Em mensagem trocada com Deltan Dallagnol, então coordenador da força-tarefa do Ministério Público Federal no Paraná, Sergio Moro usou um emoji para expressar sua felicidade quando soube que os procuradores protocolariam o que seria, à época, a quarta denúncia da Lava Jato – a terceira em Curitiba – contra o ex-presidente.
Além do emoji, Moro escreveu “um bom dia afinal”, confirmando sua alegria em ver Lula denunciado mais uma vez. Hoje, Moro é alvo de uma ação no Supremo Tribunal Federal em que a defesa de Lula contesta sua imparcialidade. O julgamento da suspeição de Moro está parada por um pedido de vistas do ministro Gilmar Mendes, que prometeu retomar o debate a partir deste mês.
A mensagem de Moro a Dallagnol foi enviada em 14 de dezembro de 2016. No dia seguinte, a Lava Jato em Curitiba, de fato, denunciou Lula por suposta corrupção envolvendo um terreno que a Odebrecht ofereceu, mas que nunca foi usado para a instalação do Instituto Lula, e um apartamento que pertence ao empresário Glaucos da Costamarques, vizinho ao imóvel que foi sido utilizado pela família de Lula em São Bernardo do Campo.
Moro aceitou a denúncia contra Lula e instruiu todo o processo, mas o caso hoje aguarda sentença por parte do novo juiz da Lava Jato em Curitiba, Luiz Antonio Bonat.
Nesta segunda (1), o ministro Ricardo Lewandowski levantou o sigilo de mensagens hackeadas da Lava Jato que foram obtidas pela Operação Spoofing. O material confirma que Moro ajudava o MPF a construir a ação contra o ex-presidente, dava dicas de procedimentos para acelerar a tramitação das ações penais, orientou os procuradores a buscar ajuda dos Estados Unidos, entre outras ações incompatíveis com a equidistância que um magistrado deve ter da acusação.