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3 anos atrásno
Recentemente, Julia Mello Lotufo, a primeira dama do crime e viúva do miliciano Capitão Adriano Magalhães da Nóbrega, contratou o advogado goiano Demóstenes Torres, apontado pelos pares como um dos mais qualificados do país. No depoimento ao Ministério Público do Rio de Janeiro, ela contou que a ordem para matar a vereadora Marielle Franco partiu do alto-comando da Gardênia Azul. “Um dos chefes da milícia de Gardênia Azul é o ex-vereador Cristiano Girão”, aponta a “Veja”. Mas a revista não crava que ele tenha sido o chefão que deu autorização para matar a política. Mas a viúva teria dado o nome do mandante tanto a amigos quanto ao MP.
É provável que Julia Mello Lotufo esteja dizendo a verdade, mas meras palavras, se não amparadas em provas, não servem para a Justiça julgar e condenar um indivíduo. Servem, isto sim, para a polícia ampliar as investigações, ouvir novas pessoas e apurar diferentes versões em busca de um consenso. Por enquanto, o MP considera que, embora graves, as declarações da viúva ainda não suficientes para levar à prisão do suposto mandante (o que parece configurado é a participação da cúpula dos milicianos do Rio de Janeiro).
A delação premiada só será acertada quando houver documentos que permitam uma investigação mais rigorosa que possa levar o mandante do crime à cadeia. Fica-se com a impressão de que a polícia e o Ministério Público do Rio já sabem quem mandou matar e suas motivações. O que faltam são provas robustas, documentadas, sobre ação do principal articulador dos assassinatos. Polícia e MP sabem que Julia Mello Lotufo não está mentindo, mas precisam de provas cabais.
O assassino de vereadora Marielle e do motorista Anderson, Ronnie Lessa, e seu parceiro no crime, Élcio de Queiroz, já estão presos. Recentemente, duas promotoras, Simone Sibílio e Letícia Emile, deixaram a investigação do caso.
A delação de Julia Mello Lotufo não menciona a questão da rachadinha. Ela disse aos promotores que Adriano era próximo de Fabrício Queiroz, mas “não tinha intimidade com a família Bolsonaro”, registra “Veja”.
A viúva garante que Adriano foi morto como “queima de arquivo”. Ele sabia muito, inclusive sobre um esquema de proteção dado por autoridades.
Julia Mello Lotufo admite que Adriano, do Escritório do Crime, grupo de matadores de aluguel, foi consultado sobre o assassinato de Marielle. Teria se posicionado contra, com receio de sua morte atrapalhar seus negócios ilegais, como de fato atrapalhou.
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