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11 meses atrásno
O tubarão, conhecido como um dos predadores mais temidos nos oceanos, surpreende ao ser avistado em rios da Amazônia, desafiando a imagem tradicionalmente associada a esse feroz habitante marinho. O tubarão touro, em particular, foi identificado em pontos onde os rios amazônicos desaguam no oceano Atlântico.
Em uma região onde as águas escuras e barrentas já geram apreensão, a notícia de que um dos maiores predadores marinhos pode ser encontrado em água doce amplifica o receio. Conversamos com a doutora em Ecologia e Evolução pela Universidade do Arizona e curadora da Coleção de Peixes do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Lucia Rapp, para compreender melhor essa incrível adaptação.
Lucia Rapp confirmou que, embora seja raro, é possível encontrar tubarões circulando em água doce. Muitas espécies marinhas, não limitadas aos tubarões, são atraídas para os estuários, áreas onde os rios encontram o mar, e passam parte de suas vidas em ambientes de água doce.
O estuário do Rio Amazonas, com suas dimensões continentais e volume impressionante de água doce e nutrientes, proporciona um ambiente único. A “pluma do Amazonas”, como é conhecida essa vasta área de influência do rio sobre o mar, abriga diversas espécies, incluindo tubarões. Das mais de 200 espécies de peixes cartilaginosos, cerca de 40 foram registradas em águas doces.
Mas como esses tubarões conseguem sobreviver em águas doces? Lucia Rapp explica que, embora os tubarões sejam peixes altamente adaptados para a vida em águas salgadas, algumas espécies conseguem circular facilmente entre o mar e a água doce. Seu sangue, normalmente tão salgado quanto a água do mar, torna-se “bem menos salgado” em água doce. Esses peixes precisam eliminar o excesso de sal por meio de uma glândula na região do intestino, conhecida como glândula retal.
Os registros de tubarões na Amazônia são escassos, muitas vezes limitados a relatos não fundamentados de pescadores. Lucia Rapp destaca que a entrada desses predadores nas águas doces pode estar relacionada à busca por alimento, reprodução e, em alguns casos, a vantagem competitiva proporcionada pela ausência de predadores. O “stress fisiológico” desencadeado pela transição para águas doces pode estimular a reprodução, sendo observado o amadurecimento das gônadas nesses peixes.
Sou o idealizador do No Amazonas é Assim e um apaixonado pela nossa terra. Gravo vídeos sobre cultura, comunicação digital, turismo e empreendedorismo além de políticas públicas.
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