão preventiva de Luan foi “travestida de prisão com claro viés de antecipação de culpa”.

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Ele argumenta que “infelizmente” Luan Felipe não é submetido a um “processo penal democrático”, ó que, de acordo com o advogado, “impede que o jogo político e o clamor social fiquem alheios ao campo penal”.

“Ora, como prender alguém preventivamente que se apresentou a todos os atos e estava cumprindo expediente na Corregedoria, não se evadiu e possui residência fixa? Tudo soa estranho, e pergunto: onde o processo penal tem fracassado?”, alega o advogado de defesa.

Confira o vídeo que mostra o rapaz sendo arremessado da ponte pelo PM:

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