Publicado
9 anos atrásno
Por
Jussara Melo
Em tempos de escândalos de corrupção no Brasil, que envolvem Petrobras, políticos, empreiteiras e muitos outros órgãos públicos nas esferas federal, estaduais e municipais, a voz do brasileiro volta às ruas clamando por heróis que venha salvá-lo, e a própria Pátria, dos desmandos dos poderosos. O último herói brasileiro, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, é pouco lembrado, mesmo hoje, quando se comemora a data de sua morte. Só quando o povo brasileiro estiver suficientemente amadurecido para tomar em mãos seu destino, poderá encontrar no revolucionário Tiradentes, uma das maiores inspirações.
O 21 de abril é um dos feriados menos festejados no País. E o próprio contúdo revolucionário de Tiradente é escamoteado pela História Oficial, que o apresenta mais como um Cristo (desde as imagens falseadas de sua execução), já que não estava barbado e cabeludo ao marchar para o cadafalso, do que como transformador da realidade.
Para Augusto Boal, dramaturgo e teatrólogo, “Tiradentes foi revolucionário no seu momento como o seria em outros momentos, inclusive no nosso. Pretendia, ainda que romanticamente, a derrubada de um regime de opressão e desejava substitui-lo por outro, mais capaz de promover a felicidade do seu povo.
…No entanto, este comportamento essencial ao herói é esbatido e, em seu lugar, prioritariamente, surge o sofrimento na forca, a aceitação da culpa, a singeleza com que beijava o crucifixo na caminhada pelas ruas com baraço e pregação…
…O mito está mistificado”.
Um dos raros consensos de nosso tempo é o da ausência de heróis, de gigantes na paisagem humana e intelectual deste início de século, disse Carlos Heitor Cony em crônica escrita para a Folha de São Paulo em maio de 2004. No texto, o escritor ainda complementou seu pensamento afirmando que, se os heróis contavam com pouco espaço na história e nas cabeças das pessoas, os vilões não tinham esse problema: reis dos noticiários, esses têm vida breve e atuação datada, mas, enquanto estão atuando, roubam a cena de tal forma que fica impossível ignorá-los. Na ocasião, Cony citou Waldomiro Diniz, Cachoeira, Celso Pitta e Paulo Maluf. Não é difícil presumir que, fosse escrito hoje, o texto citaria Delúbios e Valérios.
Apesar da ausência de heróis na memória dos brasileiros, agravada pela tímida atenção que recebem dentro das salas de aula e nos livros escolares, algumas figuras ilustres se destacam e parecem ter seus feitos históricos bem claros para a maioria dos cidadãos. É o caso de Tiradentes – herói com direito a feriado nacional, o que torna mais fácil a sua memorização e valorização.
O fim da vida de Joaquim José da Silva Xavier, que viveu no século XVIII lutando pela independência do Brasil em meio à dominação dos portugueses, remete a questões relacionadas à impunidade que observamos ainda hoje no país. Quando a Inconfidência Mineira foi delatada, em 1789, por Joaquim Silvério dos Reis, seu líder Tiradentes não contava com influências políticas ou econômicas suficientes para reduzir a sua pena. Alguns filhos da aristocracia foram condenados a penas mais brandas quando houve o julgamento dos inconfidentes em 1792. Os castigos podiam ser, por exemplo, o açoite em praça pública ou o desterro. A Tiradentes – e apenas a ele, entre todos os membros da Inconfidência – restou a execução, em 21 de abril de 1792, e ainda a exposição de partes de seu corpo em postes da estrada que ligava o Rio de Janeiro a Minas Gerais. Sua casa foi queimada, seus bens foram confiscados e seus descendentes foram declarados infames.
Se ainda hoje nota-se e protesta-se contra o tratamento vip dado a presos que têm boas condições financeiras ou influências – ou ambos – em outros quesitos o Brasil atual é bem diferente da terra habitada por Tiradentes. Ele nasceu em 1746 na Vila de São João Del Rey, hoje a cidade mineira que leva o seu apelido – Tiradentes – e foi criado em Vila Rica – hoje Ouro Preto. Nessa época não havia no país constituição nem o direito de desenvolver indústrias em território brasileiro, e os impostos cobrados do povo pela metrópole eram extorsivos e provocavam revolta.
A conspiração representada pela Inconfidência Mineira agregou militares, escritores de renome, poetas famosos, magistrados e sacerdotes e, influenciada pela independência dos Estados Unidos em 1776, tinha como principais idéias proclamar uma república independente, com a abolição imediata da escravatura; construir uma universidade; promover o desenvolvimento da educação para o povo e outras reformas sociais. O movimento planejava chamar o povo para protestar no dia em que o governo fizesse a chamada derrama – nome dado à cobrança de impostos – mas não chegou a se concretizar, devido à traição de Joaquim Silvério dos Reis, que se passou por companheiro para denunciar o grupo.
Para mudar, é preciso querer. Em três ocasiões a vontade das ruas alterou momentaneamente o rumo dos acontecimentos, embora os poderosos tenham realizado manobras hábeis para retomar o controle da situação. Das rupturas abertas no Brasil só vingaram as negativas.
E é exatamente por isso que, ao invés de heróis altaneiros, parte da população brasileira se apoia em figuras protetoras como coroneis de barranco e figuras políticas que trocam votos por dentaduras ou uma cirurgia de ligadura de trompas.
Dos despertares da cidadania recorda-se, em 1961, a resistência encabeçada por Leonel Brizola que conseguiu frustrar o golpe de estado tentado pelas mesmas forças que seriam bem-sucedidas mais tarde; em 1984, com a inesquecível campanha das diretas-já, infelizmente desmobilizada depois da rejeição da Emenda Dante de Oliveira, com o poder de decisão voltando para os gabinetes e colégios eleitorais; e em 1992, quando os caras-pintadas foram à luta para forçar o afastamento do presidente Fernando Collor.
Mais recentemente, desde o ano passado, o povo brasileiro “ensaia” ir às ruas contra o atual governo, o que distoa do fato de que, um pouco antes, foi às urnas reeleger a atual presidente. Ao que parece, o povo ainda não tem um objetivo definido, mas vários, pelos quais se mobiliza em cada momento.
A Pátria pode ter muitos heróis. Basta seguir o exemplo de Joaquim José da Silva Xavier. E não precisa chegar ao cadafalso.
Mulher...mãe....apaixonada....webwriter e sócia proprietária do Portal No Amazonas é Assim...E minha história continua ❤
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