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Saiba quem foi Heitor Vieira Dourado, médico que dá nome à Fundação Medicina Tropical do Amazonas
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3 anos atrásno
Caso você já tenha notado, todos os hospitais e fundações levam o nome de uma pessoa, no caso da Fundação Medicina Tropical do Amazonas – FMT, leva o nome do Doutor Heitor Vieira Dourado. E pesquisando sobre quem foi ele, chegamos ao registro disponibilizado pela Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, em Abril de 2011. O médico infectologista Heitor Vieira Dourado (1938-2010), um dos idealizadores e fundadores da Fundação de Medicina Tropical de Manaus que leva o seu nome. Confira abaixo a sua trajetória.
Heitor Vieira Dourado nasceu em 03 de dezembro de 1938, filho de Enéas Pereira Dourado e Maria Vieira Dourado. Sua trajetória educacional já mostrava o quanto ele lutaria para chegar onde chegou, pois seu curso primário foi realizado no Externato Santo Agostinho em Icoaraci/PA (onde os artesãos fazem as belas cerâmicas marajoara), em 1946, na escola Catarina Labouré em Fortaleza (quando a família de seus pais se deslocou para o Ceará), em 1946-1948, e, finalmente, no Externato São Benedito em Belém do Pará, em 1948-1950. O curso secundário foi iniciado no Ginásio Santiaguense em Santiago, Rio Grande do Sul, em 1951, em nova movimentação de seu pai que era militar do Exército Brasileiro. Com a volta da família à Belém do Pará, Heitor concluiu o curso secundário no colégio Moderno, um dos mais famosos educandários do Estado do Pará. O curso superior na carreira de Medicina, Heitor o fez na hoje quase centenária Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Pará, de 1958 a 1963, período em que cheguei a ministrar aulas de Farmacologia para este querido colega. Eu havia sido diplomado em 1958 e, portanto, convivemos um ano como contemporâneos o que estreitou nossa amizade. Devemos registrar que sendo filho de um coronel do Exército Brasileiro, senhor Enéas Dourado, Heitor fez questão de cursar o Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR), em 1959, e, posteriormente, logo após sua formatura, fez um estágio no Hospital Geral de Belém, pertencente ao Exército Brasileiro.
Heitor foi um lutador, também em sua vida acadêmica, exercendo atividades políticas e administrativas no Diretório Acadêmico de Medicina, onde foi vice-presidente, em 1960, e presidente da comissão organizadora da Semana de Debates Científicos, em 1961. Como fecho de suas atividades político-estudantis foi brilhante presidente da União Acadêmica Paraense (UAP), no período 1962 a 1963, onde executou grandes campanhas em defesa dos estudantes universitários paraenses, principalmente, dos menos favorecidos.
Durante o curso médico, Heitor Dourado mostrou seu grande interesse pela disciplina de Doenças Tropicais e, em 1964, fez um curso de Erradicação da Malária, na Faculdade de Higiene e Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), patrocinado pela organização Pan-Americana de Saúde (OPAS). Cinco anos depois, fez um curso de Medicina Tropical, na Universidade Federal da Bahia, patrocinado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
Logo após sua formatura, e movido pelo grande desejo de prestar serviço à população brasileira, naquela época assolada por um grande número de casos de malária, principalmente, na Amazônia Brasileira, transferiu-se para o Estado do Amazonas, onde fez uma brilhante carreira, como médico malariologista na Campanha de Erradicação da Malária, do Ministério da Saúde Manaus/AM, no período 1964 a 1970, onde atuou ao lado do grande malariologista brasileiro, Agostinho Cruz Marques, já falecido. Atento aos problemas da região, e principalmente aos do Estado do Amazonas, Dourado interessou-se pelo magistério chegando a ser Professor Titular III da Disciplina de Doenças Infecciosas e Parasitárias, da Faculdade de Ciências de Saúde, da Fundação Universidade do Amazonas, Manaus/AM, no período de 1968 a 1988. Dourado foi ainda médico da Secretaria de Saúde do Amazonas, de 1971 a 1988, pesquisador titular do Instituto de Medicina Tropical de Manaus/AM, no período de 1979 a 1988 e, finalmente, foi professor titular do Departamento de Patologia Tropical, do Centro da Saúde da Universidade Federal do Pará, no período de 1988 a 1992.
Graças a esta formação, adquirida durante sua vida, Dourado exerceu dezenas de atividades administrativas relacionadas à profundidade dos seus conhecimentos na área da Medicina Tropical e, também, tornou-se membro das principais sociedades brasileiras relacionadas à Medicina e, igualmente, relacionadas à Medicina Tropical e à Infectologia. É claro que participou igualmente de comissões e em conselhos universitários e até mesmo em organizações ligadas às atividades específicas de instituições não universitárias, mas que tinham muito interesse em melhorar o progresso da Universidade do Amazonas e de outras Universidades do país.
Tendo iniciado pela malária, Dourado aos poucos foi se introduzindo em muitas outras enfermidades tropicais e isto fez com que participasse, entre os anos 1963 e 2007, em diferentes congressos proferindo mais de 130 palestras. Frequentou cursos diversos nas áreas de nefrologia, desnutrição, leprologia, imunopatologia de enxertos, alergia e imunopatologia, desenvolvimento mental, choque e doenças infecciosas, eletrocardiografia clínica, antibióticos e a evolução sexual e seus problemas, queimaduras, imunidade nas doenças infecciosas e parasitárias, antibioticoterapia e tétano, doença meningocócicas, gerência e planejamento, no período 1968 a 1990.
Este aprendizado permitiu a Heitor Dourado, a possibilidade de ministrar 22 cursos na área da Medicina Tropical, no período de 1970 a 1990, sobre os mais diferentes aspectos da Medicina Tropical, passando pela malária, doenças sexualmente transmitidas, leishmaniose, amebíase, acidentes por animais peçonhentos, filarioses e entomologia médica. Dourado, também, se caracterizou pelo elevado número de conferências que proferiu de 1971 a 1991, nas diferentes enfermidades de Doenças Tropicais.
A participação de Dourado em congressos cobriu tanto a área nacional, como a área internacional da Latino-América e de outros países do continente americano, incluindo América do Sul, América Central e América do Norte, onde se destacava pelo brilhantismo de suas apresentações.
A produção científica de Heitor Dourado se enquadrou em diferentes tipos de trabalhos, entre os quais podemos incluir resumos em anais de congressos, trabalhos científicos completos, capítulos de livros, monografias e projetos de pesquisa, suplantando a casa dos 150 trabalhos.
Em virtude de tão brilhante carreira, Heitor Dourado recebeu, entre 1968 e 2005, cerca de 16 honrarias e condecorações, que lhe foram conferidas pelo Governo do Estado do Amazonas: Ordem do Mérito do Estado do Amazonas no Grau de Oficial por Notório Saber; Assembléia Legislativa do Estado do Amazonas: Título de Cidadão Amazonense; Câmara Municipal de Manaus: Voto de Reconhecimento por seu talento dinamismo e espírito de humanidade; INPA/CNPq, Sociedade Eunice Weaver de Manaus, Instituto de Medicina Tropical Alexander Von Humboldt; Universidade Peruana Caytano Eredia Lima-Peru; Sociedade Brasileira de Clínica Médica Seção do Pará: Mérito Médico; Instituto Emílio Ribas de Infectologia São Paulo; Academia Amazonense de Medicina: Membro Efetivo; Universidade Federal do Amazonas; Presidente de três Congressos da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical: 7º (1971 ), 24º (1988 ) e 28º (1992 ), os dois primeiros realizados em Manaus e o último, em Belém.
Nossa admiração maior por Heitor Dourado, na sua brilhante carreira e cidadão de escola, passa pelo momento em que no ano de 1970, chegado há poucos anos ao Estado do Amazonas, decidiu, como um verdadeiro desbravador, construir, ao lado de um grupo de idealistas, o Instituto de Medicina Tropical de Manaus, hoje Fundação Instituto de Medicina Tropical do Amazonas que, mui acertadamente, leva o seu nome e caracteriza fortemente a maturidade daqueles que ali trabalham e o dirigem.
Devemos dizer-lhes que, ao rever a documentação da vida de Dourado, nos deparamos com uma foto dos primeiros meses da construção do Instituto de Medicina Tropical de Manaus e nos lembramos do grande Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira que, como Heitor Vieira Dourado, também, teve o sonho de criar a nova capital do Brasil no Planalto Central, Brasília, e ambos concretizaram os seus sonhos e fizeram com que o Brasil e a Amazônia fossem mais felizes por tudo aquilo que construíram.
Heitor Dourado, o Amazonas, a Amazônia e o Brasil te devem muito, pois mesmo depois que decidistes, ao final dos anos 90, te recolher ao refúgio do guerreiro em Majorlândia/CE, sempre voltavas às reuniões nacionais e internacionais para dar a tua contribuição valiosíssima que se refletia na alegria dos mais novos e no respeito dos teus pares mais idosos, garantindo-nos que o teu julgamento pela Santíssima Trindade, no dia de teu falecimento em 22 de agosto de 2010, foi cercado da mais ampla aprovação e, assim, acreditamos todos que hoje estás gozando as maravilhas da Glória Celeste. Descansa em paz!
Sou o idealizador do No Amazonas é Assim e um apaixonado pela nossa terra. Gravo vídeos sobre cultura, comunicação digital, turismo e empreendedorismo além de políticas públicas.