Publicado
8 anos atrásno
Por
Jussara Melo
Na Floresta Amazônica existem clareiras misteriosas que contrastam com a diversidade da vegetação, porque nelas só cresce praticamente uma única espécie de árvore, esses lugares são os chamados “jardins do diabo” onde, segundo a lenda, na região, habitariam espíritos malignos da floresta.
A árvore, em questão, é a duroia (Duroia hirsuta), de acordo com os nativos, é a favorita dos seres sobrenaturais.
À noite, segundo as lendas, eles limpariam as ervas daninhas do jardim e evitariam que qualquer outra planta no local cresça. Assim, ninguém se atreve a entrar nessas áreas após o pôr-do-sol.
Porém, os cientistas encontraram outra explicação para o fenômeno inusitado, quase tão fascinante quanto a versão dos habitantes da floresta.
As hastes das folhas das árvores têm inchaços por onde entram e saem pequenas formigas Myrmelachista schumanni. Essas câmaras são seu habitat, desenvolvido especialmente para elas pelas árvores. Salvas de predadores, as formigas guardam nelas seus ovos e larvas. Elas possuem ainda com um armário de mantimentos: se alimentam do líquido doce de outros pequenos insetos.
A hospedagem também beneficia a árvore nessa curiosa simbiose, uma vez que as formigas oferecem um serviço valioso: protegê-la de seus inimigos.
Os insetos se alimentam de maneira geral de folhas de plantas, quando conseguem, pois as duroias são protegidas por um exército peculiar. Isso também vale para os insetos de grande porte – alguns chegam a ser milhares de vezes maior do que as formigas. Diante do ‘invasor’, esses soldados minúsculos adotam uma estratégia: identificam seu ponto fraco e atacam, até que ele se renda.
Mas as formigas não se encarregam apenas de repelir animais que podem trazer danos à árvore. Talvez o mais surpreendente é que mantêm afastadas também plantas que competem com ela. Regularmente, pelotões de formigas deixam seus quartéis para patrulhar a vizinhança.
Quando se deparam com um broto novo, se é da família de seu hospedeiro, deixam-no em paz. Mas se é um intruso, o ataque começa mordendo seus ramos, ferindo a planta constantemente, até que ela comece a murchar. As formigas também injetam ácido fórmico nas feridas da vítima. O veneno se espalha por meio dos tecidos, acelerando a morte.
O ácido fórmico é um herbicida orgânico que os seres humanos usam para conservar alimentos, enquanto as urtigas e formigas o utilizam como urticante. O sabor deste ácido inspirou o nome popular das aguerridas Myrmelachista schumanni: formigas-limão.
Com a morte dos intrusos, as formigas ampliam seu jardim. Essa técnica drástica de jardinagem traz benefícios tanto para a árvore quanto para as formigas. Ao assegurar a seu anfitrião mais espaço para expandir sem competição, as formigas garantem também mais moradias para que possam se reproduzir e aumentar seus exércitos.
A colônia no campo pede medir 1.300 metros quadrados formada por cerca de três milhões de formigas operárias e 15.000 rainhas, em alguns casos.
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