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Manaus, AM, domingo, 17 de novembro de 2024

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Saiba quem era Julieta Hernandez, a artista que dava vida a “Palhaça Jujuba”

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Julieta Ines Hernández Martinez, de 38 anos, conhecida como “Palhaça Jujuba”, que alegrava com suas apresentações e viajava de bicicleta pelo Brasil, foi encontrada morta em Presidente Figueiredo, Amazonas. Após 14 dias desaparecida, seu corpo e partes da bicicleta foram descobertos nas proximidades de onde ela estava hospedada.

A artista venezuelana, integrante do grupo “Pé Vermêi”, pedalava pelo Brasil há oito anos, conhecendo mais de nove estados. Além de suas habilidades circenses, Julieta também se destacava como bonequeira, criando miniaturas perfeitas das pessoas.

Julieta era uma artista de rua independente, realizando apresentações em diversos locais, desde praças a comunidades rurais e hospitais. Sua amiga, Guadalupe Merki, destacou a generosidade e o amor de Julieta, descrevendo-a como uma multiartista, envolvendo-se em pintura e poesia.

Seu último espetáculo, “Viagem de bicicleta de uma palhaça só, sozinha?”, contava suas aventuras pelas estradas do Nordeste e Norte do Brasil, transmitindo a mensagem de que nunca estamos verdadeiramente sozinhos nesta jornada da vida.

Em 2019, ao iniciar sua jornada, Julieta planejava retornar à Venezuela para se reunir com sua mãe. Após percorrer cidades do Rio de Janeiro, Maranhão e Pará, ela chegou ao Amazonas, planejando seguir para Roraima pela BR-174. Presidente Figueiredo, onde ocorreu a tragédia, é cortado por essa rodovia.

A viagem, acompanhada pelo grupo “Pé Vermêi”, teve seu último contato em 22 e 23 de dezembro, quando Julieta comunicou aos amigos que passava pela cidade do Amazonas a caminho da Venezuela. Infelizmente, ela desapareceu, interrompendo sua jornada antes de alcançar o tão esperado reencontro com sua mãe.

Imagem: Divulgação

A Fundação Nacional de Artes (Funarte) divulgou uma nota em que lamenta a morte da artista. “É com tristeza e indignação que recebemos a notícia da morte da bonequeira, palhaça, artista e cicloviajante, Julieta Hernandez. Com toda alegria e irreverência, Julieta viajava com sua arte conduzindo crianças e adultos ao mundo circense e por isso, sempre será lembrada. Inquieta em relação à desigualdade de gênero, sua busca por equidade é uma inspiração para todas nós”, declara a presidenta da Fundação, Maria Marighella, no comunicado. A Funarte informa ainda que, junto com o governo do Amazonas, está acompanhando os desdobramentos da investigação e presta apoio à família.

Nas redes sociais, o coletivo Pé Vermei divulgou nota: “Queria poder dizer que Ju se encantou nas estradas de uma forma bem poética, bem Julieta. Mas a verdade é que nossa amiga foi mais uma vítima de feminicídio. Quero agradecer a essa rede todinha que está se mobilizando, foi graças a todo esse movimento coletivo que ela foi encontrada”.

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O grupo de palhaçaria feminista Circo di SóLadies também expressou pesar pela perda da artista. “Jujuba, infelizmente não encontramos você a tempo. Tudo isso nos mostra o quanto somos pequenos diante de tamanha brutalidade. Mas você, com sua gigante grandeza contida em seu nariz, nos ensinou que é preciso ter a coragem para seguir pedalando. Nos resta a memória do seu sorriso e sua vontade de viver”, diz a nota publicada na rede Instagram.

O Movimento de Pequenos Agricultores (MPA) relembrou encontro com Julieta há um ano e resgatou memórias envolvendo a artista. “Era uma sexta-feira, dia 21 de janeiro de 2022 a noite quando encontramos na rodoviária de Picos – Piauí uma mulher chamada Alegria, Riso, Solidariedade e Liberdade, seu nome Julieta Hernandez que com a magia popular da palhaçaria se transformava na Mis Jujuba palhaça, cicloativista e bonequeira”.

O MPA destaca ainda que os indícios apontam para que a artista foi vítima de feminicídio. “Que nossa Floresta Amazônica possa ecoar o riso, a alegria e a liberdade de toda mulher que se sonha livre. Por nossas mortas nenhum minuto de silêncio, mas toda uma vida de lutas”, acrescenta.

Com informações: agenciabrasil.ebc.com.br

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