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Manaus, AM, domingo, 22 de dezembro de 2024

Lendas Urbanas

Amazonenses esperam noites de Cruviana

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A presença da Cruviana é inicialmente percebida como uma agradável e amena brisa que vai se ampliando e dominando o ambiente na forma de um intenso “frio ou friagem”, úmido e penetrante. A Cruviana dura toda a noite e desaparece ao amanhecer.

Na Amazônia, a Cruviana é associada à lendas e contos fantásticos. Conta-se, por exemplo, que ela corresponde a história da Deusa do Vento que chega em forma de tornado fazendo com que homens e mulheres acordem de suas vidas cotidianas e percebam a singularidade da vida.

Outra versão diz nas tardes muito chuvosas e frias, uma jovem viúva falecida há muito tempo, saía pelas ruas à procura do amado marido morto e, se algum homem estivesse fora de casa neste momento, e por ela fosse olhado, ficaria tão apaixonado por sua beleza que padeceria o resto da vida com os olhos perdidos, sem dizer nenhuma palavra em estado vegetativo.

Existe ainda a lenda que conta ser a Cruviana uma velha de inúmeras verrugas, terrivelmente fantasiada de ventania, que rouba para longe os curumins.

Para  as equipes de exploração mineral da Amazônia, constantemente acampados nas beiras de igarapés, a Cruviana representa quedas acentuadas da temperatura, em noites frias e úmidas, em contraste com os dias quentes, claros e sem chuvas do verão. A sua intensidade, entretanto, é variável e, consequentemente, também os seus reflexos. A Cruviana intercala noites agradáveis com um clima relaxante com períodos de um frio inquietante, envolvente e quase impossível de se combater.

Certa vez, ao final da tarde, os peões estavam reunidos na pracinha do acampamento conversavam enquanto jogavam dominó. A Cruviana já começava a se mostrar através de uma aragem fria e ainda agradável. Isso era motivo para constantes observações do tipo: “A Cruviana vem chegando”; “Hoje ela vem forte” ou “Quando ela vem assim tão forte, não tem peão que resista”.

Em um barraco, ao lado da pracinha, um peão recém contratado, um típico orelha-seca, ouvia tudo de maneira atenta e inquieta. Em um instante, não resistiu e pediu, com olhar de medo, ao grupo de veteranos: “Por favor, me explique como é esse bicho que vocês falam tanto e que parece que está chegando..”. Após muitas risadas, o grupo veterano elegeu um novo e natural apelido para o peão: Cruviana.

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Conheça a Cruviana

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