O tempo passa e a gente sempre nas chuvas lembra da infância. Lembra de como era brincar na rua durante a chuva e tomar banho fingindo que as calhas eram cachoeiras. Dentre as lembranças da infância sempre voltam a alegria de ouvir no horizonte o “tilintar” do triângulo de ferro, todos já sabíamos que tratava-se do “homem do cascalho”.
Corria-se para pegar moedas e garantir a merenda antes que ele cruzasse a nossa porta. Assim foi a infância de muitos manauaras, que como eu, eram e são apaixonados por essa guloseima feita de Farinha de Trigo, Açúcar, Canela ou Mel.
O curioso é que a guloseima ainda existe e pode facilmente ser encontrada nos semáforos de Manaus. Claro que o valor não é mais o simbólico valor de 2 reais para comprar um doce simples que já era consumido por seus pais, avós e bisavós há muito tempo.
Pois é, o cascalho é um ícone que conecta o passado ao presente. O vendedor de cascalho, ou cascalheiro se preferirem, personagem popular que marcou inúmeras gerações, esse está cada vez menos presente nas nossas ruas.
Mas ele continua icônico com seu Chapéu ou boné para se proteger do sol, triângulo e baqueta nas mãos. Na costa, um tubo de flandres, material laminado e estanhado próprio para o acondicionamento de alimentos, que quando cheio com os cascalhos, chega a pesar 10 quilos. Os mais antigos usavam uma camisa branca de tecido leve para melhor enfrentar o calor, calça da mesma forma, chapéu de palha, chinelos ou andavam descalços. Atualmente podemos ver vendedores usando camisa regata e bermuda.
Este é o senhor Henrique que ainda vende cascalho de domingo a domingo para sobreviver. Também disse que vendia algodão doce por encomenda.
Henrique, cascalheiro de Manaus
Quem lembra dos vendedores de cascalho daqui de Manaus?
Nos Anos 90 corríamos de dentro de casa quando escutávamos o barulho do triângulo passando na rua.
“Mãe, por favor compra pra mim?”.
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O cascalho e o cascalheiro resistem à Globalização. Eles fazem nos lembrar de uma Infância Distante onde as Crianças Corriam ao Som do Tilintar do Triângulo. Abaixo um registro em vídeo do seu Justino, um Vendedor de Cascalho em Manaus.
Sou o idealizador do No Amazonas é Assim e um apaixonado pela nossa terra. Gravo vídeos sobre cultura, comunicação digital, turismo e empreendedorismo além de políticas públicas.