Após compartilhar fotos vestindo roupas tradicionais de Candomblé pela primeira vez em suas redes sociais, a cantora Anitta sofreu diversos ataques à sua fé, entrando para a triste e extensa lista de brasileiros que já foram vítimas de intolerância religiosa. Há oito anos a artista frequenta um terreiro localizado em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
“Tá explicado essa fama toda“, escreveu um usuário. “Na hora da salvação vamos ver se o pai de santo dela vai vir salvar ela“, disse outro.
De acordo com dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH), no primeiro semestre de 2020 as denúncias de casos relacionados à intolerância religiosa pelo Disque 100 aumentaram 41,2%, quando comparadas ao mesmo período de 2019.
Só no Estado de São Paulo, o número de denúncias registradas pela Ouvidoria da Secretaria Estadual da Justiça de São Paulo entre janeiro e julho deste ano cresceu 24,5%, em comparação com o mesmo período de 2020. A maior parcela das vítimas faz parte de religiões de matriz africanas, como o Candomblé e a Umbanda.
Na opinião de Hédio Silva Júnior, Coordenador Executivo do Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-brasileiras, o aumento de denúncias pode estar relacionado a dois fatores: o aumento da consciência de direitos entre as lideranças afro-religiosas e o atual cenário de intolerância na sociedade brasileira.
A Lei 9.459, de 1997, considera crime a prática de discriminação ou preconceito contra religiões. Sendo assim, Anitta pode processar os autores das mensagens de ódio em seu perfil no Instagram. Até o momento, a artista não se manifestou sobre o assunto, se irá ou não entrar na justiça contra os agressores.
Contudo, o simples ato de publicar uma foto ao lado de seu pai de santo num país tão preconceituoso e intolerante já é um grande feito, cujo impacto é perceptível quase imediatamente.