Todos os homens utilizando o traje abaixo são sheikhs? Só os catarianos podem usar thobe no Catar? E os expatriados e visitantes? O thobe é a roupa branca longa usada pelos homens do Catar.
Quem são os sheikhs?
Sheikh é um honorífico historicamente associado à Península Arábica (região do Oeste Asiático onde o Catar se encontra), sendo uma posição de prestígio comum da organização social dessas culturas que antecede o Islam, porém que foi aproveitada pela estrutura
Península Arábica
da religião. Antes do Islam, esse título costumava ser oferecido a líderes de aldeias e casas reais com mais de 50 anos, uma vez que a idade está intrinsecamente conectada ao posto. A palavra pode ser inclusive traduzida do árabe (شيخ) como “ancião”, sendo uma função bastante importante para o contorno social dos povos e grupos da época.
Com a expansão islâmica, sheikhs se tornaram também, dentro de algumas ordens religiosas como o Sufi, líderes que tinham a capacidade de transmitir conhecimentos ligados ao Qur’an, em função de serem estudiosos.
Para isso, devem se abster, por exemplo, de mulheres e dinheiro. Hoje, há sheikhs de outros países que não os da Península Arábica e cursos ofertados em universidades religiosas que preparam interessados para ter domínio das leis e interpretações, a fim de guiar os fiéis.
O traje utilizado não é exclusivo de sheikhs, apesar do que diz o senso comum. É, na verdade, uma roupa cultural da região da Península Arábica. A ghutra (o comprido lenço usado na cabeça) junto à túnica é uma vestimenta tradicional que permite aos homens estarem dentro dos padrões recomendados de modéstia segundo a jurisdição islâmica. Os lenços, como tratamos anteriormente, podem ser brancos ou possuir algumas estampas que refletem a aldeia, etnia, povo ou país da pessoa que o usa. Para prendê-lo, usa-se uma fita chamada aqal.
A ghutra presa com aqal
É fato que muitos não o utilizam por diferentes razões, e essa combinação acaba parecendo mais restrita àqueles que estão envolvidos com cúpulas da religião islâmica ou de famílias reais, mas não há uma proibição formal que impeça o povo de usar as mesmas vestes por fazer parte da identidade de sua cultura, por exemplo. Também é interessante como, apesar de haver um senso de abstenção de grandes posses materiais, há ainda uma ideia geral que somente pessoas ricas retém algum direito sobre as peças acima mostradas.
Há, claro, muitos sheikhs que são sim ricos por possuírem uma origem abastada. No entanto, a associação desse cargo estritamente à riqueza é uma generalização grosseira que pode ser resumida em uma palavra: Orientalismo.
O Orientalismo, nesse caso, afasta um público distante desses povos e culturas e dá espaço a Najma (نجمة) discursos que desembocam em piadas, desrespeito e preconceito. Por isso, o correto é sempre procurar, pesquisar e ouvir para combater desinformação.
Fica nosso adendo também que tais vestes não são fantasias ou são típicas de terroristas. Não sejam racistas e xenofóbicos.
ghutra