Publicado
3 anos atrásno
Por
Alessandro Nuñes
Após passar cinco horas na Delegacia do Senado e pagar fiança de R$1.100, o ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias foi solto na noite desta quarta, 7. O ex-funcionário da Saúde havia sido preso pela CPI da Covid, no fim da tarde. A ordem partiu do presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), que apontou falso testemunho no depoimento de Dias.
Acusado pelo policial militar Luiz Paulo Dominghetti de pedir propina em negociação para compra de vacinas contra coronavírus, Dias foi pego em contradição ao dizer que o encontro com o homem que tentava vender o imunizante havia sido “acidental”, quando conversas gravadas desmentiram essa versão. O auto de prisão elenca uma lista de 12 contradições do ex-diretor.
Depois de muito tumulto e um racha no grupo majoritário da CPI, conhecido como G7, Dias foi detido pela Polícia Legislativa. “Os áudios que nós temos do Dominghetti são claros”, afirmou Aziz. O presidente da CPI fazia referência a mensagens de voz trocadas entre o policial militar, o coronel Marcelo Blanco, ex-assessor do Ministério da Saúde, e um outro interlocutor chamado Guilherme Filho Odilon, que já falavam na negociação da vacina com Dias. Os áudios foram revelados pela CNN Brasil.
O Código Penal, em seu artigo 342, classifica o crime de perjúrio como o ato de fazer afirmação falsa em investigação como crime punível com reclusão de dois a quatro anos e multa. Para Aziz, Dias cometeu “perjúrio” em seu depoimento ao negar que havia combinado um encontro com o policial militar Luiz Paulo Dominghetti, que o acusou de pedir propina para vender vacinas ao governo.
Omar Aziz reiterou suas declarações na CPI e cobrou Pacheco
Mais tarde, ao se pronunciar no plenário, Aziz cobrou reações de desagravo ao Legislativo por parte do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Aziz se referia à nota que havia sido divulgada pouco antes pelo Ministério da Defesa e pelos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, chamando de “levianas” suas declarações sobre o “lado podre” das Forças Armadas. O senador afirmou que foi “bastante moderado” nas críticas e também “pontual”, ao contrário do que alegaram a Defesa e os comandantes. O presidente da CPI destacou ter atuado contra a ditadura militar, nos anos 1970 e 1980, e disse que sempre defendeu a liberdade de expressão.
“A nota é muito desproporcional. Vossa Excelência, como presidente do Senado, deveria dizer isso no seu discurso. Eu sou um membro desta Casa. Vossa Excelência deveria dizer: ‘A nota é desproporcional, eu não aceito que intimide um senador da República. Era isso que eu esperava. Meus respeitos aos grandes brasileiros que fazem parte das Forças Armadas e meu desrespeito total àqueles que estão envolvidos com falcatruas”, protestou Aziz. “Podem fazer 50 notas contra mim, só não me intimidem, porque, quando estão me intimidando, presidente (Pacheco), Vossa Excelência não falou isto, estão intimidando esta Casa aqui. Vossa Excelência não se referiu à intimidação que foi feita pela nota das Forças Armadas.”
O presidente da CPI disse que tem boa relação com militares e voltou a enumerar as suspeitas sobre oficiais superiores e generais. “Não se falava um ai das Forças Armadas, e hoje um ex-sargento da Aeronáutica foi depor e foi preso, porque mentiu. Foi o que pediu US$1 por vacina, presidente. O Coronel Elcio (Franco, ex-secretário executivo do Ministério da Saúde), que está lá hoje, foi o homem da Covaxin. Há até vários pedidos para convocar o ministro da Defesa, Braga Netto, que não pautei nenhuma vez, porque não entendo que o ministro Braga Netto poderia contribuir na investigação. Do general Ramos, está lá, há vários pedidos, e, em respeito às Forças Armadas, não convoquei.”
Sem se solidarizar com o senador, Pacheco havia feito minutos antes um discurso com tentativa de pacificar e disse que o Senado respeita as Forças Armadas, o que irritou Aziz. Ele disse que não sabia da declaração do presidente da CPI durante o interrogatório nesta quarta-feira.
“Quero aqui, em nome do Senado Federal, render o meu mais profundo respeito às Forças Armadas – ao Exército, à Marinha e à Aeronáutica –, cuja previsão constitucional haverá de ser sempre observada por todos nós e tenho absoluta convicção de que é aquilo que todos os senadores e todas as senadoras, inclusive o senador Omar Aziz, pensam em relação às Forças Armadas, da sua importância, do seu significado, da sua importância para a sociedade e da sua previsão constitucional, que deve ser sempre ratificada e observada. Portanto, aqui gostaria de deixar esse registro de respeito, insisto, às Forças Armadas do Brasil, para que não paire a mais mínima dúvida em relação ao que é o sentimento do Senado da República em relação às nossas Forças Armadas.”
Criador de conteúdo, Editor de Vídeos e as vezes comediante Um amante da fotografia e vídeos cômicos Criando a vida dos meus sonhos um dia de cada vez Você não sabe o quanto eu caminhei… Para chegar até aqui…